quinta-feira, 2 de abril de 2015

A educação condiciona os cérebros de rapazes e raparigas

O cérebro dos homens e das mulheres é diferente. O que explica que, regra geral, os homens tenham melhor perceção espacial e as mulheres façam melhor uso da linguagem. Mas no que diz respeito à memória as diferenças biológicas são tão pequenas que deitam por terra qualquer desculpa masculina para não se lembrar de uma data importante para a namorada.

O neurocientista Javier de Felipe, investigador e professor no Laboratório Cajal de Circuitos Neuronais da Universidade Politécnica de Madrid, diz, citado pelo jornal espanhol El Pais, que as diferenças de memória entre homem e mulher dependem mais da educação do que da estrutura do cérebro.


“Ainda que as coisas estejam a mudar, geralmente a educação não é igual em ambos os sexos e, desde a infância, vão conduzindo a diferenças de comportamento e psicológicas”, explica o neurocientista. “Os homens e as mulheres são muito parecidos, sempre e quando sejam educados da mesma forma. O resto são lendas urbanas.”

São as interações com o meio ambiente e com as pessoas, o aprender a falar e a ler e todos os exercícios exigidos ao cérebro que acabam por criar as diferenças físicas. Sendo um órgão elástico, o tipo de educação desde a infância vai condicionar o desempenho do cérebro depois de adulto. Basta treiná-lo para conseguir desenvolver novas competências. “Se o ambiente está orientado numa direção concreta provocará uma mudança. É isso que acontece com uma educação sexista”, continua o neurocientista.

Ainda assim, o psicólogo Sergio García Soriano lembra que existem diferentes tipos de memórias e que alguns deles podem ser influenciados pelas diferenças biológicas do cérebro. “Os homens têm um sistema de atenção unívoco, centram-se numa coisa e depressa passam para outra. Pelo contrário, as mulheres têm uma memória mais circular, mais emocional e englobam o que aconteceu e em que contexto.”

No entanto, o psicólogo concorda com o neurocientista em relação ao papel da educação. “Não somos assim tão distintos, mas estamos imbuídos dos padrões masculinos e femininos. E nem nos damos conta.”

Fonte: Observador

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