domingo, 8 de março de 2015

É preciso tempo para aprender

Perante os desafios e exigências colocadas à Escola e para que esta possa contribuir com respostas eficazes e adequadas à complexidade de que estes se revestem, é imprescindível poder contar com docentes que acreditam no seu poder e nas suas capacidades de transformação, de recriação e de (auto)regulação da sua prática.

Neste sentido, o Projeto Fénix tem como grande finalidade a procura incessante em orientar os alunos para atingir o máximo do seu sucesso. O propósito moral da melhoria é que todos os alunos possam aprender, alcançando o desenvolvimento máximo possível. As expectativas em relação aos alunos devem ser elevadas e a descrição dos objetivos de aprendizagem devem ser apresentados de forma clara, transparente, direta e simples. Daqui decorre a importância de toda a comunidade educativa centrar a sua ação na consolidação e melhoria das aprendizagens de cada aluno. Não obstante, uma escola que escolhe e assume o caminho estratégico em prol da aprendizagem necessita de tempo: tempo para consolidar experiências; tempo para estabelecer compromissos; tempo de atenção aos conhecimentos e aos ritmos de aprendizagem dos seus alunos; tempo para criar sinergias coletivas; tempo para o cultivo do trabalho colaborativo e cooperativo dos docentes; tempo para investir e insistir na liderança situada – em sala de aula; tempo para a formação contínua dos professores; tempo de partilha e de reflexão...

Tem sido este o caminho que a Escola de Beiriz tem trilhado, bem como algumas das escolas da rede Fénix. O enfoque foi colocado logo no 1.º ciclo do ensino básico que, parafraseando Joaquim Azevedo, é onde residem os alicerces: “… o mundo mudou muito, mas os alicerces não mudaram de sítio”.

Numa lógica organizacional que “arruma e desarruma”, temporariamente, grupos de alunos de acordo com níveis de proficiência, o Projeto Fénix utiliza estratégias concretas e muito específicas de acordo com cada um dos grupos, privilegiando o gosto por aprender e por experienciar o sucesso, evitando, assim, o insucesso e o abandono. Sem dúvida que a prestação de contas "inteligente" envolve uma lógica e um conjunto de práticas que, na realidade, incrementam a capacidade individual e coletiva. A este propósito acredito que o custo do investimento em mais professores para reforçar as aprendizagens dos alunos trará, a médio e longo prazo, o benefício de mais excelência e menos alunos a perderem-se na retenção que acarreta consigo, como todos sabemos, custos elevadíssimos.

Portanto, o grande desafio é a aprendizagem efetiva, onde todos os elementos contam, porque de forma isolada não se alcançará o sucesso educativo que o Fénix preconiza – cada um(a) faz parte de um todo que se materializa no compromisso de fazer bem e cada vez melhor. Presumimos que ensinar com sucesso é uma arte que deve ter subjacente o conhecimento do que se ensina para que depois, com o engenho e na autoria de cada um(a), se concretizem as aprendizagens sucedidas que tanto ansiamos. Finalmente realço que fazer bem ou contribuir para a promoção do sucesso escolar implica maturação, respeito, compromisso, confiança, avaliação e celebração. Esta é a forma de estar, trabalhar e viver o Projeto Fénix.

Luísa Tavares Moreira

Coordenadora nacional do Projecto Fénix.

Fonte: Público

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