A Ordem dos Psicólogos contestou [ontem] os números apresentados no relatório de saúde mental quanto às necessidades destes profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS), questionando a sua lógica e acusando os autores do documento de contradizerem a tutela.
Em comunicado, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) manifestou-se “preocupada” com a “não concordância” entre o relatório do Programa Nacional para a Saúde Mental, apresentado na quinta-feira, e o ministro da Saúde “no que ao número de psicólogos no SNS diz respeito”.
Socorrendo-se de anteriores declarações públicas de Paulo Macedo, a OPP lembra que o ministro “reforça a integração dos psicólogos na prática regular na saúde mental e na importância do trabalho de equipas que incluam psicólogos”, para contestar afirmações do relatório, segundo as quais há profissionais destes a mais na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT).
O relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2014” afirma que “no caso dos profissionais de psicologia, os números encontram-se abaixo do desejável nas regiões do Alentejo, Algarve e Centro, estando nas restantes acima, em particular em LVT, onde o número ultrapassa em mais de 50% o considerado necessário”.
Segundo a Ordem, na região de LVT vivem 3.629.461 pessoas e trabalham no SNS 290 psicólogos, o que resulta num rácio de um psicólogo para cada 12.515 pessoas, mas “contas feitas, conclui-se que o relatório adianta que a região de LVT deveria ser suportada por, no máximo, 193 psicólogos e o rácio deveria ser um psicólogo para cada 18.805 pessoas.
Pegando neste raciocínio, os psicólogos questionam a lógica da análise destes números, confrontando-os com o que no mesmo relatório é considerado escassez de profissionais.
“Não deixa de ser curioso que seja divulgado que o rácio um psicólogo para 18.805 seja o recomendável, mas se considere o rácio existente no Alentejo, Algarve e Centro – um psicólogo para 16.846 pessoas – ‘abaixo do desejável’, ou seja, que seriam necessários mais psicólogos”, afirmam.
A OPP considera por isso “surpreendentes” estes números “pela forma como são obtidos, trabalhados e apresentados”, sugerido que “ou os autores do estudo não têm conhecimento dos números reais ou existe algum interesse que esta falácia seja propagada”.
Sublinhando a actual “carência de psicólogos no SNS”, a ordem questiona directamente os autores do relatório sobre “se têm intenção de tentar reduzir a importância da psicologia no contexto da saúde mental” e se “defendem a redução do acesso da população de LVT às consultas de psicologia no SNS”.
Fonte: Jornal I por indicação de Livresco
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