Pedagogo e mentor da Escola da Ponte vive atualmente no Brasil, onde ajuda a implementar projetos semelhantes. Sentiu, em 1976, que "não podia ensinar tudo a todos".
Como surgiu a Escola da Ponte?
O projeto, que tornou conhecida a Escola da Ponte, tem quase 40 anos de existência. Já na década de 70, sentíamos ser necessário passar de uma cultura de solidão para uma cultura de equipe, de corresponsabilização. Compreendemos que sozinhos não poderíamos ensinar tudo a todos. Naquele tempo, não tínhamos as referências teóricas de que hoje dispomos. Não havia modelos para seguir. Em 1976, estava quase a desistir de ser professor. Sentia que, "dando aula", estava a excluir gente. A Ponte era uma escola pública degradada. Mas foi lá que encontrei duas pessoas que faziam as mesmas perguntas que eu: "Porque dou aula tão bem dada e há alunos que não aprendem?" E fomos introduzindo alterações, a partir das nossas dificuldades de "ensinagem".
Que desafios enfrentaram?
Os principais foram o da reelaboração da nossa cultura pessoal e social (eu sou o primeiro obstáculo...), incluir as famílias e defrontar os burocratas. O contrato de autonomia firmado com o ministério outorgou-nos alguma proteção contra as incursões dos burocratas. O ministério, quase sempre, pôs obstáculos ao desenvolvimento do projeto. Mas ele sobreviveu a todos os ataques. E, num deles (em 2003), algo inédito aconteceu: as universidades portuguesas uniram-se para o defender.
As administrações políticas não têm apoiado a Escola da Ponte?
Pelo contrário! Tudo têm feito para destruir o projeto. Enquanto critérios de natureza administrativa estiverem submetidos a ocultos interesses político-partidários, enquanto a burocracia prevalecer em detrimento da pedagogia, os políticos pouco poderão fazer.
Fonte: DN
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