segunda-feira, 13 de abril de 2020

ENSINO REMOTO DE EMERGÊNCIA VS ENSINO À DISTÂNCIA

Vivem-se momentos de transformação individual, mas também transformação coletiva. A Escola (do Básico ao Superior) não é exceção. Muito se tem feito em Portugal, nos últimos anos, pela transformação das práticas escolares, com a introdução das tecnologias digitais e de metodologias de trabalho distintas, centradas no aluno. O que não imaginámos é que, de repente, nos tirariam a Escola, na forma como a conhecemos, com espaços de aprendizagem, mas também com espaços de socialização presenciais, sendo também estes de aprendizagem. De repente, mudaram-nos o espaço (deste demos logo conta), mas também nos sentimos ‘obrigados’ a mudar os tempos… porque o tempo no virtual não pode ser o mesmo que no presencial, uma vez que o esforço cognitivo nas tarefas síncronas é maior, tanto para os alunos como para os professores.

Tudo isto levou a maioria de nós para uma Escola desconhecida, a que muitos chamamos de ensino a distância, mas que a comunidade científica de Ensino a Distância chamou de ensino remoto de emergência. Ensino a distância é diferente de fazer uma transposição do modelo presencial para o modelo virtual.

Esta mudança repentina, para a qual fomos empurrados, exige-nos que repensemos a planificação, a comunicação e, consequentemente, a avaliação das aprendizagens. Precisamos então de repensar o design para que a aprendizagem aconteça neste novo espaço – o design para aprendizagem a distância.

Será importante redefinirmos objetivos de aprendizagem, sem esquecer as competências e obviamente o realinhar de estratégias e metodologias, adequando-as ao ‘novo espaço’ de aprendizagem e aos objetivos redefinidos.

Repensar a avaliação tem sido um dos aspetos mais críticos em todo este processo. Como avaliar as aprendizagens dos alunos nesta ‘sala de aula virtual’? Primeiro é preciso olhar para a avaliação com a atenção que ela merece. Como algo que nos permite realmente ‘ver’ a progressão do aluno, saber o que aprendeu de facto, e que, em última instância, traduzir-se-á numa nota.

O teste – o mais comum instrumento de avaliação – traz acrescidos medos relativamente à fraude. Terá, com certeza, de ser outro tipo de teste com outro tipo de questões. Também poderá ser o teste em duas fases.

Mas existem outras formas de avaliar as aprendizagens. Se um dos instrumentos de avaliação for um trabalho de grupo, o professor poderá utilizar, no espaço virtual de aprendizagem, as salas simultâneas e ‘entrar’ em cada uma delas e prestar apoio e orientação aos alunos. Também poderão usar o google docs para a escrita do trabalho e assim terá acesso ao contributo de cada aluno.

Os fóruns de discussão (no moodle, por exemplo) podem também servir este propósito. Os portefólios digitais, a escrita colaborativa, as atividades investigativas e posterior elaboração de relatório sobre o desenvolvimento das mesmas, a produção de vídeos, bem como a autoavaliação e a avaliação por pares, permitem fazer avaliação contínua das aprendizagens.

Os professores, uma vez mais, não baixarão os braços e responderão, ao mais alto nível, a mais este desafio que nos foi colocado, agora não pelo Ministério, mas pelo Covid-19. Estou certa de que, depois de tudo isto, a Escola jamais será a mesma, porque cada um de nós será também diferente.

Elsa Fernandes

Fonte: JM Madeira por indicação de Livresco

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