terça-feira, 30 de setembro de 2008

Educação Especial: só para "deficientes"

Não tenho por hábito debruçar-me sobre os problemas que vão surgindo no decurso da minha actividade enquanto docente de Educação Especial, sobretudo quando envolve casos de alunos.
Mas, hoje, saí da escola revoltado e frustrado! Ficou claro que, no âmbito do Decreto-Lei n.º 3/2008, apenas os alunos catalogados de "deficientes" podem ser abrangidos pelas medidas aí contempladas. Já desconfiava, mas...
No decurso do processo de monitorização dos processos de alunos com NEE, por parte da Equipa de Apoio às Escolas, deparámo-nos com um caso que, no entendimento dos docentes do Departamento de Educação Especial, é demasiado evidente. Tão evidente que não houve necessidade de recolha de mais informação!
Trata-se de um aluno que frequenta o 9º ano, a atingir a maioridade, que desenvolve competências académicas correspondentes a um 2º/3º ano (sim, 2º/3º ano de escolaridade!), que tem beneficiado de Currículo Alternativo desde o 5º ano. Actualmente encontra-se a beneficiar de Currícluo Específico Individual. Ao nível da actividade e participação, apresenta dificuldades graves na leitura, na escrita, em calcular, em resolver problemas... Foi elaborado o relatório circunstanciado de final de ano que sistematiza toda esta informação, excepto a referente às funções do corpo. Este relatório recebeu o parecer favorável do Conselho de Turma e do Encarregado de Educação, foi aprovado pelo Conselho Pedagógico e homologado pelo Conselho Executivo.
No entanto, não há nenhum documento clínico (médico ou psicológico) que caracterize o aluno como "deficiente". Existe apenas um parecer psicológico.
Perante esta situação, a Equipa de Apoio às Escolas excluiu o aluno, não o contemplando no relatório a enviar a respectiva DRE, sugerindo que o caso seja assumido pelo Conselho Executivo e se proceda a nova reavaliação.
Meus amigos, alunos para os apoios especializados de Educação Especial, só os DEFICIENTES!!
E os outros casos?! Pois... são outros casos....

Faltam 18 milhões de professores primários em todo o Mundo

Baixos salários, salas de aula superlotadas e formação inadequada são alguns dos problemas que afectam os professores, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Esta organização estima serem necessários mais 18 milhões de docentes para se atingir o objectivo da educação primária universal até 2015.
A escassez é particularmente grave em África, onde são precisos mais 3,8 milhões de docentes para atingir esse objectivo".
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a falta de docentes em países como o Ruanda e Moçambique significa que as turmas atingem cerca de 60 alunos. A qualidade da educação decresce em salas de aula com mais de 40 estudantes.
"Esta escassez de professores qualificados é um dos maiores desafios para alcançar os objectivos da Educação para Todos", salienta o director-geral da UNESCO, Koïchiro Matsuura, numa mensagem a propósito do Dia Mundial do Professor, que se assinala a cinco de Outubro.
Mas a quantidade, garante a UNESCO, não é o único problema, já que a formação insuficiente é outra deficiência grave. Para melhorar a situação, apenas políticas coerentes podem promover a contratação de professores em número suficiente, garantir o seu estatuto e providenciar formação adequada.
JN Online

«Professores que sofrem»: quem trata da educação especial?

Esta é a história de um vazio legal que coloca muitos em sofrimento. Professores especializados que não encontram colocação, ainda para mais numa área tão específica como a Educação Especial. Continua por resolver o caso dos docentes com pós-graduação em Necessidades Educativas Especiais com menos de cinco anos de experiência (1825 dias de serviço obrigatórios).
Sofia Barcelos é apenas um caso. Um dos muitos testemunhos recolhidos pelo PortugalDiário para retratar o sofrimento de quem está no desemprego, mesmo sabendo que os seus conhecimentos são mais do que necessários.
«Em 2005-06 decidi investir todo o meu subsídio de desemprego na pós-graduação. Estudei com colegas que saíram especializados, sendo que a pós-graduação teve os mesmos conteúdos, o mesmo programa e a mesma exigência, que a dita especialização. Todos fizemos defesa de monografia, mas os colegas com especialização diferenciam-se apenas pelos cinco anos de serviço, anteriores à formação», contou.
Na última colocação directa a nível nacional, anunciada a 28 de Agosto, surgiu a confirmação: «Nas listas definitivas de ordenação encontram-se candidatos em situação semelhante à minha, ou seja, candidatos cujo denominador comum é a habilitação pedagógica e científica para a Educação Especial que não é reconhecida como formação especializada devido ao ponto 2 do artigo 4 do Decreto-Lei 95/97».
Sofia não entende por que é que as regras são diferentes a nível nacional e local. «Porque motivo sou contratada em Contratação de Escola e sou excluída do concurso nacional, sendo que os requisitos legais da habilitação para a docência são exactamente os mesmos?», questiona, não compreendendo esta estranha diferença entre colegas: «A escola pública não é a mesma? O perfil de professor não é o mesmo? O desempenho profissional não é o mesmo?»
Dois pesos e duas medidas
Aos 31 anos, Sofia soma quatro anos de trabalho, «mas pouco mais de um ano e meio de tempo de serviço efectivo», encontrando-se agora desempregada. Recorda-se que, no ano passado, foram colocados cerca de 200 professores sem formação para acompanhar crianças e jovens com autismo, paralisia cerebral ou deficiência mental, precisamente devido a esse vazio legal, que levou o Ministério da Educação (ME) a concluir que havia falta de docentes especializados. Depois destes terem sido excluídos, o ME ficou com lugares vagos que teve de ocupar com colegas de outras áreas (Electrotecnia e Ciências Agrárias, por exemplo?)
«Em Novembro, o Ministério prometeu resolver a situação, mas nada fez. Agora, 95% das pessoas na minha situação estão no desemprego», frisou, tentando resistir a uma situação que espera levar até às portas da ministra, num protesto nacional a realizar esta terça-feira. «Há colegas com muito menos anos de serviço que, por não terem sido denunciados, já foram colocados este ano e por isso vão ter regalias que eu não vou ter», contou.
«Existem dois pesos e duas medidas», dado que estes professores com menos de cinco anos de experiência podem ser contratados por concurso de escola, mas não a nível nacional. «Qual é a diferença? Não compreendo», desabafa, sabendo que na oferta de escola não tem direito a ADSE.
«Desde o ano lectivo 2007/08, há professores colocados na Educação Especial administrativamente pelo ME sem qualquer preparação científica nessa área e, simultaneamente, há Professores habilitados em E.E. que foram excluídos e não estão colocados em nenhuma das modalidades de Concurso para a Escola Pública», referiu.
Para além do desemprego, o que mais dói é a situação de impotência, quando crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) continuam à espera de ajuda: «Os pais e encarregados de educação das nossas crianças e jovens com NEE preferem professores habilitados cientificamente do que professores sem qualquer preparação científica nesta área e sem qualquer vontade para leccionarem neste grupo».

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Método ABA para autistas chega a Portugal


O primeiro centro para crianças autistas a aplicar o método ABA em Portugal abre hoje, em Almada. O método ABA (Applied Behavioural Analysis ou Análise Comportamental Aplicada, em português) é uma abordagem que já é utilizada há décadas nos Estados Unidos, com raízes no trabalho de Ivan Lovaas.

Carlos França, promotor do projecto e pai de um jovem autista, foi aos EUA "procurar soluções" para o filho, contactou com o método ABA e trouxe o projecto para Portugal.

Estima-se que existam em Portugal 65 mil autistas e o diagnóstico de perturbações neste espectro tem vindo a aumentar. Para Carlos França, o objectivo do centro ABCReal "é a integração destas pessoas na sociedade", diz. "Nos 21 anos de aplicação deste método chegou-se à conclusão de que 40% das crianças podem depois passar para o ensino normal, em igualdade de circunstâncias com os seus pares. É um resultado sem paralelo."

No entanto, existem muitos preconceitos sobre este método em Portugal, refere. "É conhecido como o método das gomas e da punição, mas não é nada disso, usa-se o reforço positivo."

Glenys Benson, psicóloga norte-americana que trabalha há mais de 30 anos com crianças autistas, começou a carreira no fim dos anos 70 a usar ABA. Actualmente, não vê o método com bons olhos. "Os pais ficam geralmente entusiasmados com esta abordagem porque vêem a criança adquirir competências que não tinha antes. Mas as perturbações no espectro do autismo são deficiências de comunicação e sociais. Como é que alguém aprende a socializar e comunicar quando são aplicados tratamentos num formato muito pavloviano? As crianças aprendem a ser tipo robôs."

Para a especialista, "o problema é que, embora a criança adquira competências, não adquire as necessárias para superar os seus défices". Por isso, defende outros métodos e a integração. "Eles precisam de aprender a comunicar e a socializar. Precisam de ser incluídos", diz.

Piedade Monteiro, presidente da Associação Portuguesa da Síndrome de Asperger, confessa que a organização "não partilha a mesma filosofia". "A nossa associação nasceu para integrar", conclui. Mas integrar as crianças com perturbações no espectro do autismo no ensino regular geralmente não é fácil, reconhece.

Isabel Cottineli Telmo, presidente da Federação Portuguesa do Autismo, também defende a integração. "O meu filho, agora com 44 anos, foi o primeiro aluno com autismo a entrar numa escola regular. Foi uma luta", recorda. "Defendo que as crianças têm de estar no ensino regular mas com condições. Com as unidades de ensino estruturado as crianças têm a sua turma e uma sala que funciona como apoio para as suas dificuldades."

Carlos França é crítico em relação ao ensino estruturado. "É uma solução barata para ter estas crianças nas escolas. As salas de ensino estruturado são muitas vezes um depósito, salinhas dos horrores", diz. "É esse tipo de resposta que existe nas nossas escolas e há poucos bons exemplos."

Docentes com 'Regular' ou 'Insuficiente' são percentagem "insignificante"

Sete por cento dos cerca de 12 mil professores que foram avaliados no ano lectivo de 2007/08 obtiveram a classificação de 'Muito Bom' ou 'Excelente', anunciou hoje o Ministério da Educação (ME).
Em comunicado, a tutela indica ainda que "o grupo de docentes com a classificação 'Regular' ou 'Insuficiente' representa uma percentagem insignificante", sem adiantar mais pormenores.
A avaliação de desempenho docente avançou no ano passado para os professores contratados e dos quadros em condições de progredir na carreira, que constituiam, no total, cerca de sete mil.
A agência Lusa contactou o ME para obter mais esclarecimentos, mas a tutela remeteu quaisquer comentários para mais tarde.
Aos professores avaliados foi aplicado um regime simplificado acordado entre a tutela e os sindicatos do sector, que previa uma avaliação baseada unicamente em quatro critérios: ficha de auto-avaliação, nível de assiduidade, cumprimento do serviço distribuido e acções de formação.
Estes parâmetros foram aplicados de forma universal em todas as escolas.
Por outro lado, as classificações de 'Regular' e 'Insuficiente' atribuídas em 2007/08 ou durante este ano lectivo terão de ser confirmadas com nova avaliação, antes dos docentes sofrerem os efeitos penalizadores previstos.
A atribuição das notas mais elevadas está condicionada à existência de quotas, definidas em cada escola, em função da classificação obtida pelos estabelecimentos de ensino na avaliação externa.
Por exemplo, no caso de uma escola que tenha obtido a nota máxima nos cinco domínios que compoem a avaliação externa, poderá ser atribuído um máximo de 10 por cento de 'Excelente' e 25 por cento de classificações de 'Muito Bom'.
Na pior das hipóteses, as escolas cujos resultados na avaliação externa sejam diferentes dos previstos, bem como as que não foram objecto de avaliação, poderão aplicar um máximo de 5 por cento de "Excelente" e 20 por cento de "Muito Bom".
Expresso Online

Escola em Almada estreia método norte-americano que prepara crianças para o ensino regular


Dez crianças autistas portuguesas vão estrear hoje numa escola em Almada um método norte-americano de Análise Comportamental Aplicada, que lhes dá as ferramentas necessárias para entrarem no ensino regular.

A ABC Real Portuguesa nasceu da procura de respostas de um grupo de pais, que acabaram por as descobrir em Sacramento, no estado norte-americano da Califórnia. Sérgio Baptista, Carlos França, Albertina Marçal e uma equipa de técnicos portugueses visitaram a sede da ABC Real, uma escola percursora na aplicação do método desde 1987, e importaram-na para Portugal.

A preparação intensiva e individualizada durante dois a três anos faz com que 40 por cento das crianças percam as características autistas, explicou à Lusa o presidente da escola 'mãe', Joseph E. Morrow.

A factura de mil euros mensais afastou alguns interessados desta experiência piloto, mas ainda assim este custo fica muito aquém do valor real: a escola norte-americana não cobra pelos seus serviços fora da Califórnia e o Colégio Campo de Flores, onde funcionará a escola, cede gratuitamente uma sala, disse Carlos França.

A primeira escola com este método na Europa continental vai juntar 10 famílias, oriundas de vários pontos do país, tendo uma delas trocado Coimbra pela Sobreda da Caparica. Todas as crianças autistas têm problemas de comunicação e metade não verbaliza. Por isso, o método norte-americano começa por ensinar aos mais novos a pedirem aquilo que querem e necessitam para mais tarde integrá-los no ensino regular.

Dados norte-americanos indicam que em cada 160 crianças que nascem uma sofre de um espectro de autismo.

Conselho alerta para o risco de a avaliação ser "irrelevante"

"O Conselho considera que, a par das oportunidade que se abrem, como é próprio dos processos de mudança, se corre o risco de a avalição se constituir num acto irrelevante para o desenvolvimento profissional dos docentes, sem impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos que conviria evitar desde o início".
O alerta não consta de um comunicado emitido por um sindicato de professores, mas dos "Princípios orientadores sobre a organização do processo de avaliação do desempenho docente", documento produzido pelo Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP), criado e tutelado pelo Ministério da Educação.
O Conselho alerta para os riscos da burocratização excessiva e recomenda às escolas que organizem "um dispositivo de avaliação congruente com o projecto educativo e o plano de actividades das escolas".
O problema é que muitas escolas ainda não alteraram os seus projectos educativos a partir dos quais serão definidos os objectivos individuais dos docentes, garante João Grancho. "Já perdemos muito tempo no braço de ferro sobre a aplicação do modelo no ano lectivo anterior", lamenta o presidente da ANP, considerando que a insistência do Ministério da Educação "em queimar etapas" só prejudicará avaliadores e avaliados.
O CCAP recomenda às escolas que durante este ano lectivo, aprofundem "os instrumentos de monitorização das aprendizagens, de forma a consolidar uma cultura de avaliação e estar em condições de interpretar os indicadores de resultados escolares".

Escolas querem notas dos alunos fora da avaliação

Há escolas que se preparam para pedir a suspensão do parâmetro referente aos resultados dos alunos na avaliação de desempenho, com base num documento produzido pelo Conselho Científico para a Avaliação de Professores.
Uma escola de Vila Real poderá enviar para o Ministério da Educação um abaixo-assinado defendendo a suspensão do parâmetro B (resultados escolares). No Estoril há outra. Há também um caso, na região Centro, cujo Conselho Pedagógico se recusou a aprovar os instrumentos de avaliação e os professores, em reunião geral, se preparam para pedir a suspensão do processo.
Os sindicatos não identificam os estabelecimentos para não os sujeitarem a "pressões antecipadas" da tutela.
"Quando os professores perceberem que o seu esforço é inglório e que a avaliação - da qual depende a sua progressão na carreira - resulta de uma apreciação subjectiva reagirão de forma consistente e nacional. Não tenho dúvidas", insistiu.
No "mail verde" que criou para acompanhamento do processo, a Fenprof já recebeu mais de 500 queixas, em quatro meses. "E a procissão vai no adro", comenta ao JN Mário Nogueira.
"Há escolas que definiram metas de sucesso, por exemplo de 80%, e se o professor não a cumpre é penalizado na avaliação. É inaceitável", afirma o secretário-geral da Fenprof, que tal como a FNE e o Sindep recusam, liminarmente, que os resultados dos alunos façam parte dos parâmetros de avaliação de desempenho.
O CCAP recomenda que os resultados sejam "uma responsabilidade partilhada pela escola e pelo docente". Já a Associação Nacional de Professores, não discorda com o princípio desde que não se focalize nas notas. "Há testes padronizados aplicados aos alunos, muito usados nos EUA" que podem medir "a evolução da aquisição de conhecimentos", defendeu João Grancho. O problema, insistiu, "é que as escolas ainda não têm uma cultura de avaliação. É preciso tempo e formação, que não se centre na divulgação do diploma legal, mas na organização prática do processo" .

domingo, 28 de setembro de 2008

A inevitável convivência com as máquinas

O psicólogo norte-americano Burrhus Skinner defendia, nos anos 40, a ideia de que os professores deviam ser substituídos por máquinas de ensinar. Movia-o a convicção de que a relação de afectividade estabelecida na sala de aula afastava a atenção dos alunos do objecto de ensino. Acreditava que, sem distracções, os estudantes garantiriam melhores resultados.
À luz dos nossos dias, a proposta é, no mínimo, bizarra. Hoje, na era do "Magalhães", das máquinas de calcular, dos quadros interactivos, a questão que preocupa pais e educadores é, precisamente, a inversa: Poderá o uso excessivo de tecnologia comprometer o processo de aprendizagem? Estará a aquisição das competências clássicas, asseguradas pelo ensino tradicional, perdida para o facilitismo do uso das novas tecnologias?
Jorge Santos, docente do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade do Minho, desmistifica "medos, fantasias e divagações" que enformam discursos exagerados sobre os efeitos nefastos do uso da tecnologia em geral. "Fragmenta o Mundo, mas comparado com meios mais clássicos não deixa de ser uma plataforma mais interessante do ponto de vista da aprendizagem", considera. O resultado do uso do computador "está muito mais próximo da aprendizagem e do desenvolvimento do raciocínio cognitivo do que uma situação de crianças e adultos sentados a ver televisão".
Oque assustará os mais cépticos será, porventura, a percepção do imenso poder das máquinas. "Os computadores são meios que influenciam a maneira de ver e de viver o Mundo", considera Albertino Gonçalves, investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. Sem dramatizar, o sociólogo lembra como, no passado, a sociedade mudou radicalmente a forma de raciocinar e de sentir, primeiro a reboque da hegemonia da Imprensa enquanto meio de comunicação, depois pela entrada da televisão e do cinema na vida das pessoas.
O uso das tecnologias torna os jovens mais competentes ou mais limitados? A resposta não é linear. Ganham-se novas competências, perdem-se outras. Caminhamos, quase que por evolução natural, para a imposição da mentalidade pós-moderna, do transitório, do instantâneo, do labiríntico, do emocional. Nada que seja intrinsecamente prejudicial, antes evolutivo.
Os computadores, a navegação pela Internet e a participação em jogos amigáveis aguçam a intuição, desenvolvem a inteligência, a emotividade e a capacidade de participação. Já o raciocínio linear e abstracto ficam menos favorecidos, considera, ainda, Albertino Gonçalves. "O uso inadequado do computador na sala de aula, pode ter um efeito perverso", adverte. "Os alunos podem pensar que não é preciso esforço e que bastará um clique para cumprirem determinado objectivo, que não têm de perder tempo e esforço a pensar e a planear".
Para Clarinda Leite, coordenadora do Grupo de Ciências de Educação da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, a introdução das novas tecnologias da informação nas salas de aula é incontornável. A escola não pode viver à margem da sociedade. "Não se pode ignorar que o acesso à informação, apenas com suporte documental e físico não chega", diz, lembrando que há muito que o papel da escola deixou de ser, exclusivamente, o de reprodutora de conhecimento. Os estudantes são, hoje, convidados a "aprender a aprender". O desafio está não só do lado dos jovens, mas também dos professores.
"Os alunos quando estão frente a um computador e abrem um site, nunca estão perante uma só informação, mas ante uma orquestra de informações", reconhece Albertino Gonçalves. "É como se vinte professores falassem ao mesmo tempo". O conceito do "estar atento" terá, também, mudado completamente, estima o docente da Universidade do Minho. Na era do Messenger, do Hi5, dos fóruns e dos chats como se afere a atenção de um aluno silencioso atrás de um monitor?
Os professores deverão responder com o recurso a métodos pedagógicos que orientem a navegação na Internet e o uso de computadores. "As actividades devem ser muito orientadas e bem planificadas", explica Lurdes Lima, professora de matemática do Terceiro Ciclo e do Secundário e autora de uma tese de doutoramento sobre a utilização de webquest no ensino. O uso da máquina calculadora, por exemplo, não elimina o cálculo mental. "Se há uma raciocínio mais elaborado, com cálculos mais demorados, como a distância entre dois planetas, os alunos têm de utilizar a calculadora", adianta. "Mas têm de utilizar o cálculo mental obrigatoriamente, para desenvolver o raciocínio correcto".
O mesmo princípio aplica-se à utilização dos computadores e da Internet. "Os alunos têm de apresentar um produto, o resultado de todo um processo", assegura. As competências de raciocínio e de cálculo estão salvaguardadas. "Se não souberem fazer determinado problema, não adianta o computador".
Uma das conclusões do trabalho de investigação de Lurdes Lima aponta para a necessidade dos professores orientarem a aula no sentido de limitar a liberdade dos alunos para explorarem o computador sem supervisão.
Clarinda Leite acrescenta o desenvolvimento da autonomia, do sentido crítico e a integração numa comunidade de aprendizagem como outras das vantagens da utilização das novas tecnologias num ambiente de aula. A professora catedrática da Faculdade de Psicologia do Porto defende, também, uma "independência supervisionada" dos alunos. "Os professores não devem propor aos estudantes o simples cumprimento de uma instrução", considera. Não se pense que a utilização das máquinas motiva o isolamento dos jovens. "A adesão às tecnologias potencia a interacção e a troca de opiniões", garante Clarinda Leite, baseada na experiência da docência universitária com recurso às plataformas de aprendizagem on-line.
Jorge Sousa, optimista confesso das tecnologias de informação e de comunicação, antevê para breve grandes alterações na relação com os computadores. "Caminhamos para a utilização de interfaces que usam os movimentos que as pessoas fazem", considera. "E a tendência desta tecnologia é a de aproximar ainda mais o Homem e a máquina".
Folhear um livro num ecrã de computador, seleccionar um objecto colocando um dedo em cima da imagem tornará a interacção com as máquinas cada vez mais fácil, cada vez mais incontornável e democratizará o acesso às novas tecnologias. A ser assim, os jovens não estarão a perder competências devido ao uso excessivo de novas tecnologias. Estarão antes a preparar-se para a inevitável convivência com as máquinas.

RANKINGS E XANAX

Recebi por mail este texto de Daniel Oliveira, publicado no Expresso. Penso que, de forma perspicaz e sucinta, refere as consequências das actuais medidas educativas.
Esta semana evite a companhia de professores. Falar com qualquer um deles pode deixá-lo em mau estado. Vivem, nos dias que correm, em depressão colectiva. A sucessão de reformas, contra-reformas e contra-contra-reformas, a destruição do que se foi fazendo de bom - do ensino especial ao ensino artístico -, a incompetência desta equipa ministerial e o linchamento público de uma classe inteira tem os resultados à vista: as aulas recomeçam com professores tão motivados como um vegetariano perante um bife na pedra.
Sabem que os espera apenas uma novidade: a avaliação do seu desempenho. E é, ao que parece, tudo o que interessa a toda a gente: a avaliação dos professores, a avaliação dos alunos, a avaliação das escolas, a avaliação do sistema educativo português.
Tenho uma coisa um pouco fora do comum para dizer sobre o assunto: a escola serve para ensinar e aprender. Se isto falha, os exames, as avaliações e os 'rankings' são irrelevantes. Talvez não fosse má ideia, enquanto se avaliam os professores, dar-lhes tempo para eles fazerem aquilo para que lhes pagamos em vez de os soterrar em burocracia. Enquanto se exigem mais e mais exames, garantir que os miúdos aprendem com algum gosto qualquer coisa entre cada um deles.
Enquanto se fazem 'rankings', conseguir que a escola seja um lugar de onde não se quer fugir. E enquanto se culpam os professores pelo atraso cultural do país, perder um segundo a ouvir o que eles têm para dizer. Agora que já os deixámos agarrados ao Xanax, acham que épossível gastar algumas energias a dar-lhes razões para gostarem do que fazem? Se não for por melhor razão, só para desanuviar o ambiente nos edifícios onde os nossos filhos passam uma boa parte do dia.

sábado, 27 de setembro de 2008

«Os que desprezam a tecnologia nas escolas não sabem do que estão a falar», diz Sócrates

«Aqueles que desprezam as tecnologias nas escolas não sabem do que estão a falar», afirmou José Sócrates durante a apresentação do Plano Tecnológico para as escolas portuguesas, na Escola Secundária Pinheiro e Rosa, em Faro.
Na sua intervenção, o Chefe de Estado destacou a evolução das tecnologias da informação e comunicação em ambiente escolar observada nos últimos anos e mostrou-se convicto de que a aposta estratégica nessa área «é benéfica para a evolução escolar dos alunos».
«Não quero que digam, uma vez mais, que o mundo mudou, a sociedade evoluiu e houve uma revolução tecnológica e a escola ficou para trás», disse, acrescentando que o Governo quer mobilizar a sociedade, «pois não há futuro sem educação».
Na sessão, estiveram também presentes a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e o ministro dos Transportes e Comunicações, Mário Lino.
O Plano Tecnológico da Educação representa um investimento de cerca de 400 milhões de euros e pretende colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados na modernização tecnológica dos estabelecimentos de ensino.
Comentário:
Meu caro Sr PM, contra a sua opinião, os docentes sabem do que falam quando se referem à política educativa e às medidas entretanto tomadas.
Ninguém despreza as tecnologias nas escolas! Mas, estas, só por si, não resolvem os problemas da educação em Portugal! Porque não ausculta os docentes, os pais, os alunos, os auxiliares de acção educativa... e tenta responder às verdadeiras exigências e necessidades das escolas?!
Em sintese, pergunto, porque despreza o Sr PM as escolas e só aparece para "cortar fitas ou entregar presentes"?!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

ME vai formar 1700 profissionais nos próximos três meses


Mais de mil professores e técnicos de ensino vão receber cursos de educação especial, disse à Lusa fonte do Ministério da Educação, reagindo a preocupações da Federação Portuguesa das Associações de Surdos.
A propósito do Dia Mundial do Surdo, que se assinala domingo, o presidente da Federação Portuguesa das Associações de Surdos (FPAS) revelou terça-feira à Lusa que uma das "maiores preocupações" é a de os "jovens poderem prosseguir os seus estudos em direito de igualdade, com intérpretes de língua gestual portuguesa, na sala de aula, sem terem que ser os próprios a pagar os ordenados" daqueles técnicos.
De acordo com dados fornecidos à Lusa pelo Ministério da Educação, entre Outubro e Dezembro vão ser realizados cursos de formação em educação especial - nos domínios da surdez, visão, multideficiência e espectro do autismo - abrangendo um total de 1200 professores e outros técnicos dos ensinos público e privado.
Quanto à surdez, o Ministério adiantou que vão estar envolvidos, no ano lectivo que agora começou, 74 formadores de Língua Gestual Portuguesa (LGP), 76 intérpretes e 36 terapeutas da fala.O Ministério tem identificados na rede escolar 815 alunos com surdez severa ou profunda.
O adjunto do secretário de Estado da Educação Manuel Joaquim Ramos realçou a aposta na formação dos auxiliares de acção educativa, considerado um "grupo muito importante na inclusão dos alunos" com dificuldades.
De acordo com a mesma fonte, este ano foram formados 700 destes auxiliares.
Quanto aos professores de LGP, o Ministério reconhece que há poucos docentes, justificando essa falta com a indisponibilidade dos professores em receberem formação, disponível nas associações de surdos do Porto e Lisboa.
Também devido à falta de meios humanos, o Ministério tem tentado, desde há dois anos, reunir os alunos surdos em escolas de referência, reconhecendo, no entanto algumas dificuldades, disse.
Entre elas está a dispersão geográfico das situações e a dificuldade em sensibilizar os pais para a integração dos seus filhos em escolas de referência.
Nas escolas de referência "verifica-se uma concentração de turmas de alunos surdos, de docentes surdos e de docentes e técnicos com competência em LGP promotoras da criação de uma comunidade linguística de referência", acrescentou a mesma fonte.
Essa inserção em comunidade é necessária para que os alunos surdos desenvolvam a sua língua gestual, referiu.

Escola Básica pede donativos aos pais

Numa circular, a coordenadora da Escola Básica 1 nº4 de Olhão, pede aos pais e encarregados de educação "donativos em dinheiro, que ficará ao critério de cada um, ou então géneros". Papel higiénico, detergentes, panos, esfregões, vassouras, esfregonas, baldes, sacos de lixo, clips, agrafos, pioneses e tonner de impressora fazem parte da longa lista entregue, que nem esquece o pedido de ajuda para pagar "a conta do telefone".
"É uma vergonha, quando sabem que a maioria dos pais é gente pobre", queixa-se a mãe de uma das alunas. Maria da Luz denuncia o "grave abandono do estabelecimento de ensino, da responsabilidade da Câmara de Olhão, que se limita a enviar 300 euros, de três em três meses, quantia que não permite o normal funcionamento".
A escola não tem refeitório, o que obriga os alunos a terem de ir comer, acompanhados por uma auxiliar, à escola secundária, situada a 500 metros. "Os miúdos são obrigados a atravessar a perigosa Estrada Nacional 125 e, quando chove, porque a edilidade recusa um autocarro, ficam sem comer, ou apanham uma molha", diz Maria da Luz, que se queixa ainda "do tecto danificado, que leva a que chova nas salas de aula".
Francisco Leal, presidente da Câmara Municipal de Olhão, mostrou estranheza por estas queixas.
"A Junta de Freguesia tem a responsabilidade de apetrechar as escolas básicas e ninguém me falou em falta de material ou de um autocarro", garante o autarca, que lembra os seis milhões de euros que a autarquia tem disponíveis para o apetrechamento das escolas. "Realizámos, recentemente, um forte investimento na escola do Largo da Feira e a EB 1 nº4 vai ter um refeitório e uma sala de apoio, já adjudicados", garante. A utilização do refeitório e de uma sala de apoio alugada são "uma situação provisória".

Comentário:

Eis um exemplo concreto da transferência de competências para as autarquias! Não querendo colocar todos no mesmo saco, reconheço que existem autarcas sensíveis às questões educativas e com cabimento orçamental. Porém, verifica-se, também, normalmente nas autarquias pequenas e do interior, que continuam a debater-se com questões básicas, com a sanidade financeira do município e... sem sensibilidade para as questões educativas. Como é possível alguns autarcas assumirem, assim, novas comepetências?!
Perante estes problemas, a ME, sabiamente, responde: "Essa é uma competência das autarquias!" Mais um problema solucionado!!

Oposição critica centralismo do novo modelo de gestão escolar

A oposição foi hoje unânime nas críticas ao novo modelo de gestão das escolas aprovado em Abril pelo Governo, considerando que é autoritário, centralizador e limitador da autonomia.
O debate foi suscitado pela discussão de um projecto do PCP para alterar a gestão escolar, visando “maior participação da comunidade”, através de “conselhos regionais” e da participação dos alunos na direcção. O diploma, que segue a lei de bases do sistema educativo, prevê a eleição do “conselho de gestão” pelos docentes em serviço no agrupamento escolar, mediante a apresentação de listas. Criticando a figura do “director escolar” existente no modelo em vigor, o deputado comunista Miguel Tiago considerou que “é apenas um mandatário do Governo”, acrescentando que o executivo optou por um “modelo autoritário” que “põe fim à experiência de gestão democrática das escolas”.
Apesar de não concordar com o projecto do PCP, por considerar que “não liberta as escolas das amarras do ministério da Educação”, o deputado social-democrata Pedro Duarte entende que, no modelo em vigor, “o verdadeiro director da escola é a ministra da Educação”. O deputado deu como exemplo despachos da secretaria de Estado que regulam “até os cacifos escolares” e “previnem para a necessidade” de tratar das árvores nos recreios.
“Trata-se de uma atitude ultrapassada, obsoleta”, afirmou, considerando que não é possível falar de autonomia das escolas, enquanto o Governo “instrumentalizar a escola para ter proveitos eleitorais”.
Já a deputada Ana Drago, do Bloco de Esquerda, lamentou que o Governo tenha fechado o debate, não dando oportunidade à Assembleia da República para discutir a questão. Também a deputada critica a possibilidade de o Governo “impor um director escolar”, não deixando liberdade às escolas para escolher o seu modelo.
Já o deputado do CDS-PP José Paulo de Carvalho, apesar de criticar o modelo em vigor, considerou que o proposto pelo PCP “é ainda pior” por pretender “o regresso ao passado” e criar “estruturas e comissões” tão numerosas que seriam ineficazes.
Em defesa do Governo, o deputado socialista João Bernardo frisou que a “mudança de paradigma da escola aproxima-a de modelos de gestão mais democrática” e considerou que o projecto do PCP “tenta melhorar algo que já não corresponde às necessidades da escola pública”.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Novas regras das faltas criam confusão em muitas escolas

O novo regime de faltas, consagrado este ano nas alterações ao Estatuto do Aluno no ensino básico e secundário, está a gerar confusão nas escolas. Segundo apurou o DN, há casos em que as novas regras estão a ser interpretadas exactamente ao contrário do espírito da lei chegando a prever-se a retenção automática de alunos que, tendo faltado por motivos de doença, tenham negativa na prova de recuperação.
Foi precisamente este cenário que, segundo contou ao DN Rui Santos, encarregado de educação com filhos na escola Lima de Freitas, em Setúbal, se apresentou aos pais na reunião de apresentação, no início do ano lectivo: "A directora de turma disse-nos que, a partir do equivalente a duas semanas de faltas, justificadas ou não, os alunos, quando voltassem, seriam informados sobre a matéria que perderam e teriam 10 dias para preparar o teste", explicou. "Se chumbassem, ficavam retidos, mas tinham de ir às aulas o resto do ano".
Contactado pelo DN, João Costa, vice-presidente do conselho executivo desta escola, desmentiu que seja essa a política: "Nós próprios ainda temos dúvidas em relação a alguns aspectos do estatuto", admitiu. "Mas posso garantir que ninguém vai ser excluído ou retido se, depois de estar doente, fizer a prova e reprovar". E acrescentou: "As alterações à lei vão aliás no sentido de se criarem mecanismos para o aluno recuperar".
O facto é que, segundo disse ao DN Albino Almeida, da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), têm chegado "dezenas" de queixas idênticas de pais. E em muitos casos a "confusão" não é apenas de um professor: "Há escolas que estão a alterar os estatutos propondo um conjunto de enormidades, incluindo preparar-se para considerar as faltas por doença não justificadas". Para a Confap, a situação é particularmente surpreendente porque, em Setembro, "o Ministério enviou um ofício às escolas explicando que as provas de recuperação não são só testes. Que envolvem avaliações orais, por exemplo, e que mesmo com o aluno doente há um acompanhamento que pode ser feito, nomeadamente via Internet".
O mesmo ofício é, aliás, criticado por outra associação, a Confederação Nacional Independente de Pais e encarregados de Educação (CNIPE). "É evidente que um aluno que esteve doente não deve ser chumbado assim, sobretudo se for no 1.º período", disse Joaquim Ribeiro, da CNIPE. "Mas o que nos parece é que com esse ofício, o Ministério pressiona as escolas no sentido de dificultar qualquer punição, mesmo dos alunos que têm faltas injustificadas, em vez de accionar as equipas especializadas que ainda não existem".

Uma espécie de Carta Aberta sobre a (Ex)Inclusão

Numa das minhas incursões a propósito das questões educativas, deparei-me com esta "Uma espécie de Carta Aberta", sobre uma situação descrita como real. Trata-se, sem dúvida, de uma situação lamentável mas que, infelizmente, ainda se vive embora, muitas vezes, de forma camuflada, no "silêncio" da sala de aula.

A situação descrita não é fantasia, passou-se comigo na sexta-feira (12.09.2008).Desloquei-me ao Pavilhão de Portugal (Coimbra) para obter informações sobre as aulas de Expressão Musical aí ministradas pelo Maestro Virgílio Caseiro, para poder inscrever o meu filho.
Do atendimento efectuado com uma senhora (Directora?), resultou a informação de que não saberia se o senhor Professor aceitaria.
Eu retorqui: “O Doutor Virgílio não aceita deficientes?” e saí…
Passado 4 a 5 minutos recebo uma chamada telefónica do Sr. Professor Virgílio Caseiro, Maestro conceituado e respeitado que se disponibilizou a telefonar-me prontamente!!!
Fiquei surpreendida! Contudo, nos primeiros segundos percebi a intenção: descartar-se o mais rapidamente possível de um “problema… e bastou ouvir esta frase: “aconselho a não inscrever o seu filho!”
Obrigada, senhor Professor, pela frontalidade. Marketing dissuasor… funciona!
O senhor Professor tem um currículo notável com 10 anos de experiência de trabalho com deficientes mentais. (Ver site Orquestra Clássica do Centro).No decurso do telefonema fez uma dissertação sobre Trissomia 21 como se estivesse num Congresso como orador e como se eu fosse o público nessa plateia.
Eu também sei muita teoria sobre Trissomia 21, mas como mãe quero o melhor para o meu filho. Pensava eu que poderia encontrar uma boa resposta nas suas aulas.Enganei-me!
Não sou da área, mas sei o que são Pedagogias Musicais.Fiz dois cursos com o Pedagogo Belga JOS WUYTACK, que também cita no seu Currículo.Que fantástico ouvi-lo dizer: “O menino seria um problema para o grupo de 24, prejudicaria o desenvolvimento da aprendizagem, considerando que não acompanharia o grupo”. Maravilhoso ouvir que “também seria prejudicial para o menino integrar um grupo de crianças “normais” porque elas seriam muito cruéis com a diferença”.
Não estava a acreditar no que ouvia!… Um discurso incongruente, definido nas primeiras palavras.É duro demais para uma mãe que ao longo de 9 anos tem integrado o seu filho na sociedade como um igual!
Afinal, pergunto eu: quem faz a diferença, quem exclui? São as crianças ou são os adultos e os profissionais que educam para a exclusão?
Não quero “caridade” como falou, nunca pedi caridade. Quero apenas igualdade de oportunidade. Mas apercebi-me a tempo que nas suas aulas não existe.
Obrigada por me ter poupado a uma noite ao relento para conseguir vaga para as suas aulas.
Obrigada por me acordar para o preconceito! Estamos no Séc. XXI e ainda funcionamos com o preconceito, porque o senhor não me conhece nem conhece o meu filho, mas sabe que é Trissomico e isso basta-lhe para fazer uma dissertação… e exclusão.
O preconceito é uma arma forte, poderosa!
Coimbra, cidade do conhecimento… nunca pensei!
Lamento que os meus impostos contribuam para o desenvolvimento de projectos com princípios elitistas de desrespeito e intolerância!!!
Bem-haja às instituições desta cidade e a todos os profissionais e colaboradores que têm uma visão mais alargada e contribuem para a Integração.
Bem-haja ao Colégio Santa Maria, ao Clube Náutico de Coimbra, ao ABC dos Tempos Livres, ao Hospital Pediátrico de Coimbra, à Catequese da Paróquia de São José, à Caritas Diocesana de Coimbra, ao Espaço Bolas e Rebolas, ao Agrupamento Martim de Freitas, ao Conservatório de Música de Coimbra, ao Rancho Folclórico das Salineiras de Lavos e a todas as instituições e pessoas que desde o seu nascimento o tratam como um igual, sem diferença ou preconceito.
Descanse o Sr. Professor e os Encarregados de Educação: não vou inscrever o meu filho, não que me faltem as forças, mas percebi a tempo que o espaço não é para nós!…
Seguiremos em frente, a música toca, as cabeças enterram-se na areia, a batuta sobe e o público aplaude de pé. Está tudo certo, a harmonia paira no ar!!!
Natércia Mirão

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Governo anuncia investimento de 400 milhões de euros na modernização tecnológica das escolas

O Governo vai investir nos próximos anos cerca de 400 milhões de euros na modernização tecnológica das escolas, que prevê a instalação de Internet e de quadros interactivos em todas as salas de aula, o aumento da velocidade em banda larga e o projecto Magalhães, para a distribuição de computadores a crianças do ensino básico.
"Queremos que as escolas fiquem na linha da frente das mudanças tecnológicas. Por isso, este Governo tem apostado no plano tecnológico da educação", afirmou José Sócrates. O primeiro-ministro pretende que os alunos "que entrem daqui a 15 anos no mercado de trabalho já não tenham dificuldades por desconhecerem inglês ou por não estarem impreparados para usar novas tecnologias".
Comentário:
Concordo que as escolas devem estar devidamente equipadas e que os alunos se encontrem preparados no âmbito das tecnologias da informação e da comunicação.
No entanto, questiono (sem ingenuidade!) se os quadros interactivos nas salas de aulas, se a internet, se os computadores, se tanta tecnologia vão responder aos problemas do sucesso educativo, qual milagre educativo?! É esta a mensagem que tem sido veiculada pelos governantes para a opinião publica, em simbiose com os meios de comunicação.
O acto pedagógico assenta, acima de tudo, num acto humano, implica uma relação humana. Ora, esta relação não é possível só e através dos meios tecnológicos de informação e comunicação! Estes são instrumentos que podem ou não servir o acto pedagógico. Não são a essência do acto educativo!
Nesta questão de "propaganda enganosa", não me apercebo da preocupação do ME em proceder ao levantamento dos professores que ainda não possuem as competências necessárias para lidar com tanta tecnologia! Estarão todos os docentes preparados para lidar com tanto "choque tecnológico"?!

Dez regras para melhor proteger os alunos


Até 17 de Outubro, a PSP leva a cabo a Operação 'Escola Segura - Abertura do Ano Lectivo'. O objectivo é ensinar os alunos a evitar comportamentos de risco e sensibilizar pais, professores e encarregados de educação para os novos perigos.

Durante o primeiro mês de aulas, os agentes da PSP que asseguram o programa Escola Segura levam a cabo, junto da população estudantil, uma operação especial de prevenção de comportamentos de risco e prevenção criminal.
Em conversas mais ou menos informais com os alunos, há dez ideias simples que os agentes têm obrigatoriamente de lhes transmitir:
1. Não aceites eventuais convites de desconhecidos para os acompanhar. Não aceites também guloseimas, dinheiro ou outras ofertas de pessoas que não conheces;
2. Evita dar continuidade a conversas com pessoas desconhecidas;
3. Não mostres que tens dinheiro ou outros artigos de valor, como telemóveis, jogos electrónicos, mp3, leitores de CD, etc. Utiliza sempre o cartão electrónico/porta moedas electrónico disponibilizado na escola;
4. Não alteres os percursos casa-escola-casa sem comunicares aos teus pais. Sempre que possível, desloca-te com o teu grupo de amigos. Evita andar sozinho;
5. Evita brincar ou andar em zonas desertas ou com pouco movimento. De preferência não brinques depois do anoitecer e avisa os teus pais sobre local onde te encontras. Podes sempre deixar o contacto ou morada desse local;
6. Sempre que algum desconhecido te abordar, informa os teus pais, ou professor, sobre qualquer contacto ou acontecimento estranho. Nunca tenhas receio de falar com as pessoas que te estão mais próximas;
7. Perante uma situação de risco, pede ajuda ao elemento da força policial que estiver mais perto de ti, contacta o número 112 ou o n.º de telefone da esquadra da tua área de residência;
8. Em caso de assalto, ou ameaça, não ofereças resistência e tenta memorizar as características físicas do ladrão;
9. O telemóvel pode ser um meio de comunicação importante com pais e amigos. Se o tiveres, não o transportes de uma forma ostensiva. Isso pode despertar a cobiça dos delinquentes. Transporta o telemóvel de uma forma discreta;
10. No telemóvel memoriza o número de contacto da esquadra de Polícia da tua residência. Este contacto pode ser importante em caso de urgência.
Existem igualmente regras que os pais e encarregados de educação devem seguir para ajudar a proteger os filhos:
1. Conhecer pormenorizadamente o horário escolar;
2. Conhecer os percursos que os filhos utilizam de ida e volta para a escola e/ou meio transporte que utilizam;
3. Saber os nomes e contactos dos colegas e amigos mais próximos;
4. Identificar os locais onde os filhos costumam brincar/frequentar.
Expresso Online

Avaliação é demorada

A principal dificuldade do modelo de avaliação dos professores reside no número de horas necessárias para o processo, cerca de 12 horas/ano por professor.
A conclusão é do Agrupamento de Escolas D. João II, em Santarém, após realizar uma ‘avaliação teste’ a 16 professores efectivos durante o último trimestre do ano lectivo passado. António Pina Braz, presidente do conselho directivo do agrupamento, revelou que "a maior dificuldade sentida foi a gestão de tempo". No total contabilizou-se a necessidade de 12 horas/ano para a avaliação de cada professor do agrupamento.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Degenerescência Macular da Idade (DMI) cega três mil por ano


As estimativas apontam para 300 mil casos em Portugal e mais de três mil novos doentes a cada ano, mas a DMI, principal causa de cegueira na população acima dos 50 anos, continua sub diagnosticada.
No dia 25 de Setembro, a Associação de Retinopatia de Portugal, através do Clube viVER, assinala o Dia da Retina, convidando toda a população a realizar rastreios oftalmológicos gratuitos no Parque Eduardo VII, junto ao Marquês de Pombal, entre as 10h00 e as 18h00. Durante todo o dia e numa tenda montada para o efeito, ortoptistas e oftalmologistas farão rastreios para detectar eventuais casos de DMI e outros problemas da visão, fazendo o devido aconselhamento e encaminhamento necessários.
A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para impedir a progressão desta doença com consequências irreversíveis. A DMI desenvolve-se a partir do aparecimento de novos vasos sanguíneos anómalos na retina, que danificam irremediavelmente a mesma e provocam a perda da visão central. A DMI não tem cura, mas quando detectada a tempo é possível travar a evolução e ganhar visão. Novos tratamentos permitem aos doentes, pela primeira vez recuperar a visão perdida.
A DMI é uma doença silenciosa. Geralmente, numa primeira fase, a DMI afecta apenas um dos olhos, pelo que o outro compensa a perda de visão do olho com DMI e o doente não se apercebe o que se passa. Só quando a DMI atinge o segundo olho é que há a percepção de que algo de grave aconteceu e a visão que se perdeu já não se recupera.
Os primeiros sinais de alarme para a DMI são o aparecimento de uma mancha escura ou esbranquiçada no centro do campo visual, a perda rápida de visão, a perda da sensibilidade ao contraste, imagens disformes ou enevoadas, alteração das cores e aumento da sensibilidade à luz.
A DMI é uma doença que afecta a zona mais sensível da retina do olho: a mácula, responsável pela visão central, ou seja pelos pormenores, cores e formas. Uma vez danificada, a mácula é irrecuperável, o que leva os doentes a deixarem de conseguir ler ou escrever e até reconhecer pessoas.
As comemorações do Dia da Retina são uma iniciativa da Associação de Retinopatia de Portugal e do Clube VIVER (www.clubeviver.com) que tem como missão promover hábitos de vida saudáveis, direccionados sobretudo para a saúde da visão.

Programa de acesso a computadores e Internet alargado aos 5º e 6º anos


O primeiro-ministro anunciou hoje, em Matosinhos, o alargamento do programa governamental de acesso a computadores e Internet aos alunos do 5º e 6º anos de escolaridade.
Segundo José Sócrates, os alunos podem optar pelo "Magalhães", disponível desde hoje para os alunos do 1º ao 4º ano de escolaridade, ou pelo programa e-escolas destinado aos alunos do 7º ao 12º anos de escolaridade.


Metade dos alunos com computador em 2010

O coordenador do Plano Tecnológico afirmou hoje que, em 2010, haverá um computador por cada dois alunos, o que tornará Portugal num dos países mais bem equipados a nível mundial.

O rácio actual é 11,3 alunos por cada computador, no final do ano será de cinco alunos por PC e, em 2010, será de dois alunos por aperelho, revelou o coordenador do Plano Tecnológico, Carlos Zorrinho.

"Isto significa que em termos de quadros interactivos (nas salas de aula), banda larga e computadores, as escolas portuguesas ficarão equipadas ao melhor nível em termos mundiais", disse à Lusa Carlos Zorrinho.


Computador "democratiza" o ensino

A ministra da Educação considerou que a distribuição de computadores com ligação à Internet a alunos constitui "o instrumento principal da democratização do ensino", permitindo "igualdade de oportunidades" no acesso à informação e ao conhecimento.

"O computador com ligação à Internet permite o acesso à grande biblioteca global, onde reside o essencial do conhecimento e da informação", explicou Maria de Lurdes Rodrigues, após inaugurar o novo centro escolar da vila alentejana de Portel (Évora), um dos primeiros do país onde 300 alunos do primeiro ciclo receberam hoje "encantados" exemplares de computadores portáteis "Magalhães".

Notícia completa em Público Online


Comentário:

Depois da "utopia" de 100% de sucesso educativo no final do ensino básico, prevêem que apenas metade dos alunos deve ter computador em 2010?! Penso que os "objectivos individuais" do governo estão a ser incoerentes com os procedimentos!! Estará o governo com medo da "avaliação de desempenho", definindo objectivos modestos com receio de não os atingir?! Afinal, pode sempre oferecer os computadores, cumprindo, desta forma, os "objectivos individuais"!

Escola: pais e professores receiam facilitismo

Em declarações à agência Lusa, o dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof) Mário Nogueira disse que a ambição da taxa de 100 por cento é «partilhada por todos», adiantando contudo que a «ministra da Educação tem feito muito pouco para que isso aconteça».
«Para ter esse sucesso, o ministério tem que ter nas escolas professores de educação especial para ajudar os alunos com dificuldades», disse.
Mário Nogueira criticou a redução no número de professores de ensino especial nas escolas, defendendo também a existência de professores devidamente valorizados para se envolverem no combate ao insucesso escolar.
Sucesso tem de corresponder a conhecimentos
Também o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) defendeu uma alteração na cultura das escolas para ajudar os alunos com dificuldades.
«Têm de ser desenvolvidas várias estratégias para ajudar os alunos, logo que começam a apresentar dificuldades», referiu Albino Almeida
O presidente da Confap considera que «a escola tem de fazer o seu trabalho sem facilitismos», adiantando que a «escola pública só será de qualidade quando atingir os seus objectivos», nomeadamente zero por cento de abandono escolar e 100 por cento de sucesso.
O secretário-geral da Federação Nacional de Educação, João Dias da Silva, referiu que é ambição comum que todos os alunos tenham sucesso, seja do 4º, 6º, 9º ou 12º anos, mas desde que esse sucesso corresponda à aquisição de conhecimentos.
«É uma ambição legítima de todos os educadores, mas é preciso que este sucesso corresponda à efectiva aquisição de conhecimentos e competência que são essenciais para o nível de escolaridade que nos reportamos», sublinhou.
«Não interessa um sucesso estatístico e administrativo, é necessário saber se todos reúnem um conjunto de competências e conhecimentos próprios do seu nível de ensino», acrescentou.
«Cá estaremos para dar o braço a torcer»
No mesmo sentido, o presidente da Confederação Nacional Independente de Pais, Joaquim Ribeiro, realçou que a aprovação a 100 por cento é um desejo de todos os pais, mas «desde que não haja facilitismos».
«Duvidamos que isso aconteça de um ano para o outro, mas cá estaremos para dar o braço a torcer e dizer que a ministra da Educação tinha razão», referiu.
Na opinião de Joaquim Ribeiro, a aprovação a 100 por cento «é possível numa escola pública de qualidade e com o envolvimento de toda a comunidade educativa».

Escola: pais e professores receiam facilitismo

Em declarações à agência Lusa, o dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof) Mário Nogueira disse que a ambição da taxa de 100 por cento é «partilhada por todos», adiantando contudo que a «ministra da Educação tem feito muito pouco para que isso aconteça».
«Para ter esse sucesso, o ministério tem que ter nas escolas professores de educação especial para ajudar os alunos com dificuldades», disse.
Mário Nogueira criticou a redução no número de professores de ensino especial nas escolas, defendendo também a existência de professores devidamente valorizados para se envolverem no combate ao insucesso escolar.
Sucesso tem de corresponder a conhecimentos
Também o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) defendeu uma alteração na cultura das escolas para ajudar os alunos com dificuldades.
«Têm de ser desenvolvidas várias estratégias para ajudar os alunos, logo que começam a apresentar dificuldades», referiu Albino Almeida
O presidente da Confap considera que «a escola tem de fazer o seu trabalho sem facilitismos», adiantando que a «escola pública só será de qualidade quando atingir os seus objectivos», nomeadamente zero por cento de abandono escolar e 100 por cento de sucesso.
O secretário-geral da Federação Nacional de Educação, João Dias da Silva, referiu que é ambição comum que todos os alunos tenham sucesso, seja do 4º, 6º, 9º ou 12º anos, mas desde que esse sucesso corresponda à aquisição de conhecimentos.
«É uma ambição legítima de todos os educadores, mas é preciso que este sucesso corresponda à efectiva aquisição de conhecimentos e competência que são essenciais para o nível de escolaridade que nos reportamos», sublinhou.
«Não interessa um sucesso estatístico e administrativo, é necessário saber se todos reúnem um conjunto de competências e conhecimentos próprios do seu nível de ensino», acrescentou.
«Cá estaremos para dar o braço a torcer»
No mesmo sentido, o presidente da Confederação Nacional Independente de Pais, Joaquim Ribeiro, realçou que a aprovação a 100 por cento é um desejo de todos os pais, mas «desde que não haja facilitismos».
«Duvidamos que isso aconteça de um ano para o outro, mas cá estaremos para dar o braço a torcer e dizer que a ministra da Educação tinha razão», referiu.
Na opinião de Joaquim Ribeiro, a aprovação a 100 por cento «é possível numa escola pública de qualidade e com o envolvimento de toda a comunidade educativa».

Professores de Educação Especial excluídos do concurso vão manifestar-se dia 30


Os professores de educação especial excluídos do concurso por não terem 5 anos de serviço, embora possuam uma especialização em educação especial, vão manifestar-se, no dia 30/09, terça-feira, em Lisboa, em frente ao ME.
A história destes professores - cerca de 300 - expressa a forma como o ME conduz os concursos de professores: não admite erros e só os corrige depois de muito pressionado. Todos os anos há candidatos colocados na educação especial sem terem os 5 anos de serviço. Têm a sorte de não serem denunciados. Ao invés, os candidatos sem 5 anos de serviço e que foram excluidos do concurso por esse facto, não tiveram tanta sorte. Não existe justificação científica ou pedagógica para exigir 5 anos de serviço. Por que razão não basta a posse de uma especialização em educação especial?
O ME tem vindo a colocar na educação especial docentes de outros grupos de recrutamento com horário zero, apesar de não terem formação especializada em educação especial. Os professores de educação especial excluídos consideram que essa situação é escandalosa: o ME coloca os docentes do quadro com horário zero a desenvolverem trabalho na educação especial sem que tenham preparação para tal e fá-lo porque não quer continuar a pagar o vencimento a docentes do quadro sem turma atribuída.
Além de terem decidido solicitar uma audiência ao Provedor de Justiça, estes docentes exigem que o ME altere o decreto-lei n.º 95/97, de 23 de Abril, que estabelece o regime jurídico da formação especializada e cujo artigo 4.º define a obrigatoriedade dos tais cinco anos de serviço para que os cursos de formação especializada sejam reconhecidos enquanto tal.
Profavaliação

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Escola para sobredotados leva crianças ao isolamento, diz associação


A abertura da primeira escola para sobredotados em Portugal começou com polémica e, aparentemente, vai continuar a alimentar o debate educativo sobre os seus potenciais benefícios.

A este propósito, a Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas, através da sua presidente, Helena Serra, manifestou publicamente renitência contra esta iniciativa.


«Estas escolas impedem um desenvolvimento e uma socialização em ambientes normalizados», disse Helena Serra, realçando que a integração destas crianças em escolas especiais já há muito que foi abandonada em outros países.
A presidente da Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas lembra que a lei já contempla medidas para apoiar estes alunos.
O problema é que não está a ser cumprida e por isso torna-se complicado inserir estes alunos, na medida em que as escolas não sabem como lidar com estes estudantes, muitas das vezes não têm um psicólogo para acompanhar o processo, nem os professores recebem formação específica.
Por estes motivos, a associação promete enviar uma carta aberta esta semana para o Ministério da Educação.

Primeira escola para crianças sobredotadas abriu as portas em Portimão

A primeira escola em Portugal para crianças sobredotadas abriu as portas há uma semana em Portimão, mas é só a partir de hoje que vai funcionar em pleno.
Como explicam os profissionais deste projecto, o objectivo é potenciar as características destas crianças. Na turma são apenas 18 alunos com comportamentos semelhantes aos outros meninos.
Ricardo Monteiro, o dinamizador do projecto até não gosta, de usar o termo sobredotado.
«Estigmatiza e dá-nos logo a dimensão que estamos a falar de génios, meninos prodígio, com óculos grossos, estranhos, que não sociabilizam. Não é assim. O que queremos é encontrar onde estão os talentos e os potenciais das crianças e depois de forma direccionada estimulá-los», explica.
Cada disciplina tem um professor: Matemática, Português e Estudo do Meio. As crianças têm computadores portáteis e quadros interactivos. Jogam xadrez, ouvem música clássica nas aulas e aprendem até a filosofar.
«Eles devem entender que a inteligência deve ser utilizada para servir e não para dominar. Nesse contexto não tenho grandes preocupações que estas crianças se tornem arrogantes», adianta.
Uma criança com um Quociente de Inteligência (QI) superior a 130 é considerada sobredotada.

Ministra diz que 100% de aprovações no 9º ano "não é utopia"

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, confessou que um dos objectivos da sua equipa é alcançar nos próximos anos cem por cento de aprovações no final do nono ano de escolaridade.
"Não é uma utopia. Se outros países da Europa com os quais nos comparamos o fazem, Portugal também o pode fazer", disse a ministra, esta segunda-feira, à margem da cerimónia de inauguração do novo centro escolar de Nevogilde, em Lousada.
"Os nossos alunos não são menos inteligentes, os nossos professores não são menos preparados, as nossas escolas eram piores, mas estão a ficar melhores. Portanto, com todas as condições, não é uma utopia, é mesmo uma meta para cumprir", acrescentou.
Respondendo a uma questão sobre a possibilidade de o 12º ano passar a ser o nível de escolaridade obrigatório em Portugal, a ministra lembrou que essa medida consta do Programa do Governo e reafirmou que é propósito do Executivo continuar a trabalhar no sentido de aumentar a escolaridade dos alunos.
"O problema é o que se faz para concretizar o que se define em lei. O que estamos a concretizar é dar às crianças o melhor que o país tem em competência pedagógica e em tecnologia. Ao ritmo a que estamos a reduzir o abandono e o insucesso escolar, dá ao país uma expectativa de concretização do projecto na área da Educação muito mais rapidamente", sublinhou.
Maria de Lurdes Rodrigues afirmou, por outro lado, que durante este ano lectivo todas as salas de aulas em Portugal vão ser apetrechadas com quadros interactivos. Segundo a ministra, um concurso internacional já foi lançado e em breve o Governo estará em condições de proceder à adjudicação.

Ministra da Educação fala de situação de Terceiro Mundo

A ministra da Educação considerou este domingo que a dependência dos alunos portugueses das explicações é uma situação típica do "Terceiro Mundo" e uma situação já "muito antiga" em Portugal.
Reagindo ao estudo feito por três investigadores da Universidade de Aveiro sobre o mercado das explicações em Portugal, Maria de Lurdes Rodrigues lembrou aquilo que costumava dizer que havia escola pública de manhã e privada à tarde. "De manhã, os alunos estão na escola, de tarde, vão para a explicação. Isso não é uma situação aceitável e portanto é necessário criar condições para que os alunos possam fazer a sua aprendizagem, para que possam ter acesso a uma efectiva aprendizagem de qualidade no espaço da escola", defendeu.
Em declarações à TSF, a ministra assinalou ainda que o "país não se pode conformar com a dependência que as famílias têm do mercado de explicações para o êxito escolar, para o sucesso escolar dos alunos e dos jovens. Por isso, fizemos a escola a tempo inteiro com estudo acompanhado, aulas de recuperação e de substituição", disse.
Comentário:
Se a situação é de Terceiro Mundo, talvez a ME devesse repensar a sua posição dentro do Ministério e do Governo!
Será que o estudo acompanhado, as aulas de recuperação e de substituição estão a ser eficazes, atendendo à sua forma de funcionamento? Será a escola a tempo inteiro, no formato "dar aos alunos mais do mesmo", uma boa solução?

domingo, 21 de setembro de 2008

Reformas da Educação provam que PS transforma «retórica de esquerda em acção»

No comício de sábado, a ME teve a oportunidade de, uma vez mais, proferir um discurso sapiente, tão ao seu gosto, mas distante da realidade. Entre outras afirmações, destaco as seguintes.
Maria de Lurdes Rodrigues enumerou o que disse serem reformas do seu Ministério, feitas a pensar na escola pública, através da melhoria da qualidade do ensino e do fomento da igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos.
«A escola só consegue promover a igualdade de oportunidades e diminuir as desigualdades sociais, se for de qualidade», sublinhou, lembrando que as medidas levadas a cabo pelo seu Ministério estão a «diminuir o défice de qualificação dos portugueses» e a permitir que «cada vez mais jovens concluam com êxito o ensino secundário».
A ministra passou, de seguida, em revista as medidas parcelares lançadas no actual mandato legislativo, como o passe escolar, e o inglês no 1.º ciclo do ensino básico, apontando, em especial, a melhoria da acção social escolar que já envolve 700 mil alunos e que vai permitir mantê-los, mais tempo, na escola.
Este discurso sugere várias interrogações. Desde logo, o que entende a dita ME sobre "qualidade do ensino"?
Sobre o tão propalado aumento das qualificações dos portugueses, já caiu no campo anedótico nacional! Afinal, a política ministerial pretende o sucesso educativo real ou continua na senda do sucesso educativo estatístico?
Lançava um desafio à ME: desloque-se a uma escola e procure cumprir, durante um mês (será de mais?!!), a política educativa que tanto defende! Venha conhecer a realidade! Avalie o seu impacto in loco e ignore, por instantes, os relatórios que lhe fazem chegar ao gabinete!

Docentes têm horas excessivas


A Federação Nacional de Sindicatos da Educação (FNE) considerou que a carga horária dos professores é excessiva e vai fazer um levantamento da situação para exigir "correcções" à tutela.
"Vamos fazer um acompanhamento rigoroso dos horários dos professores. Já estão a trabalhar mais de 40 horas por semana e ainda vamos só na segunda semana do ano lectivo", disse Lucinda Manuela, dirigente da FNE, após uma reunião do Conselho Geral da Federação onde se discutiu o arranque do ano lectivo, o processo de avaliação docente e a situação político-sindical.
"Vamos fazer um trabalho de terreno exaustivo para mostrar ao Ministério que temos razão. O trabalho dos professores não é só leccionar: falta tempo para preparar as aulas, estudar, investigar, corrigir, etc. As reuniões sucedem-se... e estas horas extras não são pagas", criticou a sindicalista.
Para Lucinda Manuela "é fundamental fazer este acompanhamento" e exigir "correcções". A FNE pretende fazer o acompanhamento dos processos de avaliação de desempenho através de uma comissão paritária e de um observatório "para colocar as questões à medida que vão surgindo".

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Confederação denuncia falta de apoio especial


Cerca de 40 mil alunos ficaram de fora do sistema de apoio educativo especial por causa da nova legislação – a acusação partiu hoje da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação.

Estes números são avançados com base em dados dos sindicatos, refere Maria José Viseu, porta-voz deste organismo.

A Confederação diz que nem todas as crianças com necessidades especiais têm apoio e dá o exemplo dos casos de dislexia e hiperactividade.

Pais pedem continuação dos apoios à unidade de surdos

Os pais das crianças que frequentavam a Unidade de Apoio à Educação de Alunos Surdos de Santarém (UAEAS) lamentam a forma como este serviço foi encerrado e reclamam a manutenção da linguagem gestual na formação dos seus filhos.
Sílvia Fonseca, representante dos pais dos alunos da UAEAS, que funcionava há quatro anos na escola básica de primeiro ciclo de S. Domingos, disse que foi com surpresa que soube, em Julho, que as sete crianças que frequentavam a unidade teriam de passar para a escola de referência de Riachos. Após a intervenção da deputada Luísa Mesquita, o Ministério da Educação informou que não era obrigatória a frequência das escolas de referência, e os pais decidiram manter os filhos na escola de S. Domingos, mas Sílvia Fonseca não se conforma com o “apoio mínimo” de que vão dispor. A escola tem duas salas equipadas para o trabalho com as crianças surdas e, nos últimos quatro anos, contou com o apoio especializado de duas professoras de educação especial, uma formadora de língua gestual e uma terapeuta da fala.
Desde segunda-feira, as cinco crianças que ainda frequentam o primeiro ciclo (duas transitaram para o segundo ciclo) ficaram distribuídas em diferentes turmas e contarão com uma professora de apoio que correrá as várias salas.
A terapia da fala será assegurada ao abrigo de um protocolo celebrado entre o Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano e a Associação de Pais e Amigos dos Cidadãos com Deficiência Mental (APPACDM). A vereadora da Educação Câmara de Santarém, Lígia Batalha, disse que a autarquia tem a garantia do Governo de que será colocada uma técnica em linguagem gestual na escola.
Comentário:
Este é apenas mais um exemplo da realidade que trespassa o país educativo! Vamos divulgar mais casos!!

ATENÇÃO AOS CRONISTAS DO REINO…!!

A propósito de algumas crónicas publicadas nos meios de comunicação, como é o caso de "Metas do sucesso e escolaridade por cumprir", Luisa Mesquita teceu alguns comentários, tendo seleccionado a parte referente à política da educação especial.
A "Revolução no Ensino Especial" permitiu que a Senhora Ministra colocasse por despacho e decisão isolada, não passível por isso de engano, uma criança de 7 anos com deficiência profunda, sem nenhuma autonomia e por isso integrada numa instituição especializada, numa escola pública, sem garantir nenhum apoio especializado.
Não fosse a denúncia a diversos níveis e o despacho manter-se-ia para o ano lectivo em curso, sendo essa a vontade "revolucionária" da Ministra Socialista
Em Santarém, uma unidade de apoio a crianças surdas, recentemente inaugurada com dinheiros públicos e privados, possuindo todo o equipamento indispensável, está definitivamente ameaçada de que este ano lectivo não contará com uma professora de Língua Gestual, impedindo esta decisão, tomada de forma leviana, o ensino bilingue a estas crianças.
Em nome da "sustentação revolucionária" os pais têm à sua disposição uma Escola de Referência e por isso Guetizada num outro concelho do Distrito e as crianças com idades entre os 6 e os 10 anos serão "arrancadas" à socialização da família e da comunidade educativa que conhecem.
Terceira história. Este ano, as crianças sobredotadas e como tal avaliadas por médicos e psicólogos não puderam usufruir de um artigo da Lei n.º 3 de 7 de Janeiro de 2008, relativa ao Ensino Especial e que viabiliza a sua entrada no sistema educativo com um ano antecedência, face ao legislado para outras crianças.
Porque na azáfama de "legislar", "legislar" e "legislar de novo" o Partido Socialista (o do Governo e o da Assembleia da República) perdeu o artigo pelo caminho e foram obrigados, fóra de todos os prazos, a admitir as matrículas destas crianças com carácter excepcional, depois das denúncias das famílias e das respectivas associações.
Três simples relatos verídicos, confirmados in loco e que evidenciam "a dita remodelação do ensino especial".
Claro que não é só de "economicismo" que se trata é também de muita incompetência e desconhecimento.
Tudo junto, fiquei a saber, intitula-se "Revolução Socialista no Ensino".

I seminário sobre informação táctil nos museus e centros de ciência

Tema: Seminário Ao Alcance das Mãos - Informação Táctil nos Museus e Centros de Ciência
Local: Auditório do Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva
Data: 29 de Setembro de 2008
Este seminário pretende esclarecer questões como: Como podem os museus e centros de ciência optimizar a visita de cidadãos cegos e com baixa visão? O que existe e o que ainda falta nesses espaços para que este público sinta que vale a pena visitá-los e revisitá-los? Vários especialistas, investigadores e profissionais de museus, nacionais e estrangeiros, debaterão estas e outras questões, analisando também o que já foi feito em Portugal nesta matéria e o que se pode fazer no futuro, recorrendo a parcerias com instituições representativas dos cidadãos cegos e com baixa visão. O seminário é dirigido aos profissionais dos museus e ao público em geral interessado nesta temática. As inscrições estão abertas, estando limitadas à capacidade do auditório (150 pessoas). O custo é de 50 Euros . Haverá tradução simultânea em inglês, francês e português. No âmbito deste seminário estará patente uma exposição de fotografia táctil, da autoria do fotógrafo Paulo Abrantes.

Contactos:Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva
Tel.: 21 891 71 09 (Fátima Alves)

Ficha de autoavaliação (preenchida)


Considero que o trabalho, as experiências, o material... deve ser partilhado, numa postura de colaboração, ajuda e enriquecimento pessoal.

Nesse sentido, e perante as exigências avaliativas que se avizinham, coloco uma ficha de autoavaliação dos docentes de educação especial, devidamente preenchida. Pode ser um ponto de partida ou de ajuda para muitos colegas.

Esta ficha foi retirada do blog Profavaliação, com o reconhecimento agradecimento.

Fenprof vai propor alternativa para a avaliação dos professores

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) vai lançar, no dia 8 de Outubro, uma proposta para um novo modelo de avaliação dos professores, que será discutida dentro da classe docente antes de ser apresentado ao Ministério da Educação. Para a federação, o sistema aprovado pelo Governo em 2007 - e aplicado de forma experimental no final do último ano lectivo - está "condenado" ao fracasso.
Continuação da notícia em DN Online.
Comentário:
Esta é a verdadeira crítica! Apontar os aspectos negativos e apresentar propostas alternativas ou sugestões de melhoramento!

Atenção à educação especial


A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, dedicou a manhã de ontem às necessidades da educação especial no sistema de ensino. Numa visita à Escola Básica Integrada da Malagueira, em Évora, a tutela aproveitou para anunciar o reforço de meios e locais adequados para as necessidades deste sector, garantindo que "nenhuma criança ficará sem o apoio necessário".
"Um objectivo de uma escola para todos é bastante ambicioso, mas deve ser construído todos os dias", frisou a ministra, realçando o "exemplo" que é o estabelecimento eborense ontem visitado, que de forma estratégica integra os alunos ditos normais, com as crianças com necessidades educativas especiais, que estavam, até ao início do passado ano lectivo, colocadas em instituições. Uma das principais mudanças passa pela melhoria das condições para os alunos surdos. Até à mudança do método de ensino, que agora defende turmas de crianças surdas, ao invés da sua integração numa sala de aula com as outras crianças, onde era mais difícil a sua evolução e integração na comunidade.
Para o corrente ano lectivo, o Ministério da Educação conta com 320 professores e um acréscimo de 49 por cento de terapeutas para o ensino especial, subindo esse número para 379 técnicos. Aumentou também o número de unidades em que são integrados alunos de ensino especial, nomeadamente nas valências de autismo e multideficiência.

Ministra rejeita divergências com Cavaco sobre escolaridade obrigatória

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, rejeitou hoje qualquer divergência com o Presidente da República, Cavaco Silva, sobre o alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, sublinhando que esse objectivo pode ser alcançado de diversas formas.
"Não há nenhuma divergência de pontos de vista nesta matéria. A ambição e as metas do país são o nível de ensino secundário para todos. O modo como este objectivo se alcança pode ser diverso e podemos trabalhar sobre diferentes propostas", afirmou a titular da pasta da educação, depois de visitar uma escola em Évora. (...)
Poucos dias antes, a ministra da Educação afirmou que poderá ser desnecessário alargar a escolaridade obrigatória para 12 anos, como estava previsto no programa do Governo. "Se as condições forem tão boas, se a resposta das escolas for tão boa como está a ser, provavelmente nem será necessário tornar obrigatório o 12º ano", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, à margem da comemoração do "Dia do Diploma", na escola secundária Almeida Garrett, em Gaia.
Segundo referiu, desde que este Governo está no poder, foram criadas "todas as condições para que as escolas possam responder ao desafio de ter todos os alunos a fazer o ensino secundário". Hoje, a ministra sublinhou que "era bom" se não fosse necessária criar nenhuma obrigatoriedade, caso fosse conseguida uma taxa de escolarização aos 18 anos de 100 por cento.
"Se conseguíssemos era necessário criar a obrigatoriedade? Eu acho que não e era sobre isso que estava a falar. Sobretudo o momento em que isso se pode fazer. Neste momento não é, na minha opinião, possível fazer, o que não significa que no espaço de um ano e meio não se possa fazer", acrescentou Maria de Lurdes Rodrigues.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Metas do sucesso e escolaridade por cumprir

O DN fez um balanço das medidas que o Governo se propôs atingir (...)
Cumpridas
O desafio nem tinha metas quantitativas claras: " Dar um salto qualitativo na dimensão e na estrutura dos programas de educação e formação dirigidos aos adultos". Mas a verdade é que, decorridos três anos sobre o que viria a ser baptizado de programa "Novas Oportunidades", os indicadores já apontam no sentido da missão cumprida. Segundo o último balanço, divulgado em Setembro, 180 mil adultos já viram validadas e reconhecidas competências em graus que vão do 9.º ano ao 12.º ano (uma novidade). Os críticos questionarão o rigor destas avaliações. Os pragmáticos recordarão que Portugal tem de recuperar de um défice civilizacional, e ainda tem mais de metade da população activa com o 2.º ciclo.
Reorganizar o sistema educativo de forma a subordiná-lo ao "interesse dos alunos e das famílias" foi outra meta de 'banda larga' estabelecida pelo Governo. Falar em sucesso ou insucesso é uma questão de ponto de vista. Mas a maioria das medidas associadas - colocação de professores nas escolas por vários anos, estabelecimentos a funcionar a tempo inteiro, actividades de enriquecimento curricular, aulas de substituição - estão neste momento implementadas no essencial.
Exequíveis
Generalizar o ensino do Inglês a partir do 1.º ciclo do ensino básico é outra medida próxima da concretização. Depois de ter atingido taxas de cobertura da ordem dos 90% nos 3.º e 4.º anos, o Ministério partiu este ano lectivo para a generalização da medida no 1.º e 2.º anos. O processo, baseado na delegação de competências em promotores locais (escolas e autarquias) não está no entanto livre de contratempos, com algumas autarquias a revelarem maiores dificuldades e certos exemplos de contratação de professores - a recibo verde - nos limites da legalidade.
Também a ritmos distintos prossegue a meta de implementar uma "cultura de avaliação" e "prestação de contas" entre as escolas, professores e alunos". Aos alunos, passaram a ser feitas provas de aferição universais nos 4.º e 6.º anos, mas continuam a surgir cíclicas críticas à qualidade e exigência das provas do 9.º ano e do secundário. No caso dos professores, a nova avaliação já está consagrada no estatuto, mas no último ano lectivo, entre muitos sobressaltos, acabou por ser simplificada ao mínimo. Este ano lectivo será decisivo para o futuro da medida. Nas escolas, a avaliação dos estabelecimentos tem evoluido progressivamente. Já foram avaliados cerca de 400 e este ano lectivo o processo será alargado a mais 291. Dificilmente se avaliarão milhares de escolas nesta legislatura, mas essa nunca foi uma meta assumida.
Outro objectivo, a frequência obrigatória do ensino experimental das ciências no ensino básico parece concretizável - as condições tecnológicas estão a ser criadas, mas há ainda um défice de profissionais qualificados, que estão a ser formados.
Já a recuperação, para efeitos dos contratos de trabalho, da "cláusula de formação para jovens" e do "mínimo anual de formação" faz parte das alterações ao código do trabalho, que serão discutidas hoje na Assembleia da República, apesar de a CGTP considerar que as mudanças legislativas estão longe de corresponder ao que seria desejável, acabando mesmo por "adulterar" o conceito de formação profissional, ao equiparar acções como a validação de competências a treino específico de trabalhadores.
Difíceis de alcançar
O programa do Governo propunha a redução a metade do insucesso escolar no ensino básico e secundário. De 2005 para cá, a taxa de insucesso no básico caiu de 12,2% para 8,3%, enquanto no secundário a descida foi dos 33% para 22,4%. São progressos assinaláveis - inclusivamente geradores de alguma suspeição -, mas seria necessário um ano lectivo absolutamente excepcional para colocar a taxa de insucesso do básico em 6,1% e do secundário em 11,5 até ao fim de 2009.
Intimamente ligado a esse objectivo está a meta de "tornar obrigatória a frequência de ensino ou formação profissional para todos os jovens até aos 18 anos". Bastaria alterar a lei de bases para consagrar formalmente esta "obrigação". Mas o Governo já demonstrou que, enquanto os resultados não garantirem a segurança do passo, prefere continuar a "criar condições" para que este seja possível.
Por último, uma meta ambiciosa, alargar progressivamente a todas as crianças em idade adequada a educação pré-escolar". Além de um terço da oferta estar nos privados, dezenas de milhar de alunos ainda não estão abrangidos. O Governo anunciou este ano milhões tendo em vista esse objectivo, mas terá começado tarde.

Método para crianças autistas com taxa de êxito de 40 por cento aplicado em Portugal


Duas em cada cinco crianças autistas podem ultrapassar, em parte, esse diagnóstico através de um método norte-americano de Análise Comportamental Aplicada, que será utilizado a partir do final do mês numa escola perto de Almada, em Sobreda da Caparica.

Partindo da sua experiência de pai à procura de respostas, Carlos França conheceu no Natal de 2007 a escola ABC Real, localizada em Sacramento, Califórnia, nos Estados Unidos, e quase sete meses depois vê um desejo concretizado: aplicar em Portugal o método ABA (Applied Behaviour Analysis).

"No início do diagnóstico do meu filho houve um período de desorientação e procura de informação para descobrir algo. Nos Estados Unidos disseram-me que a altura ideal para uma intervenção teria sido entre os dois anos e meio e os quatro", contou Carlos França. Mesmo ultrapassada a "época de ouro", já que o filho tinha nove anos e sabendo que não iria aproveitar os resultados do método a 100 por cento, este pai percebeu que poderia beneficiar outras crianças portuguesas e decidiu fundar uma escola para autistas e doentes com síndroma de Asperger.

A factura de mil euros mensais afastou alguns interessados mas, ainda assim, Carlos França reforça que este custo fica muito aquém do valor real: a escola norte-americana não cobrou pelos seus serviços fora da Califórnia e o Colégio Campo de Flores, onde funcionará a escola, cedeu gratuitamente uma sala.

No futuro os impulsionadores nacionais do ABA querem fazer crescer a experiência-piloto e angariar apoios, de maneira a conseguir também diminuir os encargos dos pais. A primeira escola de ABA na Europa Continental vai juntar dez famílias, oriundas de vários pontos do país, tendo uma delas trocado Coimbra pela Sobreda da Caparica. "Foi só com a boa vontade dos pais que foi possível trazer este método para Portugal, mas isso é também o mais importante, porque o Estado é lento a auxiliar", reforçou o presidente da escola 'mãe' ABC Real, Joseph E. Morrow.

O ABA passa por integrar habitualmente crianças durante dois anos, mas o tempo de intervenção depende da gravidade dos problemas que afectam cada uma delas. Comum é o trabalho intenso de 25 a 40 horas semanais de um técnico para cada criança, que pode levar a "resultados espectaculares" e fazer com que 40 por cento das crianças deixem de ter características autistas, segundo o norte-americano.

Todas as crianças autistas têm problemas de comunicação e metade não verbaliza. Por isso, o método ABA começa por ensinar os mais novos a pedirem aquilo que querem e necessitam, de forma a conseguir mais tarde integrá-los no ensino regular. Aos pais, Joseph E. Morrow aconselha a estarem atentos a défices na comunicação, a perceberem se os filhos apontam para o que querem e se os olham nos olhos, porque caso contrário poderão ter problemas de autismo.

"As crianças parecem ser surdas por não darem atenção", acrescentou o norte-americano, referindo ainda que os pediatras não devem desvalorizar alguns sinais e dizer apenas que os problemas serão ultrapassados. "Costuma lembrar-se que o Einstein começou a falar aos quatro anos. Mas nos Estados Unidos, tal como em Portugal, há o ditado: 'mais vale prevenir que remediar'", concluiu.

Concurso de docentes: dois pesos e duas medidas para o ensino especial?


Federação Nacional dos Sindicatos da Educação garante que há injustiças no processo de colocação dos professores de educação especial. Docentes excluídos pedem impugnação da lista.
A colocação dos professores do ensino especial não está a ser um processo pacífico. A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) assegura que há injustiças na colocação dos docentes para a educação especial e fala em "desperdício de professores que são precisos para as reais necessidades das escolas". Em comunicado, a FNE acusa a "dupla injustiça" que, em seu entender, "se reflecte quer sobre muitos professores candidatos quer sobre os próprios alunos". Os professores excluídos estão profundamente descontentes com a situação, garantem que a lei não foi aplicada convenientemente, vão solicitar judicialmente a impugnação da lista e querem falar do assunto com o provedor de Justiça.
Dupla injustiça para docentes e estudantes. A FNE garante que há dois pesos e duas medidas na colocação dos professores que lidam com necessidades educativas especiais. "Docentes com o mesmo tipo de especialização e com o mesmo tempo de serviço foram uns excluídos e outros colocados em escolas. Trata-se de uma situação profundamente injusta e que resulta da utilização arbitrária da exigência de que os candidatos tenham realizado antes da formação especializada cinco anos de serviço docente", exemplifica. "A verdade é que, em função dos certificados apresentados, houve candidatos que, nas mesmas circunstâncias, foram admitidos a concurso e outros excluídos, acrescenta. A estrutura sindical considera a situação grave e reclama que seja resolvida com urgência. Mas até agora ainda não obteve qualquer resposta. "Esta situação é tanto mais grave quando é certo que há alunos sinalizados como devendo ser apoiados por docentes com formação especializada em educação especial, e que não os têm, e, ao mesmo tempo, há docentes com essas especializações que foram excluídos de concurso", sublinha.
Entretanto, cerca de 300 professores de educação especial excluídos anunciaram publicamente que vão pedir a impugnação da lista de colocações por considerarem que estão a ser discriminados. Discriminados por a lei não ter sido aplicada a todos os que se encontram nas mesmas circunstâncias. E descontentes por o Ministério da Educação afectar professores com horário zero à educação especial. O grupo de professores prepara-se para solicitar uma reunião com o provedor de Justiça e pretendem ainda que a tutela altere o regime jurídico da formação especializada, que obriga a cinco anos de serviço para que essa formação seja reconhecida. No último sábado, cerca de uma dezena de docentes juntaram-se no Porto para protestar contra o que se está a passar.
A FNE defende que é preciso alterar algumas regras. "(...) impõe-se que todos os docentes com formação especializada integrem as listas de candidatos, podendo dessa forma ser colocados onde são necessários, nomeadamente sem a obrigatoriedade de terem cinco anos de docência, previamente ao momento em que efectuam a formação." Uma medida que, na opinião da estrutura sindical, poderia evitar a "atitude discricionária" de muitos professores do ensino especial baseada em diferentes critérios. Uma exclusão que, refere, "passa pelo tipo de declaração emitida pela instituição de ensino superior onde os professores se especializaram, o que se revela uma lacuna grave que afecta docentes e alunos com necessidades educativas específicas". A FNE lembra, a propósito, que "o sistema educativo acaba por deixar de fora situações particulares como a dislexia ou a hiperactividade, em que é crucial um acompanhamento especial".