Jornais em braille são uma raridade em Portugal mas os invisuais já podem «ler», diariamente, notícias frescas na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, graças a um inovador «scanner» com voz.
«É só pegar no jornal, digitalizá-lo e esperar que o "scanner" nos leia as notícias. Quem diz um jornal, fala num livro, numa revista ou num outro documento qualquer, obviamente», explicou, à Lusa, a responsável pela sala de leitura especial daquela biblioteca.
«É só pegar no jornal, digitalizá-lo e esperar que o "scanner" nos leia as notícias. Quem diz um jornal, fala num livro, numa revista ou num outro documento qualquer, obviamente», explicou, à Lusa, a responsável pela sala de leitura especial daquela biblioteca.
Ana Paula Pereira, 39 anos, invisual, garante que com as facilidades que a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo proporciona, ninguém tem desculpas para não ler. «Aqui, só não lê quem não quer», afirma.
Em braille, o espólio, para já, cinge-se a 37 títulos, sobretudo de romance e ficção, em que figura, à cabeça, o «Ensaio sobre a Cegueira», de José Saramago.
Para ler com os dedos
Mas, para ler com os dedos, há também, entre outras, obras de Inês Pedrosa, Pedro Paixão, Paulo Coelho, Luís Sepúlveda ou um livro de receitas do Pingo Doce. Há ainda uma edição mensal do Jornal de Notícias e das revistas Visão, Activa e Rosa-dos-Ventos.
Neste momento, Ana Paula Pereira está a trabalhar na criação de livros infantis em braille, com ilustrações tácteis, já que, como sublinhou, esta é uma das principais lacunas do espaço.
Na gráfica já está a ser ultimada a história «Os ovos misteriosos», que aquela responsável espera pronta em Abril, por ocasião do Dia Mundial da Literatura Infantil.
Enquanto isso, Ana Paula tem já em mãos a «confecção» de um segundo livro infantil, intitulado «Poemas para meninas e meninos pequeninos».
Livro no computador
«Digitalizo o livro, transporto-o para o computador, faço as correcções e trato o texto, deixando-o prontinho para a impressão em braille», afirma.
Mas aquele espaço de leitura especial da Biblioteca de Viana do Castelo dispõe ainda de 900 títulos em formato digital, que são enviados pela Internet aos leitores que os requisitarem, em qualquer parte de Portugal. «Até tenho leitores no Alentejo», assegura Ana Paula.
Outra das ofertas da biblioteca é uma lupa electrónica, para facilitar a leitura àqueles que, não sendo cegos, têm uma grande insuficiência visual.
Uma espécie de ABC
Ana Paula também já criou o chamado Laboratório da Grafia Braille, uma espécie de ABC daquele tipo de linguagem, que explica como é criada cada letra.
Ana Paula Pereira foi professora de Geografia, Português e História de Portugal, mas entretanto cegou e viu-se obrigada a abandonar a carreira docente, face à forma, que qualificou como «desumana», como decorrem os concursos.
«No primeiro ano depois de cegar, fiquei em Lanheses [concelho de Viana do Castelo], e correu tudo muito bem. O pior viria a seguir. Fui desterrada para um bairro social no Porto, para dar aulas à noite. Já viu o risco que era andar sozinha, com um portátil às costas, à noite? Achei que era absolutamente desumano e que não merecia aquilo e desisti», contou.
Entretanto, arrancou a construção da nova Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, com uma sala de leitura especial destinada a invisuais e Ana Paula candidatou-se ao lugar de responsável pelo espaço e ganhou o concurso.
A biblioteca foi inaugurada em Janeiro de 2008 e é desde então o seu posto de trabalho. Ana Paula Pereira vai para o serviço sempre acompanhada da sua cadela Lamy, «uma fiel companheira e uma excelente guia».
Em braille, o espólio, para já, cinge-se a 37 títulos, sobretudo de romance e ficção, em que figura, à cabeça, o «Ensaio sobre a Cegueira», de José Saramago.
Para ler com os dedos
Mas, para ler com os dedos, há também, entre outras, obras de Inês Pedrosa, Pedro Paixão, Paulo Coelho, Luís Sepúlveda ou um livro de receitas do Pingo Doce. Há ainda uma edição mensal do Jornal de Notícias e das revistas Visão, Activa e Rosa-dos-Ventos.
Neste momento, Ana Paula Pereira está a trabalhar na criação de livros infantis em braille, com ilustrações tácteis, já que, como sublinhou, esta é uma das principais lacunas do espaço.
Na gráfica já está a ser ultimada a história «Os ovos misteriosos», que aquela responsável espera pronta em Abril, por ocasião do Dia Mundial da Literatura Infantil.
Enquanto isso, Ana Paula tem já em mãos a «confecção» de um segundo livro infantil, intitulado «Poemas para meninas e meninos pequeninos».
Livro no computador
«Digitalizo o livro, transporto-o para o computador, faço as correcções e trato o texto, deixando-o prontinho para a impressão em braille», afirma.
Mas aquele espaço de leitura especial da Biblioteca de Viana do Castelo dispõe ainda de 900 títulos em formato digital, que são enviados pela Internet aos leitores que os requisitarem, em qualquer parte de Portugal. «Até tenho leitores no Alentejo», assegura Ana Paula.
Outra das ofertas da biblioteca é uma lupa electrónica, para facilitar a leitura àqueles que, não sendo cegos, têm uma grande insuficiência visual.
Uma espécie de ABC
Ana Paula também já criou o chamado Laboratório da Grafia Braille, uma espécie de ABC daquele tipo de linguagem, que explica como é criada cada letra.
Ana Paula Pereira foi professora de Geografia, Português e História de Portugal, mas entretanto cegou e viu-se obrigada a abandonar a carreira docente, face à forma, que qualificou como «desumana», como decorrem os concursos.
«No primeiro ano depois de cegar, fiquei em Lanheses [concelho de Viana do Castelo], e correu tudo muito bem. O pior viria a seguir. Fui desterrada para um bairro social no Porto, para dar aulas à noite. Já viu o risco que era andar sozinha, com um portátil às costas, à noite? Achei que era absolutamente desumano e que não merecia aquilo e desisti», contou.
Entretanto, arrancou a construção da nova Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, com uma sala de leitura especial destinada a invisuais e Ana Paula candidatou-se ao lugar de responsável pelo espaço e ganhou o concurso.
A biblioteca foi inaugurada em Janeiro de 2008 e é desde então o seu posto de trabalho. Ana Paula Pereira vai para o serviço sempre acompanhada da sua cadela Lamy, «uma fiel companheira e uma excelente guia».
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