Um investigador norte-americano associou a ocorrência de autismo a lesões cerebrais causadas no ventre da mãe ou numa fase inicial do crescimento do bebé. O estudo foi publicado na revista Neuron, no dia 6 de agosto.
Segundo Samuel Wang, professor de Biologia Molecular e Neurociência da Universidade de Princeton, os danos na região do cerebelo podem levar ao surgimento de pertubarções do espetro do autismo e de outras perturbações neurais numa idade mais avançada.
O cerebelo localiza-se na parte posterior inferior do cérebro humano e tem como função o processamento de informações internas e externas - como estímulos sensoriais que influenciam o desenvolvimento de outras regiões do cérebro.
No início da vida, as lesões no cerebelo podem potencialmente interromper o processo de desenvolvimento do cérebro. Com base numa extensa revisão de estudos realizados anteriormente, a equipa de Samuel Wang verificou que os indivíduos que sofreram lesões no cerebelo durante o parto têm 36 vezes mais probabilidade de desenvolver autismo, sendo esta a principal causa de autismo não hereditária (ver gráfico abaixo).
Samuel Wang explica que "a determinada altura, aprendemos que sorrir é bom porque a mãe sorri para nós. Fazemos estas associações no início da vida, porque não nascemos a saber que sorrir é bom".
O investigador refere ainda que "no autismo, dá-se algo de errado nesse processo e uma coisa que pode ser informação sensorial não é processada corretamente pelo cerebelo".
Esta área do cérebro está, normalmente, associada ao movimento e à coordenação motora em adultos. Estudos recentes sugerem que tem também influência na cognição infantil.
"É bem sabido que o cerebelo é um processador de informação. O nosso neocórtex [a parte maior do cérebro, responsável por um processamento superior] não recebe informação não filtrada. Há passos críticos que têm de ocorrer entre o momento em que a informação externa é detetada pelo nosso cérebro e o momento em que atinge o córtex neural", explica Samuel Wang.
A equipa de investigadores planeia provar a sua teoria através da inativação da atividade elétrica das células cerebrais, o que identifica o estádio de desenvolvimento em que a lesão no cerebelo se encontra. Um segundo método passará por reconstruir as conexões neurais entre o cerebelo e as outras regiões cerebrais.
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In: Boas Notícias
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