Política de cortes na administração pública também se faz sentir na Unidade de Surdos de Vila Franca de Xira, que não está contemplada no grupo das Escolas de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos por não ter um número de alunos que o justifique.
Os pais dos alunos da Unidade de Surdos em Vila Franca de Xira estão preocupados com o futuro pedagógico das crianças e queixam-se que a falta de apoio educativo por parte de pessoas especializadas está a prejudicar a aprendizagem dos miúdos com dificuldades auditivas. A unidade apoia oito crianças na EB1 nº 4 do Bairro do Paraíso e mais três que estão em diferentes anos na escola sede Professor Reynaldo dos Santos.
Em Vila Franca, a unidade não está contemplada nas Escolas de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos (EREBAS) porque, segundo a DGESTE (Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares) num e-mail enviado aos pais, “o número de alunos bilingues a frequentar o agrupamento não justifica a continuidade dessa resposta”.
Se o agrupamento fosse considerado nas Escolas de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos era garantido aos alunos o desenvolvimento da Língua Gestual e a sua inclusão em turmas de alunos surdos desde a primária até ao secundário.
Para assegurar o acompanhamento dos alunos, este ano somente foi feita a alocação de uma formadora e de uma terapeuta da fala e Márcia Guedes, representante dos pais, diz que os alunos estão a ser severamente prejudicados pois essa resposta não é suficiente.
“O meu filho, Gonçalo, era aluno de muito bons e agora só consegue ter notas razoáveis o que o deixa bastante frustrado. Não é só o Gonçalo, são todos os alunos”, afirma Márcia deixando outras críticas à forma como o ensino está a ser conduzido. “No início do ano foi colocada uma professora na turma que nem sabia Língua Gestual. A professora não tem culpa, mas o que é que eles estiveram a fazer até à chegada da formadora, passado um mês e meio?”, questiona.
Além disso, este ano a formadora não acompanha os alunos a tempo inteiro pois divide o seu tempo entre as escolas do Agrupamento Reynaldo dos Santos, o que Márcia considera insuficiente. A representante dos pais refere que todos os anos se ouvem boatos sobre o encerramento definitivo da unidade de surdos e que as questões sobre este assunto não são respondidas nem pela diretora nem pela DGESTE.
“Eu não tenho culpa que só nasçam cinco meninos surdos em Vila Franca. Ainda bem que assim o é. Mas temos que zelar pela aprendizagem dos nossos filhos que partem logo em desvantagem relativamente aos outros”, clarifica Márcia.
O MIRANTE contactou a diretora do agrupamento Vera Borges que respondeu que não se iria pronunciar sobre o possível encerramento da unidade apesar de ter dito à representante dos pais que se está a esforçar para obter mais apoios para a unidade de surdos. Relativamente à DGESTE, até ao fecho da edição não foi possível obter uma resposta.
In: O Mirante por indicação de Livresco
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