terça-feira, 24 de março de 2015

Os jesuítas eliminaram as disciplinas, os testes e os horários das suas escolas

Os colégios jesuítas da Catalunha, nos quais estudam mais de 13.000 estudantes começaram a implementar um novo modelo de ensino que eliminou disciplinas, testes e horários e transformou as salas de aula em espaços de trabalho, onde as crianças adquirem conhecimento através de projetos conjuntos.


Os jesuítas, que na Catalunha têm oito colégios, desenharam um novo modelo pedagógico do qual desapareceram as palestras, as mesas de trabalho, os deveres e as aulas tradicionais, num projeto que começou no quinto ano da primária e primeiro da ESO em três das suas escolas e que será estendido para as restantes.

"Com o atual modelo de ensino tradicional, os alunos estão-se aborrecendo e estão desligados do sistema, especialmente desde o sexto ano da primária série", disse o diretor-geral da Fundação Jesuítas Educação (FJE) da Catalunha, Xavier Aragay.

O novo modelo inclui a criação de uma nova etapa intermédia entre primária e secundária, que compreendem o quinto e o sexto anos da primária e o primeiro e o segundo do ESO.

Para a realização do projeto, designado por "Horizonte 2020", os jesuítas derrubaram as paredes de suas salas de aula e tornaram-nas em grandes espaços para o trabalho em equipa, umas ágoras onde há sofás, carrinhos, muita luz, cores, mesas organizadas para o trabalho em grupo e acesso às novas tecnologias.

Nos três colégios que se encontram a experimentar esta novidade juntaram as duas classes de 30 alunos em um de 60, mas, em vez de um professor para cada 30, têm três professores para 60.

Os três professores acompanham todo o dia os alunos e tutorizam os projetos em que trabalham, através dos quais adquirem as capacidades e conhecimentos básicos integrantes do currículo.

"Não temas disciplinas, nem horários, as saídas para o pátio acontecem quando os alunos decidem que estão cansados", disse Aragay, que, nos primeiros seis meses de experimentação, já constatou que "o método funciona" e reanimou os alunos.

"Transformar a educação é possível", afirmou o diretor-geral, que reconhece que a mudança é "radical" e que dois em cada três dos 1.500 professores das suas escolas estão a favor.

Segundo Aragay, "a escola é o lugar onde mais se fala em trabalho em equipa mas onde menos se pratica", situação que se soluciona com este método", que também alivia alguns currículos excessivos que nunca são ensinados por completo".

Antes de o implementar, os jesuítas recolheram 56.000 ideias de alunos, pais e mães e professores para melhorar a educação.

"Educar não é só transmitir conhecimentos", disse o diretor-geral do FJE, Josep Menendez.

O projeto promove "as inteligências múltiplas e extrair todo o potencial" dos alunos e que façam as atividades de aprendizagem de acordo com suas capacidades.

"Nós transformamos a educação para que o aluno seja o protagonista, para que haja verdadeiro trabalho de equipa e os alunos a descubram qual é o seu projeto de vida, o que querem fazer na vida e ensiná-los a refletir, porque vão viver numa época que os vai desconcertar", argumentou Aragay.

Os alunos começam o dia com 20 minutos de introspeção e reflexão para considerar os desafios do dia e terminam com mais 20 minutos de discussão sobre se os objetivos foram alcançados.

As disciplinas foram substituídas por projetos. "Por exemplo, se fizermos um projeto sobre o Império Romano, aprendemos arte, história, latim, religião e geografia", detalhou Menendez, e se há que aprender raízes quadradas para realizar um outro projeto, os alunos podem recorrer às unidades didáticas.

"Aprendem muito melhor se veem que o que aprendem tem uma aplicação prática", defendeu Aragay.

Os projetos, em que os pais também estão envolvidos, executam-se 33% em Catalão, 33% em castelhano e 33% em inglês.

Apesar de não haver disciplinas, para dar cumprimento ao que está estipulado legalmente, também existem notas também, mas pontuam primeiro as capacidades e os conhecimentos de cada aluno e, de seguida, mediante um algoritmo, transformam-nas em notas por matérias para que constem nos registos.

Segundo Aragay, nos seis meses de experiência encontraram casos de estudantes que "antes inventavam que tinham febre para não frequentarem as aulas e agora querem vir, mesmo que tenham febre."

Com esta nova pedagogia, que também se aplica aos menores de P3 e P4, "em vez de olhar para o BOE ou o DOGC, olhamos para o rosto das crianças e ajudámo-los a desenvolver o seu projeto de vida, a descobrir seus talentos, a encontrar significado para o que fazem, o que querem atingir, a saber interpretar, a refletir, a questionar. Junto com a família e internet, tentamos construir pessoas ".


Nota: Tradução livre pelo editor do blog

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