Modelo de avaliação implementado pela Inspeção-Geral da Educação coloca ênfase nos resultados e não na aprendizagem, diz estudo.
A avaliação externa das escolas, levada a cabo pela Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), está a transformá-las em estruturas viradas para os resultados dos exames, deixando de lado os aspetos que poderiam diferenciá-las. A conclusão faz parte do estudo "Impactos e efeitos da avaliação externa de escolas no ensino não superior", que analisou a avaliação feita a escolas de todo o país entre 2006 e 2014.
"Há uma preocupação cada vez mais crescente das escolas com os resultados, o que leva a uma valorização dos exames nacionais. O estudo prova que há uma relação causa-efeito entre a avaliação externa das escolas e a avaliação externas das aprendizagens (os exames)", aponta o coordenador do estudo José Augusto Pacheco, da Universidade do Minho. Como consequência, na preocupação por obter uma nota elevada, "as escolas tomam medidas para a valorização das disciplinas sujeitas a exames nacionais, usando os créditos horários para mais aprendizagens dessas matérias", acrescenta o professor universitário.
O que faz com que os professores, principalmente das disciplinas que não têm provas nacionais, "não se sintam envolvidos" no processo de avaliação da escola. Isto porque, "não há uma avaliação pedagógica, já que se valoriza mais o sucesso académicos dos exames", aponta José Augusto Pacheco, que antecipou (...) os resultados preliminares da investigação que vão amanhã ser debatidos no seminário "Avaliação Externa das Escolas", promovido pelo Conselho Nacional de Educação, em Coimbra.
Por isso, os investigadores das várias universidades envolvidas no projeto (Minho, Porto, Coimbra, Lisboa, Évora e Algarve) entendem que, por exemplo, o modelo de avaliação devia ser alterado. "Ter aulas observadas permitiria envolver mais os professores" e "ter um modelo de avaliação adaptado a cada tipo de escola, já que atualmente escolas de ensino regular, artístico ou profissional são avaliadas de acordo com os mesmos parâmetros".
Como ponto positivo, este modelo de avaliação externa das escolas melhorou a prestação de contas, é bem aceite pelas escolas e melhora a relação das escolas com a comunidade, indica o coordenador. "O facto de só 30% (481) das escolas avaliadas terem apresentado contraditório, significa que pelo menos os diretores não contestam o modelo e a avaliação". Por outro lado, como se trata de uma avaliação externa, os resultados da escola "são valorizados pela comunidade".
Fonte: DN por indicação de Livresco
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