sábado, 16 de maio de 2015

Laborinho Lúcio diz que casos de “bullying” refletem sociedade “mais violenta”

O ex-ministro da Justiça Laborinho Lúcio alertou que os casos de “bullying” recentemente conhecidos não podem criar o “princípio universal” de que a juventude atual é agressiva, mas que refletem uma sociedade “muito mais violenta do que era”.

Em Braga, à margem de um seminário dedicado aos direitos da criança, Laborinho Lúcio não quis comentar o caso de “bullying” ocorrido na Figueira da Foz nem do jovem encontrado morto em Salvaterra de Magos, dizendo apenas que é preciso “perceber” se estes “epifenómenos” podem ser uma manifestação de problemas mais globais.

“Cada situação tem que ser tratada como uma situação concreta. Não podemos deixar de o fazer. Agora o que não podemos é pegar num caso concreto, por mais doloroso que ele seja, e a partir daí transforma-lo num princípio universal segundo qual a juventude hoje é violenta e é preciso agir com ela de uma forma repressiva”, defendeu.

Embora admita que “as informações têm dito que tem aumentado a violência” entre jovens, para o magistrado o problema não está só naquela faixa etária.

“Temos alimentado um discurso violento, um discurso violento na internet, na blogosfera, a própria violência não está apenas aqui. Temos hoje uma sociedade que é muito mais violenta do que era e precisamos refletir sobre isso para sabermos onde estão as causas gerais para podermos agir”, alertou.

Quanto ao caso da Figueira da Foz, no qual um vídeo mostra um grupo de adolescentes a agredir outro jovem, e ao de Salvaterra de Magos, onde um adolescente de 14 anos terá sido morto por um outro jovem de 17 anos, Laborinho Lúcio considerou ambos “censuráveis”, mas apontou uma outra questão.

“O que temos é de perceber que situações deste género podem ser a supuração de outro tipo de problemas mais globais. É preciso saber quais são, o que verdadeiramente se está a passar, se se está a criar, ou não, um ambiente mais violento entre jovens do mesmo escalão etário e tentar perceber o que isso significa”, referiu.

O magistrado defendeu ainda que o ordenamento jurídico português “tem resposta” para este tipo de situações.

“Não é do ponto de vista da falência da resposta legal ou legislativa que nós podemos encontrar dificuldades aqui”, disse.

Fonte: Observador

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