segunda-feira, 18 de maio de 2009

Associação de apoio a crianças autistas quer criar centro ocupacional



A secretária da direcção do núcleo, Susana Noronha, com dois filhos autistas, explicou à Agência Lusa que o objectivo é que «os pais possam ter um local onde deixar as filhos e onde sabem que vai haver trabalho de continuidade após a escola».

«Muitas vezes os espaços de actividades de tempos livres colocam obstáculos em receber crianças às quais foi diagnosticado autismo», revelou Susana Noronha.

A responsável adiantou que o espaço, além de albergar a sede do núcleo da APPDA, criado há dois meses, e o centro ocupacional, quer também evoluir para lar residencial.

«Pretendemos que essa valência seja uma realidade para o caso, por exemplo, de uma família ter um problema de saúde e não ter onde deixar a criança», esclareceu.

A dirigente sublinhou que a associação deseja que o centro seja de «apoio às crianças e também aos pais”, onde “possam buscar ajuda técnica profissional», além de trocarem experiências.

Oficinas de trabalho, para que crianças e jovens possam aprender um ofício e terem alguma autonomia, e colóquios nos quais pais possam aprender a melhorar a vida dos filhos estão também entre os objectivos, referiu Susana Noronha.

A coordenadora do Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID) do Instituto Politécnico de Leiria, Célia Sousa, que colabora com a associação, explicou que existem cerca de uma centena de crianças e jovens autistas em idade escolar na região de Leiria.

Célia Sousa esclareceu que estes números se reportam à área entre os concelhos de Pedrógão Grande e Porto de Mós, onde funcionam dez unidades de ensino estruturado para a educação de alunos com espectro de autismo, prevendo-se a abertura, no próximo ano lectivo, de mais dois.

A responsável do CRID, entidade que desenvolve software na área da comunicação, considera a criação de um centro ocupacional fundamental, apontando a inexistência de apoio na região para estas crianças após o horário lectivo.

«A sociedade não tem respostas para este tipo de população», declarou Célia Sousa, referindo-se ao autismo como «uma alteração que afecta a capacidade de criança de comunicar, estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente que a rodeia».

Por outro lado, Célia Sousa afirmou que o centro é também «importante para os pais, para descansarem, para uma vez ou outra poderem fazer coisas como os outros», como ir jantar ou passar um fim-de-semana de fora.

«As crianças com autismo são muito exigentes», realçou a coordenadora do CRID, centro que recebe por semana cerca de duas dezenas de utentes com autismo.

Sol Online

Sem comentários: