sexta-feira, 20 de junho de 2014

Substância reverte sintomas de autismo em ratinhos

Recorrendo a uma substância usada há cerca de um século para tratar a doença do sono, uma equipa da Universidade da Califórnia (EUA) conseguiu reverter, em ratinhos, um problema de comunicação celular estará ligado a este distúrbio. 


A investigação partiu de uma nova teoria, desenvolvida há cerca de um ano pelo professor de genética Robert K. Naviaux, segundo a qual a origem do autismo é, em parte, genética mas resulta também, e sobretudo, de problemas relacionados com o metabolismo. 

Com base nos dados desta nova pesquisa, Naviaux defende que apenas 20% da origem do autismo terá raízes em questões genéticas. “As células têm um halo de metabólitos (pequenas moléculas envolvidas no metabolismo) e nucleótidos à sua volta. Estes emitem uma espécie de brilho que comunica a saúde das células”, explica Naviaux.

“As células afetadas por micróbios - como bactérias, vírus ou outros elementos como a poluição – reagem de forma defensiva”, explica o especialista em comunicado de imprensa. “As suas membranas mudam e os processos metabólicos internos são alterados, sobretudo ao nível da mitocôndria e, se esta alteração ocorrer na infância pode afetar o desenvolvimento neurológico”, porque as células emitem um sinal de perigo e “deixam de falar umas com as outras”, acrescenta.

Nesta investigação, Naviaux e a sua equipa testaram o feito da substância suramina - um conhecido inibidor celular usado para tratar a doença do sono, uma patologia muitas vezes fatal que no seu estágio final causa problemas neurológicos.

Um dose faz efeito durante uma semana

Os investigadores descobriram que a suramina consegue bloquear os sinais de perigo emitidos pelos nucleótidos, fazendo com que as células regressem ao seu comportamento normal e corrigindo o seu metabolismo. 

Os efeitos do medicamento não foram permanentes mas os resultados são auspiciosos: uma dose individual fez efeito ao longo de cinco semanas. O problema e que a ingestão de suramina não é recomendada a longo prazo uma vez que causa problemas de anemia.

Mesmo assim, Naviaux garante que estes resultados são suficientemente encorajadores para avançar, em breve, com testes clínicos em crianças diagnosticadas com autismo. Os investigadores esperam começar esta nova fase de testes ainda este ano.

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