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Álvaro de Carvalho chamou ainda a atenção para o "preocupante uso de estimulantes inespecíficos do sistema nervoso central em casos de pseudo-hiperatividade".
O psiquiatra explicou, citando Allen Frances, responsável pela coordenação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), que as taxas de prevalência anual de síndromes de hiperatividade infantil (entidade formal distinta de comportamentos ocasionalmente instáveis) andam em valores médios mundiais de 2% a 3%.
No entanto, há estudos publicados na Holanda que apontam para taxas de 32% e outros, nos EUA, que entre os 11% e os 15%.
"Para além de pôr em causa a idoneidade destes valores, [Allen Frances] interroga-se sobre as consequências no funcionamento mental das crianças medicadas, precoce e continuadamente, com psicofármacos, quando chegarem a adultas", refere Álvaro de Carvalho.
Álvaro Carvalho critica a existência de "crianças e adolescentes medicadas com metanfetaminas para supostas hiperatividades", obtidas em "diagnósticos rápidos feitos por educadores, professores e pais" - quando "é natural que as crianças se mostrem instáveis em ambiente onde não se sentem bem" - contribuindo, muito provavelmente, para o significativo aumento de consumo do metilfenidato.
Sobre esta matéria, o relatório deixa no ar a questão: "será que esta fúria farmacoterapêutica está isenta de consequências no funcionamento mental futuro de quem é alvo passivo de decisões tão pouco prudentes?".
Álvaro Carvalho considera que estas crianças e adolescentes têm um risco acrescido de desenvolver défices cognitivos ou doenças que possam aumentar a morbilidade e a mortalidade.
Fonte: RTP Notícias por indicação de Livresco
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