Menos adolescentes portugueses planeiam ir para o ensino superior. Mais queixam-se de sintomas físicos e psicológicos de mal estar. Mais, também, relatam comportamentos de bullying e provocação na escola. E mais dizem já ter feito mal a si próprios de propósito. Estes são alguns dos resultados de um estudo que será divulgado nesta sexta-feira com base em seis mil inquéritos a alunos do 6.º, 8.º e 10.º anos.
A Saúde dos Adolescentes Portugueses (2014) é o título do relatório nacional que deverá integrar o grande retrato internacional da adolescência, conhecido por Health Behaviour in School-aged Children, da Organização Mundial de Saúde. O levantamento é realizado de quatro em quatro anos, por uma rede de profissionais ligados à saúde e à educação que analisam os estilos de vida dos adolescentes e os seus comportamentos, em 43 países. Em Portugal, que participa desde 1998, foram inquiridos este ano 6026 alunos, com idades entre os 10 e os 20 anos (média de 14 anos).
Um comunicado desta quinta-feira da autoria da equipa portuguesa — coordenada pela investigadora Margarida Gaspar de Matos e que inclui membros da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, e do Centro da Malária e Doenças Tropicais, da Nova de Lisboa — antecipa algumas das conclusões, sem contudo adiantar números.
Sublinhando que este estudo “aparece numa altura especialmente relevante, uma vez que permite estimar o impacto da recessão económica na saúde dos adolescentes”, os investigadores dizem que as respostas dos alunos revelam uma “pior saúde física e mental” do que há quatro anos. Em relação à saúde mental especificamente, consideram que este “é um assunto subestimado e a carecer de atenção urgente”.
O “aumento de comportamentos autolesivos, problemática esta que foi já identificada em 2010 e se agravou em 2014” é apenas um dos sinais, acrescentam.
Entre as boas notícias, estão o decréscimo do consumo de tabaco (em queda desde 2006) e do álcool, “embora se necessite agora de avaliar se os consumidores consomem menos, ou consomem mais mas em menos dias”.
Já no campo da sexualidade, sublinha-se o facto de o número de adolescentes que já teve relações sexuais dentro das idades consideradas no estudo estar a diminuir desde 2006. Em 2014, contudo, “reporta-se uma diminuição do uso de preservativo e um aumento das relações sexuais associadas ao consumo de álcool”.
Foi ainda perguntado aos alunos o que mais gostavam na escola. A resposta foi “os colegas“ e “os intervalos”, aparecendo “as aulas” em penúltimo lugar e, em último lugar, a “comida da cantina”. Sobre as preocupações que a escola suscita, disseram que "a matéria é difícil, demasiada e aborrecida". Os investigadores notam que estudos anteriores têm identificado "uma fragilidade na relação dos adolescentes portugueses com a escola" maior do que a observada noutros países.
Fonte: Público
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