O uso desregrado das novas tecnologias pode ser meio caminho andado para uma má memória na velhice. O cérebro, não sendo um músculo, comporta-se como tal. Se não for usado, enferruja, alertam os especialistas.
"Se não se fizer alguma coisa já, teremos uma geração onde imperará a lei do menor esforço. Estamos a ficar escravos das máquinas. Sem estimulação, o cérebro ficará mais preguiçoso", alerta Manuel Domingos, coordenador da Unidade de Neuropsicologia do Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, e presidente da Comissão Científica da Sociedade Portuguesa de Neuropsicologia.
O cérebro parece estar a cair em desuso para muitas tarefas. Graças ao telemóvel, não é necessário memorizar números. As caixas registadoras fazem os trocos, enquanto o GPS retira a necessidade de ter "mapas mentais" ou pontos de referência. Poupa-se no cálculo e no raciocínio e corre-se o risco de alterar o funcionamento do cérebro, gerando massas cinzentas apáticas, atrofiadas.
Para o neuropsicólogo, as crianças são o grupo de maior risco. Na escola, o cálculo mental anda muito substituído pela calculadora. Em casa, são as consolas, os computadores e a televisão que captam as atenções, porque é mais seguro brincar em casa ou por falta de tempo dos pais, mergulhados nas lides domésticas.
Os circuitos cerebrais envolvidos na interacção com os outros ficam relegados para segundo plano, critica, por seu turno, Ana Queiroz, psicóloga no Porto. A má socialização, o isolamento, as distorções verbais, a dificuldade em interpretar mensagens verbais e de expressão são algumas das consequências nocivas para as crianças decorrentes dos excessos. A estes malefícios acrescem os casos extremos de fotossensibilidade, que podem até descarrilar em crises de epilepsia, quando os monitores passam a ser a única companhia diária.
"A culpa é da sociedade e dos planos de ensino, pelo mau uso que se dá às novas tecnologias e por não se estimular mais o cálculo mental. A escolaridade básica está a ficar muito dependente, escrava da maquinaria", diz o neuropsicólogo Manuel Domingos.
"Em vez de se fazer uma multiaprendizagem, restringem-se as actividades, penalizando a aprendizagem futura", reforça Ana Queiroz, lembrando a facilidade com que uma criança é capaz de aprender duas línguas em simultâneo e como pode ser demorado e difícil alfabetizar um adulto.
Na óptica dos especialistas, exercitar os neurónios enriquece o cérebro. É uma espécie de "seguro" de vida. Uma boa ou má reserva cognitiva será uma defesa ou um risco para a vida futura.
"Fala-se da estimulação cognitiva para prevenir doenças degenerativas, utiliza-se a mesma nessas doenças como forma de atrasar o processo. No entanto, no dia-a-dia, com todos os facilitismos à disposição, não implementamos comportamentos que nos ajudariam a manter as nossa capacidades em constante desenvolvimento. Prevenir nunca fez mal a ninguém", sustenta Ana Queiroz.
"Se não se fizer alguma coisa já, teremos uma geração onde imperará a lei do menor esforço. Estamos a ficar escravos das máquinas. Sem estimulação, o cérebro ficará mais preguiçoso", alerta Manuel Domingos, coordenador da Unidade de Neuropsicologia do Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, e presidente da Comissão Científica da Sociedade Portuguesa de Neuropsicologia.
O cérebro parece estar a cair em desuso para muitas tarefas. Graças ao telemóvel, não é necessário memorizar números. As caixas registadoras fazem os trocos, enquanto o GPS retira a necessidade de ter "mapas mentais" ou pontos de referência. Poupa-se no cálculo e no raciocínio e corre-se o risco de alterar o funcionamento do cérebro, gerando massas cinzentas apáticas, atrofiadas.
Para o neuropsicólogo, as crianças são o grupo de maior risco. Na escola, o cálculo mental anda muito substituído pela calculadora. Em casa, são as consolas, os computadores e a televisão que captam as atenções, porque é mais seguro brincar em casa ou por falta de tempo dos pais, mergulhados nas lides domésticas.
Os circuitos cerebrais envolvidos na interacção com os outros ficam relegados para segundo plano, critica, por seu turno, Ana Queiroz, psicóloga no Porto. A má socialização, o isolamento, as distorções verbais, a dificuldade em interpretar mensagens verbais e de expressão são algumas das consequências nocivas para as crianças decorrentes dos excessos. A estes malefícios acrescem os casos extremos de fotossensibilidade, que podem até descarrilar em crises de epilepsia, quando os monitores passam a ser a única companhia diária.
"A culpa é da sociedade e dos planos de ensino, pelo mau uso que se dá às novas tecnologias e por não se estimular mais o cálculo mental. A escolaridade básica está a ficar muito dependente, escrava da maquinaria", diz o neuropsicólogo Manuel Domingos.
"Em vez de se fazer uma multiaprendizagem, restringem-se as actividades, penalizando a aprendizagem futura", reforça Ana Queiroz, lembrando a facilidade com que uma criança é capaz de aprender duas línguas em simultâneo e como pode ser demorado e difícil alfabetizar um adulto.
Na óptica dos especialistas, exercitar os neurónios enriquece o cérebro. É uma espécie de "seguro" de vida. Uma boa ou má reserva cognitiva será uma defesa ou um risco para a vida futura.
"Fala-se da estimulação cognitiva para prevenir doenças degenerativas, utiliza-se a mesma nessas doenças como forma de atrasar o processo. No entanto, no dia-a-dia, com todos os facilitismos à disposição, não implementamos comportamentos que nos ajudariam a manter as nossa capacidades em constante desenvolvimento. Prevenir nunca fez mal a ninguém", sustenta Ana Queiroz.
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