domingo, 22 de março de 2009

Avaliação de professores: 180 escolas não penalizam docentes que recusem entregar objectivos

Cerca de 180 presidentes de conselhos executivos debateram a avaliação dos professores e definiram princípios para criar uma associação de dirigentes de escolas públicas, reafirmando que a lei não os obriga a penalizar docentes que recusem entregar os objectivos.
Fernando Elias, um dos porta-vozes do grupo e professor do agrupamento de Escolas de Colmeia, em Leiria, disse à Lusa que o encontro em Lisboa reuniu 180 pessoas, de um conjunto de 1200 presidentes de conselhos executivos.
Desta reunião saiu o entendimento de que a legislação actual “não permite que os conselhos executivos possam praticar medidas que penalizem os docentes” caso estes não entreguem os objectivos.
“Nada na lei obriga à entrega de objectivos”, continuou o professor. Por isso, “não estamos obrigados a aplicar medidas” penalizadoras sobre os professores que não o façam, acrescentou.
Comentário:
Perante toda a polémica relacionada com a avaliação, esta posição acaba por ser ponderada. Respeitam a vontade dos professores sem, no entanto, os penalizar, uma vez que nada na legislação impõe a obrigatoriedade da apresentação dos objectivos individuais como passo inicial e determinante para o processo avaliativo.
Como qualquer crítico responsável, este grupo pretende apresentar uma proposta de avaliação. De facto, os conselhos executivos/directores são quem, no terreno, sente as dificuldades e as virtudes (se as há!) do modelo avaliativo imposto a toda a força. Como tal, é de louvar a atitude de criticar mas, sobretudo, de apresentar propostas que se pretedem credíveis e justas!

3 comentários:

Joaquim Ferreira disse...

O nosso comentário é Simples. A FNE apresentou uma proposta exigente,m coerente, exequível e reconhecida pelo Governo como uma "boa proposta". Pro que motivo não lhe dão seguimento? Simples, também, A ideia é boa mas não veio da Ministra. Logo, reconhecer e implementar a ideia é o mesmo que exigir da Ministra (incompetente !) o seu pedido de demissão, e, na sua ausência, impunha-se que Sócrates (outro incompetente!) tivesse competência, capacidade e coragem para demitir esta senhora (que se agarrou de pedra e cal á cadeira, mesmo que veja a Educação a caminhar para o Abismo, fruto das suas medidas destrutivas...

José António disse...

Este grupo não me convence por duas razões fundamentais:
1 - Insiste na auto-avaliação (sem penalização)como resolução do problema;
Fazer a auto-avaliação sem entrega dos OI's não implica penalização (a Lei não o prevê, embora a Ministra tenha feito bluf). Fazer auto avaliação sem OI's penaliza porque é mais difícil fazer auto-avaliação com referência ao PE e ao PAA e porque impede uma classificação superior a BOM.

2 - Não é razoável que este grupo ande a reunir-se há tanto tempo e ainda não tenha conseguido apresentar uma só ideia a propósito do tal modelo justo de que tanto falam.

Palpita-me campanha para consumo interno (ao nível das Escolas).

João Adelino Santos disse...

A propósito da questão da avaliação, trnscrevo um texto de António Barretto, publicado no Público:
Na impossibilidade humana de "gerir" milhares de escolas e centenas de milhares de professores, os esclarecidos especialistas construíram uma teoria "científica" e um método "objectivo" com a finalidade de medir desempenhos e apurar a qualidade dos profissionais. Daí os patéticos esquemas, gráficos e grelhas com os quais se pretende humilhar, controlar, medir, poupar recursos, ocupar os professores e tornar a vida de toda a gente num inferno. O que na verdade se passa é que este sistema implica a abdicação de princípios fundamentais, como sejam os da autoridade da direcção, a responsabilidade do director e dos dirigentes e a autonomia da escola. O sistema de avaliação é a dissolução da autoridade e da hierarquia, assim como um obstáculo ao trabalho em equipa e ao diálogo entre profissionais. É um programa de desumanização da escola e da profissão docente. Este sistema burocrático é incapaz de avaliar a qualidade das pessoas e de perceber o que os professores realmente fazem. É uma cortina de fumo atrás da qual se escondem burocratas e covardes, incapazes de criticar e elogiar cara a cara um profissional. Este sistema, copiado de outros países e recriado nas alfurjas do ministério, é mais um sinal de crise da educação.
António Barreto, PÚBLICO, 9 de Março de 2008