quarta-feira, 10 de março de 2010

Ensino especial alvo de críticas


A Confederação de Pais e Associação Portuguesa de Dislexia querem que o Governo altere o funcionamento do ensino especial. O Ministério da Educação rejeita as críticas.
A Associação Portuguesa de Dislexia vai pedir, nos próximos dias, um encontro com a ministra da Educação, a quem quer apresentar um conjunto de propostas para o ensino especial.
A presidente da associação, Helena Serra, diz que com a classificação que foi introduzida pelo anterior Governo a grande maioria das crianças disléxicas deixou de receber apoios especiais.
«A classificação é cega, por exemplo no caso da dislexia quase todos ficaram de fora», afirma Helena Serra, lamentando que os professores nem sequer tenham formação para lidar com este tipo de alunos.
A Associação Portuguesa de Dislexia espera agora que a nova ministra esteja mais sensível para esse problema, aceitando colocar nas escolas um coordenador para os alunos que necessitam de um apoio especial.
Num estudo divulgado recentemente, a FENPROF denunciava que, com a mudança de regras, houve cerca de 20 mil crianças com necessidades educativas especiais que ficaram fora do sistema, a maior parte alunos disléxicos, hiperactivos ou sobredotados.
Manuel Rodrigues, da federação de professores, acusa mesmo o Governo de estar a comprometer o futuro de muitas crianças.
«É uma política que está a destruir percursos de vida», salienta.
A FENPROF denuncia também a falta de professores com formação adequada, mas o Governo rejeita todas estas críticas.
Filomena Pereira, a responsável do ministério da Educação pelo ensino especial, diz não ter recebido qualquer queixa, garante ainda não haver falta de professores e afirma também que, se há escolas com falta de meios, a culpa, nomeadamente no apoio aos alunos disléxicos, não pode ser atribuída ao Governo.
Apesar destas garantias do Executivo, as queixas contra as novas regras do ensino especial não partem apenas da associação portuguesa de dislexia.
A Confederação das Associações de Pais, embora considere positiva a criação de escolas de referência para as crianças com necessidades educativas especiais, contesta o facto de ficarem muito distantes da grande parte dos estudantes que são assim obrigados a passar todo o dia longe de casa. Maria José Salgueiro diz que a Confap tem vindo a receber muitas queixas.
A Confederação das Associações de Pais reclama por isso um alargamento da rede de escolas de referência e sobre este ponto o Ministério da Educação demonstra alguma abertura.
Filomena Pereira não se compromete, mas admite que o Governo venha a dar resposta a este problema e diz que está também a avaliar a necessidade de alargar o número de escolas com ensino bilingue para crianças surdas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Olá João, o que entendes por colocar um Coordenador para os alunos que necessitam de Educação especial? Será um coordenador do grupo sem componente lectiva? Se for isso acho muito bem porque não são reduções de 2h que dão tempo ao coordenador para realizar um bom trabalho de articulação. Depois, e como é uma área muito burocrática, terá que trabalhar muito em casa para que consiga orghanizar o trabalho de grupo.Depois há ainda as referenciações, as avaliaçãoes, encaminhamentos... é muita coisa e como diz o ditado, "sem ovos não se fazem omeletes"

João Adelino Santos disse...

Olá "Anónimo"
O papel do coordenador do departamento de educação especial exige muito tempo, empenho, desgaste, porque implica muita burocracia, problemas para resolver, contactos a efectuar. Comparativamente com outros departamentos, é mais exigente, trabalhoso.
Quanto à possibilidade do coordenador ficar sem componente lectiva, é uma questão que deve ser debatida e apresentada à tutela.
No contexto actual, o enquadramento legislativo da educação não permite essa ausência da componente lectiva. Inclusivamente, alguns agrupamentos/escolas não possuem departamento criado, nem coordenador! Talvez se devesse começar por definir claramente a existência do departamento, do coordenador e, então, definir as condições de funcionamento! De facto, duas horas é muito pouco!

Atena disse...

Olá,
Prof. João esta questão é muitíssimo pertinente e pergunto até, se ainda não foi colocada esta questão ao Ministério de Educação, seja pelas associações de professores, seja por pais, seja por quem for? Isto porque sem duvida que um coordenador - conforme aqui descrevem, não terá hipotese de efectuar todo o serviço burocrático e de gestão do dito departamento de ensino especial de um agrupamento de escolas, e ao mesmo tempo dar apoio educativo especial às crianças abrangidas. Parece-me simples de perceber.
Talvez quem esteja "longe" destas realidades práticas é que não o perceba, pelo que haveria que denuncia-lo, dizê-lo, sugeri-lo...comprovando-o e exigindo alterações.
Das duas uma, ou não se cria essa figura, (e parece-me que isso seria uma falha), ou não se pode pedir a uma pessoa que o faça sozinha, porque alguma coisa ficará para trás, por muito competente que tal profissional seja. Compete aos implicados nestes temas, tanto quem tem essa "missão" e responsabilidade, como talvez aos pais, reparar o que não está bem. Por vezes não dou opinião nesta matéria para não estar a entrar em campos que, de certa forma, não são os meus de mãe, mas que obviamente me atingirão. Acho que se deve deixar um pouco à consideração do professor ou coordenador em questão a luta por melhor "dignificar" o seu trabalho. O problema é que também calculo que seja muito complicado este "queixar-se" - ele próprio queixar-se do seu trabalho e da incapacidade de executar tantas e tão exigentes tarefas, conseguindo fazer com que o oiçam! Por isso digo sempre que como mãe, estou à disposição para abertamente reflectirmos sobre estas questões, que ninguém me diz ou se queixa... eu é que tenho sensibilidade para as depreender. Por vezes os pais têm outra força, ou juntos têm mais força. Talvez nesta questão das condições de trabalho os pais possam ser encarados como mais isentos, não sei... O que sei é que como está não funciona de certeza e fico satisfeita com a tomada de posição da Confederação das associações de pais, quanto a esta matéria. Relativamente aos alunos que estão fora dos apoios, concordo totalmente com a luta, como mãe e porque estes temas sã dos seus pais. O assunto é demasiado sério para se estarem a negligenciar crianças com dificuldades como as que refere. Não se podem comprometer o futuro de tantos, que por não terem incapacidades maiores, ficam sem qualquer espécie de apoio... e de certa forma fica estranha também a situação da CIF para aferição das incapacidades das crianças, que sendo abrangidas por esse documento, são aqueles que sem duvida se podem distinguir por indubitável deficiencia. Ou seja A CIF como instrumento descrimina claramente os "deficientes" dos não deficientes, entende-me!? No entanto isso para nós é "um mal menor" porque o que precisamos são de recursos e de os ir aumentando e melhorando... mas a CIF parece-me, de facto, algo pefeitamente dispensável, a não ser para colocar de fora quem não seja abrangido pelos seus critérios.
Abraço
Cristina