Uma spin-off da Universidade do Minho desenvolveu a primeira colecção de roupa para pessoas em cadeira de rodas, depois de quatro anos de investigação. Um conceito revolucionário e inclusivo que vai expandir-se pelo Mundo.
Às 16 horas deste sábado, sobem ao palco do Parque de Exposições de Braga, onde decorre o Congresso Internacional de Deficiência, sete homens e oito mulheres, a quem a vida ou a genética alterou a forma de locomoção, para desfilar as 38 peças casuais e oito vestidos de gala e noiva que compõem a colecção Primavera/Verão da "Weadapt", empresa constituída maioritariamente por professores e investigadores da UM.
Segundo o responsável Miguel Carvalho, engenheiro têxtil da UM, as peças foram completamente modificadas para responder às especificidades anatómicas e ergonómicas de quem vive sentado. Em nome do conforto, da qualidade de vida e da auto-estima. Para chegar às formas ideais, que abolem costuras, bolsos traseiros e atendem a medidas totalmente distintas da roupa normal, foram estabelecidas teias de parcerias com associações e visitados centros de reabilitação.
Um conceito que promete ser também um rastilho para mudar mentalidades. "Entramos nas lojas e tudo é difícil. Às vezes, nem conseguimos entrar nos provadores. Depois, as roupas sobram em todo o lado, nas mangas e dos lados, metem-se nas rodas da cadeira. Muitas pessoas desistem e passam a andar de roupas largas e fatos de treino", descreve Olívia Silva, membro da Direcção da Associação de Deficientes de Braga. No momento da reportagem, Olívia veste o primeiro protótipo desenvolvido pela UM. Um fato clássico que lhe assenta na perfeição e que é o símbolo de uma mudança.
Envolvida neste projecto está também Daiane Heinrich, uma brasileira que veio para a UM doutorar-se em Ergonomia do Vestuário e quis associar-se ao projecto, que, futuramente, disseminará pelo Brasil. O resultado final das peças obedece a uma investigação profunda. "As roupas têm em conta as tendências da moda, mas as medidas são todas diferentes. É preciso ter em atenção a parte dos ombros, joelhos, nádegas, os tecidos. Para melhorar a mobilidade e evitar feridas", explica.
A modelo brasileira Samanta Almeida, em cadeira de rodas desde os 14 anos, depois de se balear acidentalmente, espalha bom humor. Convidada para desfilar hoje, acredita que mudar de condição não significa, necessariamente, mergulhar em revoltas e depressões. Atleta paralímpica da selecção brasileira de ténis em cadeira de rodas, prova um vestido azul de gala, um dos oito desenvolvidos pelo estilista vimaranense Rafael Freitas, o primeiro criador de vestuário convidado a envolver-se na iniciativa.
"Isto é uma pequena revolução que trará outras revoluções. Se eu me sinto mais bonita, saio mais, vou a bares, confeitarias, restaurantes, ateliês. Os donos vêem que têm de fazer adaptações nos seus espaço. Agora se a pessoa se isola e se evita todos os sítios, tem o efeito contrário. Houve uma altura em que eu nem bebia nada quando saía à noite, para não ter de usar o WC", sublinha Samanta, enquanto posa, iluminada de força de viver, para a lente do profissional de fotografia.
Outro exemplo de autonomia e serenidade é Sara Coutinho, quase 10 anos após uma queda que a incapacitou de andar em pé, mas não de voltar a ser feliz "Foi uma fase horrível, mas ultrapassei. Tenho uma vida activa, normal. Faço parte do Fórum de Deficiência da Câmara de Guimarães, sou designer gráfica e faço natação", revela, noutro vestido de gala, "confortável e lindo".
JN online
Às 16 horas deste sábado, sobem ao palco do Parque de Exposições de Braga, onde decorre o Congresso Internacional de Deficiência, sete homens e oito mulheres, a quem a vida ou a genética alterou a forma de locomoção, para desfilar as 38 peças casuais e oito vestidos de gala e noiva que compõem a colecção Primavera/Verão da "Weadapt", empresa constituída maioritariamente por professores e investigadores da UM.
Segundo o responsável Miguel Carvalho, engenheiro têxtil da UM, as peças foram completamente modificadas para responder às especificidades anatómicas e ergonómicas de quem vive sentado. Em nome do conforto, da qualidade de vida e da auto-estima. Para chegar às formas ideais, que abolem costuras, bolsos traseiros e atendem a medidas totalmente distintas da roupa normal, foram estabelecidas teias de parcerias com associações e visitados centros de reabilitação.
Um conceito que promete ser também um rastilho para mudar mentalidades. "Entramos nas lojas e tudo é difícil. Às vezes, nem conseguimos entrar nos provadores. Depois, as roupas sobram em todo o lado, nas mangas e dos lados, metem-se nas rodas da cadeira. Muitas pessoas desistem e passam a andar de roupas largas e fatos de treino", descreve Olívia Silva, membro da Direcção da Associação de Deficientes de Braga. No momento da reportagem, Olívia veste o primeiro protótipo desenvolvido pela UM. Um fato clássico que lhe assenta na perfeição e que é o símbolo de uma mudança.
Envolvida neste projecto está também Daiane Heinrich, uma brasileira que veio para a UM doutorar-se em Ergonomia do Vestuário e quis associar-se ao projecto, que, futuramente, disseminará pelo Brasil. O resultado final das peças obedece a uma investigação profunda. "As roupas têm em conta as tendências da moda, mas as medidas são todas diferentes. É preciso ter em atenção a parte dos ombros, joelhos, nádegas, os tecidos. Para melhorar a mobilidade e evitar feridas", explica.
A modelo brasileira Samanta Almeida, em cadeira de rodas desde os 14 anos, depois de se balear acidentalmente, espalha bom humor. Convidada para desfilar hoje, acredita que mudar de condição não significa, necessariamente, mergulhar em revoltas e depressões. Atleta paralímpica da selecção brasileira de ténis em cadeira de rodas, prova um vestido azul de gala, um dos oito desenvolvidos pelo estilista vimaranense Rafael Freitas, o primeiro criador de vestuário convidado a envolver-se na iniciativa.
"Isto é uma pequena revolução que trará outras revoluções. Se eu me sinto mais bonita, saio mais, vou a bares, confeitarias, restaurantes, ateliês. Os donos vêem que têm de fazer adaptações nos seus espaço. Agora se a pessoa se isola e se evita todos os sítios, tem o efeito contrário. Houve uma altura em que eu nem bebia nada quando saía à noite, para não ter de usar o WC", sublinha Samanta, enquanto posa, iluminada de força de viver, para a lente do profissional de fotografia.
Outro exemplo de autonomia e serenidade é Sara Coutinho, quase 10 anos após uma queda que a incapacitou de andar em pé, mas não de voltar a ser feliz "Foi uma fase horrível, mas ultrapassei. Tenho uma vida activa, normal. Faço parte do Fórum de Deficiência da Câmara de Guimarães, sou designer gráfica e faço natação", revela, noutro vestido de gala, "confortável e lindo".
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