A dificuldade de atenção não é, obviamente, o único malefício que resulta de um número insuficiente de horas de sono. A privação de sono está também associada ao aumento da ansiedade, dificuldade de aprendizagem, desequilíbrio hormonal, alterações metabólicas e da memória. Um estudo recente realizado no Instituto Holandês de Neurociência demonstrou que, se o sono é interrompido na fase em que é mais profundo, isso vai dificultar o armazenamento de novas informações, tornando mais difícil recordar certos dados e momentos.
Há um ano atrás andava completamente desorientada. O estado de saturação era tal que me dominavam sentimentos de irritação e cansaço. Quando me diziam que a solução para o meu problema era "paciência", ficava profundamente zangada, porque considerava que o que se passava comigo ultrapassava bastante a simples paciência. Até que um dia uma amiga me disse algo que me ajudou imenso: "Não te esqueças de que a privação de sono é uma das formas mais antigas de tortura." Bingo, pensei, agora sei o que se está a passar comigo, estou a ser alvo de tortura! A minha filhota, recém-nascida, não me deixava descansar nem de noite nem de dia e eu não conseguia manter-me equilibrada!
Esta experiência de vida profundamente difícil e desestruturante tem-me levado a estar mais atenta aos hábitos de sono dos alunos que me são encaminhados para o Serviço de Psicologia e Orientação. Curiosamente, tenho constatado o que comprovam os estudos já realizados: que existe efectivamente uma forte correlação entre o reduzido número de horas de sono e a falta de atenção/concentração. Quando, no pedido de atendimento dos alunos encaminhados para o SPO, me é referido que o aluno apresenta falta de atenção nas aulas, imediatamente investigo o número de horas de sono. A correlação que tenho encontrado entre estes dois factores é imensa! Não estou com isto a afirmar que a falta de atenção é sempre o resultado de um reduzido número de horas de sono, mas pode efectivamente ser.
Dormir é uma necessidade básica do organismo humano, do qual depende o seu bem-estar físico e psicológico. Sendo este de primordial importância na nossa vida e saúde, porque estará a ser tão desprezado e esquecido? A maior parte das vezes, tenho constatado que as crianças que vão dormir mais tarde estão inseridas em famílias em que as regras estão em crise. Como sabem todos os pais que têm filhos, ou quase todos, as crianças adoram atrasar a hora de ir dormir, inventando mil e uma coisas para fazer, no momento em que lhes é dito: "Tens de ir para a cama." Se não existirem regras e se os pais não as impuserem de forma firme, a hora de ir dormir é adiada indefinidamente.
Um outro factor que também contribui bastante para que as crianças se deitem cada vez mais tarde é a existência de televisão, computador e consolas de jogos no quarto. Frequentemente crianças e adolescentes admitem que fazem uso do computador e da televisão depois de os pais adormecerem. Se pensarmos que as crianças e jovens raramente reconhecem que estão cansados em consequência de um número diminuto de horas de sono, então teremos ainda mais a noção dos riscos decorrentes da presença de TV e computador no quarto.
A dificuldade de atenção não é, obviamente, o único malefício que resulta de um número insuficiente de horas de sono. A privação de sono está também associada ao aumento da ansiedade, dificuldade de aprendizagem, desequilíbrio hormonal, alterações metabólicas e da memória. Um estudo recente realizado no Instituto Holandês de Neurociência demonstrou que, se o sono é interrompido na fase em que é mais profundo, isso vai dificultar o armazenamento de novas informações, tornando mais difícil recordar certos dados e momentos.Apesar de estarmos numa sociedade tecnologicamente tão avançada, parece que nos andamos a esquecer de condições básicas e fundamentais para o nosso equilíbrio físico e emocional.
Adriana Campos
Sem comentários:
Enviar um comentário