terça-feira, 14 de abril de 2009

Espaços para deficientes estão sobrelotados


Os números falam por si. Os espaços para acolher pessoas com deficiência são poucos e estão sobrelotados.
Esta é uma das principais carências sociais da cidade do Porto, que também não presta muita atenção aos idosos.
O levantamento dos apoios sociais existentes, feito pelo Gabinete de Estudos e Planeamento da Câmara, no âmbito do pré-diagnóstico da Rede Social do Porto, revela "um reduzido número de equipamentos para pessoas adultas com deficiência", sendo que a maioria está concentrada no centro e zona oriental da cidade. Resultado: a taxa média de ocupação destes espaços e serviços ultrapassa, muitas vezes, os 100%.
As respostas são poucas para tantos pedidos de famílias que querem proporcionar o melhor aos seus filhos portadores de deficiência. Foi essa realidade que o JN constatou junto da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (APPC) do Porto. "As solicitações são sempre mais do que a nossa capacidade de resposta", explica Manuela Santos, directora técnica do Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) da APPC na Rua Delfim Maia.
Aquela associação tem várias valências: duas unidades residenciais, uma temporária no Porto outra definitiva em Gondomar. Para ambas, "há cada vez mais pedidos, sobretudo por parte das famílias que vão envelhecendo e querem garantir a segurança dos seus filhos com deficiência", explica Abílio Cunha, presidente da direcção da APPC Porto.
Conta ainda com três centros de Actividades Ocupacionais (dois no Porto e um em Valbom), uma espécie de escola/espaço de formação que os utentes frequentam das 9 às 17 horas e onde de-senvolvem trabalhos de pintura, barro, carpintaria, têxteis, teatro e actividades no exterior. Cada um destes centros acolhe 30 jovens e adultos num estado de grande dependência, sem perfil académico nem profissional. E, pelo exemplo do CAO da Rua Delfim Maia, está tudo a rebentar pelas costuras.
Segundo o pré-diagnóstico social do Porto, que se baseia em dados de 2008 da Segurança Social, no Porto há 14 centros de Actividades Ocupacionais, distribuídos por mais de metade das freguesias do concelho.
"A sua procura excede a oferta nomeadamente nos equipamentos do Bonfim, Campanhã, Lordelo do Ouro, Paranhos e Ramalde, o que cifra a taxa média de ocupação nos 108%", pode ler-se no documento. Também os lares residenciais, cinco na freguesia de Campanhã e dois em Santo Ildefonso, têm ocupações acima das capacidades (103%).
Nas unidades com valência de centro de atendimento/acompanhamento para deficientes - distribuídas pelas freguesias do Bonfim, Cedofeita e Paranhos - a taxa média de utilização é de 100%.
Os apoios aos idosos ficam também muito aquém das necessidades de uma população cada vez mais envelhecida. As taxas de ocupação dos centros de convívio, centros de dia e lares anda entre os 80% e os 90%, sendo que muitas freguesias não têm qualquer valência.
Este levantamento vai integrar o Diagnóstico Social do Porto, um estudo aprofundado da Universidade Católica do Porto que deverá estar concluído no Verão. "Daí resultará não só a avaliação da intervenção na cidade, mas também um plano de acção para o desenvolvimento social", explica a Câmara do Porto.

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