Os exames no 4.º e 6.º anos perturbam a aprendizagem das crianças e introduzem elementos de segregação e selecção, alerta a presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Lurdes Figueiral, que critica a inadequação das provas aos alunos destas idades.
Os exames nacionais de Matemática foram “desequilibrados” e tinham “demasiado cálculo”. Lurdes Figueiral justifica desta forma os resultados negativos nos exames dos 4.º e 6.º anos. “Consideramos que as provas têm uma exagerada quantidade de cálculo, nomeadamente no 6º ano, onde 80% da prova avaliava cálculo. Mesmo quando os itens em questão não tinham que ver com cálculo, como em perguntas de escolha múltipla e de resposta directa, eram necessários vários passos de cálculo para se chegar ao resultado”, sustenta. (...)
De acordo com a presidente da APM, o resultado das provas não reflete o estado do ensino da Matemática e aquelas nunca deviam ter sido introduzidas. A professora afirma que os exames “perturbam o trabalho dos professores nas salas de aula e alteram a avaliação dos alunos de uma forma não mais completa ou rigorosa” e acrescenta que “os professores estão a treinar para os exames, em vez de estarem a dotar os alunos de conhecimentos e capacidades importantes” .
Lurdes Figueiral mostra-se surpreendida com a falta de indignação relativamente às provas nestas faixas etárias, já que, advoga, “sujeitar alunos destes níveis de ensino a uma avaliação redutora e parcial introduz elementos de segregação para efeitos de selecção, muito precocemente”. A presidente da APM vai mais longe e critica as alterações da política educativa promovidas pelo actual Ministério da Educação e alerta para as consequências negativas que já se fazem notar e que prevê serem ainda mais graves a longo prazo. (...)
In: Público
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