A educação é o único garante de que atingimos todo o nosso potencial, independentemente do contexto socioeconómico onde nascemos. A educação está no cerne de qualquer democracia ou estratégia de desenvolvimento e é provavelmente a única coisa que podemos dar a alguém mas que nunca poderá ser tirada. Na quarta revolução industrial, tema do encontro do Forum Económico Mundial em Davos 2016, a educação foi largamente debatida. A tecnologia poderá expandir as fronteiras e qualidade de acesso à educação mas terá sempre que haver um fator humano e humanizante na mesma. A educação é o garante da mobilidade social e capacidade de adaptação a um mundo onde a mudança é a regra.
A educação e a escola devem ser cada vez mais catalizadores do potencial e impeto de impacto dos jovens e com referência a isso, criei as Mentes Empreendedoras em 2010 para apostar no potencial dos jovens em Portugal e encorajar uma geração de líderes de serviço e cidadãos de impacto. Na altura algumas pessoas mais céticas diziam que a “geração morangos” não queria saber de nada. Quando dei os primeiros workshops nas escolas fiquei impressionado, os alunos tinham uma sensibilidade social extraordinária e ideias e soluções próprias. No entanto os alunos questionavam a sua legitimidade não só de ter as ideias mas serem eles a implementá-las, e foi aí que entraram as Mentes Empreendedoras. A maioria dos professores com quem trabalhamos mais de perto eram entusiastas dos alunos e queriam apoiá-los nos seus projetos, este projeto veio abrir a porta para que o fizessem de uma forma mais objetiva.
Em Davos as pessoas procuram, ouvem e querem colaborar com os jovens, representados pela comunidade dos Global Shapers da qual faço parte. Em Davos as agendas são geridas ao segundo. Foi extraordinário ver o Primeiro Ministro Canadiano Justin Trudeau primeiro pedir à sua equipa para estender o encontro com os global shapers e depois mencionar as nossas conversas nas suas intervenções. Como Professor de secundário que foi, disponibilizou-se imediatamente para tirar uma selfie de apoio à campanha Inspira o teu Professor; “we need to support teachers”. Já a diretora geral da UNESCO Irina Bokova ao ver a minha t-shirt com #Inspireyourteacher pediu-me para tirar uma fotografia comigo do seu telefone e pediu autorização para twitar sobre a nossa campanha. É de uma pessoa ficar sem palavras.
Num mundo volátil e incerto, a aprendizagem através de projetos é fundamental para o autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e preparação para o “mundo real”. Existem inúmeros jovens com fome de impacto e de provarem a si próprios do que são feitos. Vejo tanto nas Mentes Empreendedoras como nos meus alunos da Nova SBE uma vontade de deixar a sua marca. O processo de procurar ter impacto é tão desafiante quão rico em lições. Este é um processo de desenvolvimento de competências transversais ou soft skills ao serviço da comunidade. Na 4ª revolução industrial a capacidade de gerir a incerteza será uma competência chave. Na discussão “O Futuro da Educação: Lições em contexto de incerteza” identifiquei-me com a menção da importância da educação para a cidadania e participação na sociedade pelo Emissário Especial para Educação Global, Gordon Brown. Já o CEO da Adecco, Alain Dehaze, destacou a importância das soft skills nomeadamente da criatividade e de colaborar, algo que na sua opinião as máquinas ainda estão longe de atingir.
O Inspira o teu Professor surge exatamente para criar foco perante a incerteza. Nos últimos anos as Mentes Empreendedoras têm encontrado os professores desmotivados e cansados. O Inspira o teu Professor nasceu para recuperar e reforçar a missão social dos professores. Como mostra o estudo de PISA da OCDE, depois do contexto socioeconómico, os professores são o maior garante de desempenho escolar dos alunos. Através de um workshop de 90m sensibilizamos os alunos para o impacto que os professores têm na sua vida e desafia-mo-los a produzir conteúdos como videos, fotografias e cartas para inspirar professores. Recordo-me do piloto onde os alunos diziam que “nós dizemos coisas que não pensamos, e pensamos coisas que não dizemos”. Independentemente do sistema em vigor na educação, quanto mais motivados estiverem os professores, melhor. A educação é um assunto que diz respeito a todos e, como Mentes Empreendedoras e sociedade civil, quisemos dar o nosso contributo. O forum económico mundial tem sido um ambiente onde estas ideias são discutidas, melhoradas e as pessoas aderem. Troquei impressões com uma pessoa que trabalhava na Coursera, uma reconhecida Startup que oferece formação online, e a própria reforçava que a tecnologia é um catalizador mas não trabalha sem os professores. O que senti na participação da nossa campanha em Davos é que para toda a gente a mensagem era clara e o assunto prioritário. Do nosso lado vamos continuar a Inspirar Professores e a ajudar a que na 4ª Revolução Industrial o fator Humano tenha muito impacto.
Fonte: Económico por indicação de Livresco
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