A minha língua, está aqui
Aqui, na minha mão.
Na minha mão aberta
Na minha mão fechada.
Nos gestos da minha mão.
Nos dedos da minha mão.
Nos meus lábios,
No meu olhar,
No meu gesticular.
No gesto largo
Curto e apertado
Rápido e demorado
Ondulado como as ondas do mar.
Gesto longo, apressado
Lento e demorado
Assim chego
Onde quero chegar.
Com os dedos da minha mão
E com a ajuda do meu olhar
O gesto diz
O que tenho para dizer.
Chego onde quero chegar.
Ninguém me ouve,
Mas todos me vêem.
E nos meus dedos
Em movimentos rendilhados
Polegar alargado
Apontador bem levantado
Uns encolhidos
Outros dobrados.
Em movimentos repetidos
Com os dedos a rodar
Assim faço as letras do abecedário.
Letra a letra
Até o alfabeto terminar.
Ninguém me ouve.
E em silêncio
Ninguém me impede de conversar.
Com olhos amigos
Em mim fixados
Com convicção, comunico
E com energia digo
O que tenho para dizer.
Ninguém me impede
De minha opinião ter.
Com os lábios apertados
Para a frente alongados
Ou para dentro recolhidos
Assim ando eu…
Em silêncio!
Mudo!...
Neste mundo a comunicar
Também a cantar e a dançar
E nas minhas orações
Sem palavras, a rezar!
Manuel Miranda
(Hino - Uma proposta)
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