Segundo os dados disponíveis do Instituto de Medicina Legal (IML), relativos ao ano de 2007, mais de metade dos 1108 exames por violações realizados tiveram como vítimas menores de 14 anos. Dividindo os 720 casos pelo número de dias úteis em que os serviços estão a funcionar, dá uma média de quase três por dia. De acordo com um porta-voz oficial desta entidade, os números de 2008 ainda não estão consolidados "mas não deve haver uma grande alteração em relação a 2007".
Teresa Magalhães estudou e comparou os casos de abuso sexual, intrafamiliar e extrafamiliar, de crianças. O trabalho compreende um período de dez anos, entre 1997 e 2007. Foi feito o perfil da vítima e do agressor.
De acordo com esta investigação, há menos violência física, que nos casos que acontecem fora da família, mas a violência psicológica é muito maior. "Há crianças que chegam aos nossos serviços e, antes de começarem a falar, perguntam: 'vão prender o meu pai?' Têm medo de represálias", conta Teresa Magalhães.
Recuperar de um trauma desta dimensão é quase impossível, como confirma Cristina Soeiro, psicóloga da Polícia Judiciária, especialista neste tipo de crime. "O risco é tanto maior quanto maior é a diferença de idade entre a vítima e o agressor, quanto mais cedo começar o abuso e quanto mais tempo durar". Determinante para a recuperação é, sublinha esta perita, "um bom suporte social, principalmente da mãe".
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