Para fazer face ao perfil do aluno do século XXI era determinante que todo o contexto educativo fizesse ajustes em métodos, recursos, competências e estratégias pedagógicas. As mudanças tecnológicas já impunham há algum tempo ligações fortes e mais continuadas com o sistema educativo, sendo premente a necessidade de adaptação de metodologias de ensino e aprendizagem para se garantir as qualificações que os estudantes necessitam no futuro e a abrir a sala de aula a matérias que respondem a novas necessidades da sociedade e da economia.
Mas esta mudança de forma mais profunda foi sendo adiada sobretudo por falta de recursos tecnológicos e das desigualdades sociais que se manifestavam das diferentes capacidades de acesso à comunicação, informação e conhecimento, quer de professores quer de alunos.
Se o que vivemos actualmente poderá constituir um momento na história do contexto educativo marcante para a reestruturação futura de estratégias pedagógicas e políticas educativas, quem sabe agora que estamos sozinhos com os nossos pensamentos que chegamos à conclusão que a hora recomeçar de uma forma diferente chegou?
Neste momento, quem não fez já um curso on-line sobre as ferramentas para as quais não tinham tido a formação e a preparação prévia necessária ou adequada, como o caso do moodle, zoom, classrrom, entre outras? Quem não usou alguma destas ferramentas para uma chamada, uma reunião, uma aula ou uma formação?
Com ritmos diferentes e diferentes formas de gerir a pressão inerente a estas mudanças o governo, autarquias, escolas, pessoal docente e não docente têm agora a oportunidade de recomeçar o futuro da escola de uma forma diferente. Tenho tido a oportunidade de acompanhar, apoiar e assistir a essa mudança e os resultados para muitos professores que tenho observado prendem-se também com o sentimento de missão e de dever cumprido e a satisfação extraordinária por muitos constatarem a sua própria superação de dificuldades inerentes ao ensino e comunicação à distância.
Proporcionando-se os meios tecnológicos necessários a alunos e professores começará uma nova era da escola pública e do ensino português. Quem sabe que outras vantagens que teremos também junto dos alunos na sua motivação e definição de objetivos de vida?
Algumas estratégias que poderão ser importantes para que o processo de reinvenção aconteça:
- Reconhecer a mudança que atravessamos. O mundo está em reinvenção e em transformação e cabe a cada um a possibilidade de fazer parte;
- Questionamento individual acerca do que pode ser feito em cada dia para que a sua própria aprendizagem individual aconteça seja através da formação, auto-estudo ou treino ou mesmo pela partilha de dúvidas com outros que possam esclarecer;
- Planeamento dos passos diários para se cumprir o que se definiu;
- Analisar o sentido de missão e auto-valorização que poderá surgir quando se consegue ajudar outras pessoas como os pais, os alunos e famílias, sobretudo as maias carenciadas e desfavorecidas;
- Ser prudente e evitar riscos necessários a nível financeiro mas mantendo a vontade e ajuda dos outros com reciclagem de materiais, roupas ou readaptação de consumíveis e arrumação de utensílios que podem ser úteis para si próprio e para outros;
- Gerir o tempo diário com definição de tarefas que permitam a conciliação da vida pessoal e profissional;
- Definir e praticar estratégias de gestão emocional como a meditação, exercício físico e outras práticas que possibilitem a gestão do stress e da ansiedade;
Porque todos os gestos contam, todas as mudanças contam e juntas podem transformar o mundo. Que o que vivemos hoje seja a reinvenção de um futuro mais desafiante e a recompensa de acreditarmos no ensino, na Escola Pública e na dignificação da profissão docente.
Lurdes Neves
Fonte: Observador
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