Currículo Funcional no Contexto da Educação Inclusiva
Ana Maria Bénard da Costa
Introdução
Ao longo de todo o século passado, os programas de “educação especial” dirigidos para as crianças e jovens com deficiência intelectual acentuada foram marcados, nos países em que este sector educativo assumiu mais vastas dimensões, por diversos factores: (a) a publicação da lei norte americana PL.94/142, (b) os desenvolvimentos de estratégias comportamentalistas, (c) a introdução de programas de educação precoce e, de um modo geral, (d) o progresso nos domínios da avaliação e da intervenção educativa especializada. Uma crescente percentagem desta população passou a ser admitida em estruturas educativas, na maior parte dos casos escolas ou classes especiais, diminuindo progressivamente o número dos que eram excluídos de qualquer programa ou enviados para instituições de carácter assistencial ou psiquiátrico.
No entanto, ao longo dos anos 70, a análise da situação dos jovens com este tipo de deficiência que tinham saído dos programas educativos especiais revelou fragilidade e ineficiência desses mesmos programas. De facto, inúmeros estudos de follow-up realizados em diversos países revelaram que a maioria não tinha conseguido as condições de autonomia e de integração social e laboral que permitissem ter uma vida considerada com qualidade. Com base nestes dados, surgiram diversos estudos e projectos de intervenção que questionaram os programas educativos vigentes, e propuseram caminhos radicalmente diferentes que visassem a preparação destes alunos para uma vida autónoma e integrada. Colocou-se no cerne do processo educativo a questão da transição dos alunos para uma vida activa e foram experimentadas estratégias diversificadas envolvendo, não somente as escolas, mas os serviços de acção social e emprego, os recursos da comunidade, as famílias e os próprios alunos.
É neste contexto que surge, entre muitas outras, a obra do Professor Lou Brown que tivemos ocasião de conhecer e de poder utilizar na orientação do trabalho que realizámos em Portugal e que, neste artigo irei, de forma breve, apresentar. O nosso objectivo com este artigo é oferecer aos educadores uma abordagem que tem revelado enorme eficácia na inclusão educativa, social e profissional desta população a qual, em tão elevadas percentagens se mantém em situações de segregação, inactividade, dependência e solidão.
Em primeiro lugar vamos apresentar a definição da população-alvo destes programas de tipo funcional, tal como ela nos é apresentada por Lou Brown;
Em segundo lugar, centramo-nos sobre os conceitos que norteiam as práticas propostas para as crianças e para os jovens em causa;
Em terceiro lugar referimos as características fundamentais desta abordagem funcional e a forma como ela pode ser posta em prática nas escolas regulares, no meio familiar, na comunidade e nos contextos laborais.
Em quarto lugar focamos as estratégias preconizadas por Lou Brown para aplicação dos programas educativos funcionais.
Em quinto e último lugar enquadramos a perspectiva funcional no contexto da educação inclusiva.
Ana Maria Bénard da Costa
Introdução
Ao longo de todo o século passado, os programas de “educação especial” dirigidos para as crianças e jovens com deficiência intelectual acentuada foram marcados, nos países em que este sector educativo assumiu mais vastas dimensões, por diversos factores: (a) a publicação da lei norte americana PL.94/142, (b) os desenvolvimentos de estratégias comportamentalistas, (c) a introdução de programas de educação precoce e, de um modo geral, (d) o progresso nos domínios da avaliação e da intervenção educativa especializada. Uma crescente percentagem desta população passou a ser admitida em estruturas educativas, na maior parte dos casos escolas ou classes especiais, diminuindo progressivamente o número dos que eram excluídos de qualquer programa ou enviados para instituições de carácter assistencial ou psiquiátrico.
No entanto, ao longo dos anos 70, a análise da situação dos jovens com este tipo de deficiência que tinham saído dos programas educativos especiais revelou fragilidade e ineficiência desses mesmos programas. De facto, inúmeros estudos de follow-up realizados em diversos países revelaram que a maioria não tinha conseguido as condições de autonomia e de integração social e laboral que permitissem ter uma vida considerada com qualidade. Com base nestes dados, surgiram diversos estudos e projectos de intervenção que questionaram os programas educativos vigentes, e propuseram caminhos radicalmente diferentes que visassem a preparação destes alunos para uma vida autónoma e integrada. Colocou-se no cerne do processo educativo a questão da transição dos alunos para uma vida activa e foram experimentadas estratégias diversificadas envolvendo, não somente as escolas, mas os serviços de acção social e emprego, os recursos da comunidade, as famílias e os próprios alunos.
É neste contexto que surge, entre muitas outras, a obra do Professor Lou Brown que tivemos ocasião de conhecer e de poder utilizar na orientação do trabalho que realizámos em Portugal e que, neste artigo irei, de forma breve, apresentar. O nosso objectivo com este artigo é oferecer aos educadores uma abordagem que tem revelado enorme eficácia na inclusão educativa, social e profissional desta população a qual, em tão elevadas percentagens se mantém em situações de segregação, inactividade, dependência e solidão.
Em primeiro lugar vamos apresentar a definição da população-alvo destes programas de tipo funcional, tal como ela nos é apresentada por Lou Brown;
Em segundo lugar, centramo-nos sobre os conceitos que norteiam as práticas propostas para as crianças e para os jovens em causa;
Em terceiro lugar referimos as características fundamentais desta abordagem funcional e a forma como ela pode ser posta em prática nas escolas regulares, no meio familiar, na comunidade e nos contextos laborais.
Em quarto lugar focamos as estratégias preconizadas por Lou Brown para aplicação dos programas educativos funcionais.
Em quinto e último lugar enquadramos a perspectiva funcional no contexto da educação inclusiva.
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