Os cuidados de saúde mental infantojuvenil são frequentemente vítima de discriminação, sendo a sua necessidade desvalorizada por dirigentes e profissionais de saúde, por desconhecimento e pela existência enraizada na nossa cultura de alguns mitos associados à infância, designadamente:
Mito – a infância e a adolescência são de forma geral os períodos mais felizes na vida da maioria das pessoas, pelo que as situações de doença são raras e não devemos “psiquiatrizar” em excesso.
Facto – pelo menos 15% das crianças e adolescentes têm patologia psiquiátrica a necessitar de algum tipo de ajuda, fruto de circunstâncias individuais ou mais frequentemente do contexto em que crescem e vivem.
Mito – os problemas de comportamento ou a hiperatividade na infância são questões disciplinares, de educação, ou de famílias pobres ou problemáticas.
Facto – os problemas de saúde mental infantil são transversais a toda a sociedade, e os de ansiedade ou depressão são até bastante comuns em adolescentes de famílias diferenciadas com níveis de exigência e responsabilidade acima da média.
Mito – a capacidade de recuperação das crianças que sofrem algum tipo de problema de saúde mental é muito maior que nos adultos, pelo que apenas em casos excecionais são necessárias intervenções especializadas nesta área.
Facto – todos conhecemos e nos lembramos exemplos de adultos de sucesso que tiveram infâncias ou adolescências problemáticas, mas simultaneamente “esquecemos” de forma seletiva que a maioria dos adultos problemáticos tiveram infâncias disfuncionais e frequentemente sem qualquer oportunidade de ajuda para o seu equilíbrio, crescimento e sofrimento mental.
Mito – quem vai a consultas de Pedopsiquiatria, vai tomar medicação o resto da vida.
Facto – uma grande parte das intervenções em consulta de Pedopsiquiatria não implica a toma de medicação, dizendo respeito a ajuda em situações pontuais de crise, problemas que ocorrem ao longo do desenvolvimento, ou ainda a dúvidas sobre o normal e patológico.
In: Público
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