O 4.º Barómetro Educação em Portugal 2014, realizado pela EPIS – Empresários pela Inclusão Social, será divulgado em janeiro, mas já há resultados que revelam que as ambições escolares têm vindo a decair. Nas entrevistas diretas feitas a 2.192 alunos do 3.º Ciclo do Ensino Básico de todo o país, durante o ano letivo 2013-2014, verificou-se que 54,5% dos alunos querem entrar na universidade, uma diminuição de 9% em comparação com os 63,5% do ano anterior; que 39,5% pretendem terminar o 12.º ano e não seguir um percurso académico, quando no ano anterior essa percentagem era de 32,6; e que 6% estudantes pensam terminar o 9.º ano e sair da escola, mais do que os 3,9% registados em 2012.
As expetativas das famílias também decaíram. Em 2013, 69,5% dos pais confessam que gostariam que os filhos tivessem um curso superior. Em 2012, essa percentagem era mais elevada, com 78,3% das famílias a quererem ver os filhos na universidade. A mesma tendência verifica-se em relação ao 12.º ano: 20,6% dos pais queriam que os filhos concluíssem a escolaridade obrigatória em 2012; no ano seguinte essa vontade sobem para 29,3% das famílias.
Este inquérito permitiu saber que 50,7% dos alunos confirmam hábitos de leitura em casa e que os pais estão mais permissivos quanto ao número de horas passadas em frente ao computador ou à televisão e com as saídas com os amigos – 55,6% respondem afirmativamente à pergunta “em tua casa existem regras que têm de ser cumpridas em relação a horários de computador e de televisão”, quando em 2012 a percentagem era de 67%. Os alunos dizem ainda que querem lideranças mais fortes e escolas mais exigentes - por parte dos diretores e das equipas de gestão - na disciplina, no sucesso escolar e no envolvimento com comunidade. Por outro lado, as taxas de retenção continuam a preocupar. No 7.º ano, 21,6% dos estudantes já chumbaram uma vez, 6,4% mais do que uma vez e 6,5% mais do que uma vez de forma consecutiva.
Os resultados permitem várias leituras. “A descida das metas escolares evidenciadas no barómetro estará associada a uma perceção errada sobre quem são as principais vítimas do desemprego, quando comparadas as habilitações académicas”, sustentou, em comunicado, Luís Palha da Silva, presidente da EPIS. “O desemprego qualificado referente aos licenciados tem sido mais valorizado. No entanto, o desemprego não qualificado é o que afeta uma maior percentagem de portugueses”, acrescenta.
Os resultados do barómetro são analisados com alguma preocupação, quando se faz uma relação entre baixa escolaridade e desemprego. Luís Palha da Silva sublinha: “Quando alunos e pais optam pelo 12.º ano, em detrimento de um curso superior, estão a aumentar a probabilidade de cair no desemprego. O desemprego não qualificado é uma chaga social para a qual é necessária uma resposta urgente.”
A EPIS foi criada em 2006 por um grupo de empresários e gestores portugueses com o objetivo de promover a inclusão no nosso país, acompanhando crianças e jovens, dos seis aos 24 anos, em contextos de debilidade socioeconómica, em programas de combate ao insucesso escolar que vai desenvolvendo. O barómetro é, aliás, o principal instrumento de triagem de alunos em risco. Até ao momento, a EPIS acompanhou mais de 13 000 alunos.
Fonte: Educare por indicação de Livresco
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