Na Escola da Ponte, são as crianças que apresentam o espaço e a filosofia de ensino aos visitantes. Grande parte dos alunos desta escola em Santo Tirso está familiarizada com estas visitas guiadas, que desenvolvem a autonomia e o sentimento de pertença à comunidade escolar. Serem monitores de uma exposição no museu de Serralves foi o culminar de um projeto que começou há três meses.
A Miríade de Histórias envolve o serviço educativo de Serralves e a Escola da Ponte, com a mediação da Laredo Associação Cultural. “Este é um projeto relacional, de contacto com o mundo e com aquilo que está fora dos livros, que cria espaços híbridos de intervenção educativa”, explica Joana Macedo, da Laredo. Através deste projeto, os alunos do núcleo de consolidação – que corresponde ao quarto, quinto e sexto ano – puderam aprender de uma forma diferente sobre “o que é a arte e qual é o papel de um museu”, sublinha Joana Macedo. “Os alunos descobriram que o museu também é deles e que existem forma de intervir nestes espaços”, completa.
O trabalho diferencial da Escola da Ponte, em que cada aluno segue o seu ritmo de aprendizagem sem descurar da comunidade que o envolve, é algo que Serralves levou em conta quando começou a desenvolver o projeto. “São alunos preparados para serem autónomos na sua forma de pensar”, descreve Liliana Coutinho. Para a diretora do serviço educativo de Serralves, a “visão particular de cada criança vai muitas vezes ao encontro de questões que já estão presentes em certas obras da exposição”. Para Serralves, é um “desafio” abrir o museu a outros discursos e “aprender através dos olhos destas crianças e adolescentes”. “Desmistificar a relação entre as pessoas e a arte contemporânea” foi outro objetivo do projeto.
O trabalho dividiu-se entre visitas ao museu e tarefas desenvolvidas na escola por um grupo de cerca de 20 alunos, entre os 9 e 14 anos. Para alguns, “foi a primeira vez que foram a um museu”, lembra Mafalda Nogueira, professora de educação visual. Desenvolver nos alunos a sua própria interpretação e visão é algo muito valorizado na Escola da Ponte. “No fundo, é o que nós queremos, que sejam criativos e não estejam presos a estereótipos”, conclui a professora.
Fonte: Público
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