quarta-feira, 24 de março de 2010

Escola sem condições para alunos deficientes


Pedro tem 10 anos e está numa cadeira de rodas por causa de uma paralisia cerebral. Em Setembro, gostava de começar o 5.º ano com os seus amigos na EB2,3 Francisco Torrinha, no Porto. Mas a falta de condições para deficientes poderá obrigá-lo a mudar de escola.
Desde Outubro que os pais de Pedro tentam preparar a sua inscrição na EB 2,3 Francisco Torrinha que, além de ficar a 300 metros de casa, faz parte do agrupamento escolar onde estuda desde os seis anos. Está referenciado como aluno com necessidades especiais desde o infantário.
Mas, na hora de Pedro mudar de ciclo, a família esbarrou na falta de condições da escola que não tem elevador, rampas ou casas de banho adaptadas, apesar do acesso ao ensino por parte do cidadão com deficiência estar, desde logo, previsto na Constituição.
Alexandra Moreira, mãe do aluno, começou por reunir-se, há quase seis meses, com a direcção da escola, reclamando obras para adaptar o espaço.
Em Novembro, contactou directamente a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), solicitando uma resposta. E, em particular, o Gabinete de Apoio ao Ensino Especial (GAEE). A 27 do mesmo mês, foi informada pela escola de que uma equipa de engenheiros da DREN tinha estado no local para avaliar a situação.
Após várias tentativas, Alexandra Moreira conta que, finalmente, conseguiu uma reunião, a 19 deste mês, com o director-adjunto da DREN, a responsável pelas obras e a coordenadora do GAEE. Ali, foi informada de que "as obras não iriam ser feitas porque não tinham dinheiro", contou a mãe de Pedro ao JN, explicando que uma das soluções propostas pela escola era a colocação de um elevador exterior, uma vez que os degraus dentro e fora do edifício são obstáculos para a cadeira de rodas. Na mesma reunião, diz que lhe foram propostas outras escolas, entre as quais uma "junto ao Estádio do Bessa e mesmo em Aldoar".
DREN diz que há solução
Por sua vez, fonte da DREN garantiu que está ainda "a analisar uma situação alternativa" para que Pedro estude na EB 2,3 Francisco Torrinha e que, ontem, dois técnicos estiveram no local. "Somos parte interessada na resolução do problema", assegurou.
Ontem, ao início da tarde, Alexandra Moreira disse que se mantinha a recusa em realizar as obras. Só ao final da tarde foi contactada pela DREN, que lhe perguntou se concordava com a colocação de um elevador para escadas, ou tractorino, no interior do edifício, relatou a mãe de Pedro. Mas garante que a família já tinha feito essa mesma proposta.
À espera de uma avaliação final, conta que, "quando não chove", Pedro pode deslocar-se de cadeira de rodas até à escola e que, uma vez que os pais trabalham, são "os avós ou a empregada" que o vão buscar. Mais um motivo, diz, para não ser possível mudar de escola. Além disso, grande parte dos colegas passaram para a EB 2,3 Francisco Torrinha. "Tenho aqui os meus amigos", disse Pedro, acrescentando que esta também "fica à porta", tal como a primária onde está, a EB 1 S. João da Foz. Nesta escola, conta a mãe, o espaço não está totalmente adaptado, mas é mais facilitado o acesso e tem apoio do professor de ensino especial e do tarefeiro.
Anteontem, os pais de Pedro enviaram uma reclamação à DREN. Antes disso, o Bloco de Esquerda apresentou um requerimento questionando o Ministério da Educação sobre o assunto.

3 comentários:

Atena disse...

E é assim um pouco por todo o nosso país que se encaram estas situações... É vergonhoso! Ninguém se compadece com estas necessidades, e não há respeito nem pelas crianças que têm estas dificuldades, nem pelas suas familias. Isto alguma vez era situação que se obrigasse a criança e mãe a passar? Por acaso a instrução não tem nenhum efeito benéfico sobre as pessoas, que na prática se comportam como perfeitos ingnorantes? O atraso das mentalidades tão badalado vê-se naquelas que teriam obrigação de estar já mais evoluídos, e é devido a esta atraso, a esta falta de sentido civil e social que ocorrem estes casos, que em pleno seculo XXI teimam em fazer parte do nosso país dito desenvolvido. Falta dinheiro não é? De facto as ditas obras de adaptação devem ser de um valor incalculavel! Parece impossivel!

João Adelino Santos disse...

O Estado tem destas coisas, aprova e manda aplicar a lei das acessibilidades, mas "esquece-se" de a cumprir!

Anónimo disse...

Ando nesta escola ,antes de falarem das obras que é preciso fazer, devem antes falar que este aluno tinha aula nos auditório um sitio totalmente acessivel e uma sala com Quadros Interactivos e computadores até com mais possibilidades que qualquer outra sala. Este aluno tem os melhores professores que a escola tem inclusive que já foram meus professores. Estes professores trabalham com alunos com muito mais dificuldade do que o Pedro. No entanto existem escolas completamente adaptadas com muito mais possibilidades para estes alunos que não são usadas porque estes alunos querem vir para escola perto da residência(o que compreendo). Outra coisa é a maneira como esta escola está ser tratada porque tenho colegas que muitos vêm da maia para terem aulas aqui porque é uma escola excelente. E mais digo este aluno é ingrato com muitos funcionários que o ajudam e agora já tem um elevador gigante!!!!!!!