sábado, 28 de março de 2009

Candidato invisual na freguesia de Cedofeita

António Mourão é o primeiro cego a disputar eleições autárquicas no Porto. Candidato (...) aponta casos que limitam circulação de deficientes.
Nasceu em Trás-os-Montes, mas aos nove anos veio estudar para o Porto. Cidade que o acolheu e que hoje, aos 62 anos, António Mourão tem como sua. É nela que o antigo professor de Filosofia não se cansa de calcorrear as ruas para lhe sentir, "atento", o pulso. (...)
Na escadaria da igreja, António elogia o empenho da comunidade na preservação do edifício. "É pena que, neste momento, uma das torres esteja tapada. Mas, a que já está pronta ficou muito bonita", afirmou. Nos passos largos, de braço dado com a mulher, Maria de Fátima, o candidato sabe o que quer mostrar. "Vamos ali à passadeira e descemos para a Rua de Cervantes", aponta António Mourão. (...)
O puxão certeiro da mulher faz com que António perceba que chegou ao "local crítico". "A Rua de Cervantes, sem passeios, é perigosa para os jovens que a atravessam diariamente", sublinha o candidato, enquanto desabafa "que o piso está uma verdadeira vergonha".
A sua condição de cego deixa-o "mais atento às limitações dos deficientes". De carro, António Mourão não precisa das coordenadas da mulher para saber onde está. Na Rua de Brito Capelo, chama a atenção para a cabina telefónica, perpendicular à parede, onde já bateu "muitas vezes". "Conheço todas as ruas da cidade pelas curvas", solta em jeito de graça.
"São imensas as barreiras arquitectónicas", diz o candidato, que lamenta o facto de "o passeio estar sempre cheio de ambulâncias junto ao Hospital Maria Pia" ou de "não haver passeios rebatidos na Rua da Constituição". (...)

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