segunda-feira, 8 de março de 2010

Menino surdo e cego precisa de apoio especial


Pedro tem oito anos. Não vê. Não ouve. E, segundo a mãe, não tem o acompanhamento técnico necessário na escola, a EB1 de S. Cristóvão, em Cinfães. A Direcção Regional de Educação do Norte garante que menino está a ser alvo de cuidados especializados.
Clara Pereira, 31 anos, assegura que o filho - sofre de surdocegueira - não consegue aprender porque não há quem consiga comunicar com ele. Pedro já tinha sido notícia quando era ainda bebé. Então, contava as dificuldades que a família encontrava para tratar da criança, com diversos problemas de saúde. Pedro lutou para resistir à sua débil condição e agora enfrenta as dificuldades de quem precisa de ajuda especializada. A mãe também não desiste de proporcionar ao filho as melhores condições possíveis.
Segundo a informação clínica, Pedro Gonçalo necessita de atendimento multidisciplinar e apoio do ensino especial. O apoio existe, mas, segundo afirmou a mãe da criança, é insuficiente.
O menino aprendeu o que sabe em Saragoça, Espanha, onde viveu com os pais, obrigados a emigrar em busca de um futuro melhor, e um irmão. Após o regresso, Clara Pereira matriculou o filho na escola da terra natal.
"Em Espanha, o Pedro estava acompanhado por uma professora especializada em surdocegueira. Também tínhamos o apoio de uma associação de pais especializada nessa doença", contou Clara Pereira. Nos últimos dois anos, tudo que o filho assimilou "está a perder-se, dia após dia", lamentou. "A DREN [Direcção Regional de Educação do Norte] não está a resolver o problema como seria de esperar", denuncia Clara Pereira, desesperada perante a possibilidade de criar um filho com quem não pode comunicar.
Na troca de correspondência, a DREN, em 14 de Janeiro de 2009, reconhecia que não se afigurava fácil "manter um corpo de docência com formação especializada em surdocegueira, capaz de responder adequadamente às necessidades de educação destes alunos, visto que são uma minoria dentro da minoria que constitui o grupo alvo de Educação Especial".
No entanto, em parceria com o agrupamento de ensino local, a DREN criou, naquela vila do Douro Sul, uma Unidade de Apoio Especializado para a Educação de Alunos com Multideficiência e Surdocegueira Congénita.
"É uma unidade que tem quatro alunos, sendo um deles o Pedro. São acompanhados a nível pedagógico por dois professores especializados a tempo inteiro", explicou fonte da DREN.
De acordo com o mesmo interlocutor, a unidade "tem ainda dois auxiliares a tempo inteiro". "O aluno é acompanhado por uma auxiliar no percurso casa/escola. É transportado de táxi sem encargos para a família e tem ainda apoio de uma terapeuta ocupacional e de um terapeuta da fala", acrescentou.
Técnicos vão logo embora
Clara Pereira reconhece que a DREN tem colocado técnicos, mas argumenta que os profissionais vão logo embora porque são incapazes de comunicar com o Pedro. O menino precisa de alguém que saiba ultrapassar, em simultâneo, a cegueira e a surdez.
"Mas o que tem acontecido é que os técnicos ou são especialistas na surdez ou na cegueira, mas não em surdocegueira", precisou, em tom agastado, Clara Pereira, à espera de ver implementada uma solução adequada às necessidades do filho.
Outro texto sobre o mesmo assunto, no Correio da Manhã, de 2 de Fevereiro.

2 comentários:

Atena disse...

Tanto que me entritece a situação aqui relatada. Mas fez bem publicar porque são realidades e há que denunciar estas situações. Infelizmente imagino que ocorram em grande numero de crianças com NEE no nosso país. Começo a achar que bons acompanhamentos e apoios adequados, são situações de excepção. Mas não me resigno, assim como acho que não nos devemos resignar... devemos exigir melhores condições, mais respeito, devemos reclamar pelos seus direitos. Denunciar situações precárias, etç.

João Adelino Santos disse...

Olá Cristina
Publicar, denunciar estas situações, pode levar à sua resolução! Assim o espero!
Existem muitas "arestas" a limar neste processo de inclusão!
Abraço
João Adelino