Era um desejo que tinha desde menina: adoptar uma criança. Aos 20 anos, ligou para a Segurança Social para se informar do processo mas disseram-lhe que, tratando-se de uma adopção singular, teria que ter pelo menos 30 anos. Maria João Pereira esperou e, a 7 de Outubro de 2005, então com 34 anos e a certeza de que estava pronta para entrar na grande aventura, entregou os papéis do processo. Sempre disse que "queria uma criança que ninguém quisesse" e nenhuma diferença a faria desistir.
Dada a sua abertura, Maria João saiu da primeira entrevista "com a certeza de que iria ter uma criança de outra etnia e com trissomia 21". A sua previsão confirmou-se: menos de um ano depois, foi contactada com a notícia de que havia um menino pronto a ser adoptado. Bruno, filho de pais guineenses, a quem havia sido retirado pelo tribunal, e portador de trissomia 21, ia fazer três anos e aguardava que alguém o fosse buscar à "Ajuda de Berço" para lhe dar um colo, muito mimo e um lar.
Maria João confessa que teve algumas dúvidas. "Será que tenho capacidade para adoptar uma criança diferente?", questionava-se. Diz que o "maior disparate" que fez na vida foi pedir opinião à família. "Toda a gente estava contra". Só uma amiga, hoje madrinha de baptismo do Bruno, a apoiou sem reservas, embora a alertasse para as dificuldades. "Tens que esperar o pior", dizia-lhe.
As dúvidas dissiparam-se e a 4 de Outubro de 2006, dois dias antes de Bruno fazer três anos, Maria João foi com a mãe conhecê-lo à Ajuda de Berço. "Se eu já achava que o queria, depois de o ver acabou-se". Não se deixou intimidar pelas reacções do menino, que olhava as pessoas de lado, não sabia brincar nem beijar. "Já me tinha apaixonado por aquele menino. Era impossível dizer 'não'".
O processo de adaptação devia demorar um mês, mas uma semana depois Maria João, gestora de qualidade numa empresa de Castanheira do Ribatejo, levava Bruno para casa, no Algueirão, Sintra. "É o meu tesourinho", diz, nome do blogue que criou para o filho. Rapidamente a criança foi acolhida pela família - o avô só lamenta que ainda fale tão pouco - e Bruno aprendeu a dar beijos gostosos. Vai à escola e, para o ano, muito provavelmente, irá para o 1º ano.
Bruno é acompanhado por uma psicóloga e uma terapeuta da fala. A mãe acredita que, um dia, será independente. Não se sente uma mãe-coragem, mas admite que "de santa a louca" já lhe chamaram de tudo. Provavelmente, o que mais lhe custou ouvir foi este comentário discriminatório: "Foi para a cama com um preto e saiu-lhe aquilo". Ela não merecia.
Dada a sua abertura, Maria João saiu da primeira entrevista "com a certeza de que iria ter uma criança de outra etnia e com trissomia 21". A sua previsão confirmou-se: menos de um ano depois, foi contactada com a notícia de que havia um menino pronto a ser adoptado. Bruno, filho de pais guineenses, a quem havia sido retirado pelo tribunal, e portador de trissomia 21, ia fazer três anos e aguardava que alguém o fosse buscar à "Ajuda de Berço" para lhe dar um colo, muito mimo e um lar.
Maria João confessa que teve algumas dúvidas. "Será que tenho capacidade para adoptar uma criança diferente?", questionava-se. Diz que o "maior disparate" que fez na vida foi pedir opinião à família. "Toda a gente estava contra". Só uma amiga, hoje madrinha de baptismo do Bruno, a apoiou sem reservas, embora a alertasse para as dificuldades. "Tens que esperar o pior", dizia-lhe.
As dúvidas dissiparam-se e a 4 de Outubro de 2006, dois dias antes de Bruno fazer três anos, Maria João foi com a mãe conhecê-lo à Ajuda de Berço. "Se eu já achava que o queria, depois de o ver acabou-se". Não se deixou intimidar pelas reacções do menino, que olhava as pessoas de lado, não sabia brincar nem beijar. "Já me tinha apaixonado por aquele menino. Era impossível dizer 'não'".
O processo de adaptação devia demorar um mês, mas uma semana depois Maria João, gestora de qualidade numa empresa de Castanheira do Ribatejo, levava Bruno para casa, no Algueirão, Sintra. "É o meu tesourinho", diz, nome do blogue que criou para o filho. Rapidamente a criança foi acolhida pela família - o avô só lamenta que ainda fale tão pouco - e Bruno aprendeu a dar beijos gostosos. Vai à escola e, para o ano, muito provavelmente, irá para o 1º ano.
Bruno é acompanhado por uma psicóloga e uma terapeuta da fala. A mãe acredita que, um dia, será independente. Não se sente uma mãe-coragem, mas admite que "de santa a louca" já lhe chamaram de tudo. Provavelmente, o que mais lhe custou ouvir foi este comentário discriminatório: "Foi para a cama com um preto e saiu-lhe aquilo". Ela não merecia.
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