O secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Agostinho Branquinho, disse ontem, nainauguração do lar residencial da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) que, “apesar dos constrangimentos financeiros que o país está a viver, o Governo quis definir a deficiência como área prioritária de atuação”.
No mesmo dia em que o Conselho Nacional de Educação denunciou a falta de recursos destinados a alunos com necessidades educativas especiais (NEE), o membro do Governo respondeu em Coimbra que “Portugal tem um conjunto de respostas muito próximo do standard europeu”.
Agostinho Branquinho reforçou que “queremos uma sociedade cada vez mais inclusiva”, adiantando que a dotação financeira anual para todas as áreas da deficiência tem vindo a subir, de 255 milhões de euros em 2011, para 276,5 milhões em 2013.
In: As Beiras por indicação de Livresco
Comentário:
As palavras do Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social suscitam, numa primeira análise, duas reações: Ou, numa demagogia política, são poeira para os olhos, ou, então, evidenciam, uma vez mais, o desnorte e o tipo de desgovernação atual relativamente à política da inclusão.
Por um lado, refere que queremos uma sociedade cada vez mais inclusiva mas, na prática, reduzem todo o tipo de apoios e recursos, quer humanos, quer materiais.
Por outro, acrescenta que a dotação orçamental anual para as áreas da deficiência tem vindo a aumentar. Bem, gostaria que indicasse onde foi ou é aplicado esse aumento da dotação orçamental na medida em que, na realidade do dia a dia, nota-se precisamente o oposto!
É curioso que, nos últimos tempos, sempre que há reclamação de recursos e serviços, os governantes surgem sistematicamente com o argumento de que a dotação orçamental foi ou tem sido aumentada como se isso, por si, fosse motivo para contra-argumentar, não se apercebendo que, então, estão diretamente a criticar o próprio processo de governação.
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