O presidente da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) defendeu hoje a reactivação da Comissão de Braille, extinta em 2003, para promover este sistema de leitura e escrita em Portugal, onde ainda há poucos professores especializados.
Carlos Lopes falava a propósito das comemorações do bicentenário do nascimento de Louis Braille, criador deste processo de escrita em relevo para invisuais, que a ACAPO assinala a partir de hoje com um conjunto de iniciativas que decorrerão ao longo deste ano. "Essa comissão deve ser reactivada brevemente", afirmou Carlos Lopes, avançando que tem esta garantia da secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz. Para o presidente da ACAPO, é necessário haver uma entidade que "certifique, valide e defina as regras do Braille e que realize estudos que permitam saber porque muitas vezes não é utilizado".
Assinalou também a importância desta comissão a nível internacional, numa altura em que, "no âmbito da Organização Mundial de Cegos, está a ser criado um Conselho Mundial do Braille em função das diferentes línguas". "O Brasil tem uma Comissão do Braille e nós estávamos a trabalhar em estreita colaboração com aquele país, mas entretanto a nossa Comissão foi extinta e, neste momento, corremos o risco de a Língua Portuguesa ser representada no Conselho Mundial do Braille pelo Brasil", justificou.
Carlos Lopes defendeu que todas os deficientes visuais deviam saber ler em Braille, o que nem sempre acontece. "Tem de haver uma sensibilização das próprias pessoas com deficiência visual para a importância da utilização do Braille e do contacto directo com as palavras", frisou o responsável.
Louis Braille nasceu a 4 de Janeiro de 1809 na pequena cidade francesa de Coupvray, a 45 quilómetros de Paris. Após um acidente com um instrumento perfurante na oficina do seu pai, a inexistência de um apoio médico adequado e de um processo infeccioso que alastrou aos dois olhos, Louis Braille perdeu por completo a visão aos cinco anos. As dificuldades enfrentadas por Louis Braille nos seus estudos estimularam-no desde cedo a preocupar-se com a possibilidade de criação de um sistema de escrita. Os contributos e o interesse de outras pessoas, como Barbier, ofereceram uma série de circunstâncias para que Louis Braille criasse o seu sistema de escrita e de leitura que ficou terminado em Outubro de 1824. "Sem livros, os cegos não podem realmente aprender", disse uma vez ao seu pai Louis Braille.
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