A confusão instalou-se na passada sexta-feira, à medida que foram sendo conhecidas as colocações nas 212 escolas com contratos de autonomia e ainda em escolas TEIP (territórios educativos de intervenção prioritária). A fórmula aplicada este ano, centralmente, pelo Ministério da Educação está a gerar situações que milhares de candidatos não compreendem, com professores com poucos anos de serviço e médias não muito altas a ultrapassarem largamente outros com uma graduação profissional superior.
Em causa está a atribuição de entre dois mil a três mil horários, disputados por dezenas de milhares de professores e que se traduzem num mecanismo novo chamado bolsa de contratação de escola - os professores são ordenados em listas para cada escola e estas mantêm-se até ao final do ano letivo, para serem utilizadas de cada vez que surge um horário e é preciso chamar um docente.
No caso destas escolas com autonomia, a graduação profissional não é o único critério utilizado para a colocação de docentes. A questão, criticada pelos candidatos, é que a componente dos critérios que foram selecionados pelos diretores está a pesar muito mais do que os 50% que a lei prevê. Porquê? Por causa da fórmula utilizada para se calcular a nota de candidatura.
A lei diz que a graduação profissional tem de valer 50% e a avaliação do currículo outros 50%. O Ministério da Educação, do matemático Nuno Crato, fez uma soma direta das "notas" dos professores em cada uma das duas componentes e dividiu por dois - uma média simples. O problema é que não teve em conta que a escala em que é medida a graduação profissional (em valores absolutos e correspondendo à soma de nota do curso, de 0 a 20, com um valor adicional por cada ano de experiência) é diferente da escala em que é feita a avaliação curricular. Neste último caso, as notas são calculadas de 0% a 100%.
Ou seja, para se ser matematicamente correto, teria de ser utilizada uma fórmula mais complexa, que harmonizasse o peso das duas componentes, de forma a que cada uma valesse metade e não houvesse uma sobrevalorização, que está a acontecer, dos critérios mais subjetivos.
No ano passado também foi assim
Vários diretores com que o Expresso falou admitiram que, no ano letivo passado, também eles fizeram as contas da mesma forma simples que o Ministério da Educação. Mas várias razões ajudarão a perceber porque é que a questão não deu tanta polémica.
Logo à partida, porque o universo de escolas com autonomia aumentou muito: de 45 para 212, havendo muito mais horários a ser preenchidos desta forma. Depois, porque a ponderação feita em cada escola dos critérios mais subjetivos que definiam (fosse da avaliação curricular ou da entrevista) não era necessariamente medida de 0% a 100%, mas de 1 a 10, por exemplo. Ou seja, a aplicação de uma média simples, neste caso, não gera os mesmos desequilíbrios.
Apesar destas polémicas, o Ministério da Educação mantém que a colocação está a ser feita normalmente.
In: Expresso
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