A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) publicou o estudo onde aborda as questões relativas ao como se ensinam as nossas crianças a ler e se os professores têm conhecimento que lhes permitam ensinar as crianças de acordo com o que sabem serem as melhores práticas. Da nota introdutória, destacamos:
Não representa novidade afirmar que a leitura constitui uma competência praticamente indispensável para se viver nas sociedades modernas. Também não constitui novidade dizer que ainda há muitos milhões de pessoas no mundo que não têm acesso a este bem precioso, razão pela qual sofrem uma verdadeira amputação cognitiva, social e relacional. Há, porém, dois aspectos menos óbvios ou pouco perceptíveis:
1) Ler ou não ler não é uma questão de tudo ou nada. Isto é, não existem apenas dois grupos de pessoas: as que sabem ler e as que não sabem ler. Sendo certo que existem pessoas que não sabem ler, aquelas que sabem ler distribuem-se num contínuo que pode ir desde o conhecimento rudimentar das letras, ou de apenas algumas letras, até leitores insaciáveis que leem um número incontável de palavras ao longo de um ano. Deste modo e no que à leitura diz respeito, as pessoas que não sabem ler constituem um grupo muito mais homogéneo do que as que sabem ler. Estas últimas constituem mesmo um grupo tão heterogéneo que as diferenças entre os seus membros não são propriamente mensuráveis.
2) A aprendizagem da leitura implica, para a esmagadora maioria dos sujeitos, um processo de ensino sistemático e muito prolongado, que vai muito além do ensino do princípio alfabético. Ler não constitui um ato natural, mas sim um ato social e uma competência complexa que resulta da integração de diversas outras competências. Este importantíssimo ato social resulta, por conseguinte, para a esmagadora maioria das pessoas, de outro ato social de não menos importância e significado: o ensino. Não por acaso, governos de todo o mundo têm feito grandes esforços ao longo do século xx e do século xxi para fornecer às suas crianças condições mínimas de acesso à leitura e aos livros. A imposição da escolaridade obrigatória constitui um elemento central deste esforço, bem como a criação de bibliotecas de acesso fácil, como é o caso, por exemplo, das bibliotecas ambulantes. Mais recentemente, o acesso aos computadores e à Internet alargaram extraordinariamente a oferta e o acesso. Contudo, independentemente da maior ou menor facilidade de acesso, o ensino continua a erigir-se como elemento central da alfabetização das sociedades. Sem ele, seria altamente improvável ou até mesmo impossível alfabetizar uma sociedade inteira ou sequer a maioria dos seus membros.
O livro pode ser descarregado aqui.
Fonte: FB
Sem comentários:
Enviar um comentário