Cerca de um terço da população está exposta a níveis de ruído excessivo, que pode ser responsável por aumentar em 30% a probabilidade de sofrer dificuldades auditivas e duplicar as hipóteses de sofrer distúrbios de humor e de sono, dificuldades de concentração e dores de cabeça. Estas são algumas das conclusões do estudo Coping with Noise promovido pela Amplifon e revelado (...) em Portugal.
Segundo os resultados obtidos, os EUA estão no topo do ranking com 16% da população exposta a níveis elevados de ruído, seguido de Itália com 10% e Portugal com 7%. A França e o Reino Unido partilham com Portugal o 3º lugar no pódio dos países com maior índice de exposição ao ruído (ENPI) .
Nas grandes cidades do mundo, 28% da população vive em ambientes ruidosos. De acordo com este estudo, Portugal é o terceiro país mais ‘surdo’ do mundo, ficando à frente de Espanha (5%), Bélgica (6%), Holanda (4%) e Alemanha (2%) em termos de exposição ao ruído.
Em todo o mundo, as maiores fontes de ruído são o trânsito (33% – 39% em Portugal), as conversas entre pessoas (28% – 33% em PT), a música de fundo (25% – 29% em PT) e os transportes públicos (21% – 25% em PT). Portugal lidera o ranking mundial da maior exposição ao barulho do trânsito, juntamente com a Itália, ficando à frente da França e dos EUA.
Outras fontes de ruído em Portugal mas com menor nível exposição, são o toque contínuo de telemóveis – 16%, e os aviões – 13%.
Entre as cidades portuguesas, o Porto lidera como a cidade mais barulhenta (8%), seguido de Lisboa (7%) e Coimbra (5%), conquistando o terceiro lugar no pódio das cidades mais ruidosas da Europa, juntamente com Londres e Bruxelas. Uma análise mais detalhada, revela que a maior exposição ao barulho derivado do trânsito, das conversas entre pessoas e dos transportes públicos verifica-se na cidade do Porto, com 45%, 36% e 28%, respetivamente. Já o ruído proveniente da música de fundo é mais ouvido em Lisboa, com 30% de exposição.
O mesmo estudo, realizou também um Índice de Audição criado para verificar o estado da saúde auditiva nos 11 países que participam no mesmo, com base na percepção das pessoas entrevistadas. O Índice tem em conta a capacidade de compreender uma pessoa quando existe muito ruído de fundo, ou de ouvir devidamente alguém a falar num espaço relativamente silencioso. Segundo as conclusões, os países com a pior audição são Nova Zelândia, Portugal e Bélgica, por ordem decrescente.
“Doença do Ruído”
De acordo com os especialistas estamos a encarar uma verdadeira “doença do ruído”, um intenso e generalizado caos sonoro que pode colocar em risco a saúde da população. Alguns estudos consideram o ruído um fator de risco cardiovascular: uma mera redução de 5 dB no ruído seria suficiente para reduzir o aumento da hipertensão em 1,4% e da doença coronária e ataque cardíaco em 1,8%.
Segundo o estudo “Coping with Noise”, há uma outra perigosa correlação, nomeadamente entre o ruído e os distúrbios altamente debilitantes: 30% das pessoas expostas a elevados níveis de ruído reportaram perturbações de humor (irritabilidade, ansiedade e nervosismo), insónia ou dores de cabeça, contra os 16% das pessoas menos expostos ao barulho. Por fim, o estudo revela que um nível de exposição ao ruído alto e médio-alto aumenta em 30% a probabilidade de sofrer algum tipo de dificuldade auditiva.
“A exposição ao ruído, segundo o Dr. Celso Martins, Diretor Técnico da Amplifon – pode prejudicar a audição, causando danos anatomofisiológicos no sistema auditivo, dependendo da intensidade e duração da exposição, e igualmente da suscetibilidade de cada pessoa ao barulho. Esta condição pode levar a uma perda auditiva induzida pelo ruído ( PAIR ) e, por vezes, pode desencadear outros distúrbios auditivos: zumbidos e hiperacusia ( intolerância a sons baixos ou moderados). “Os indivíduos mais susceptíveis e vulneráveis ao ruído, acrescenta o especialista, são a população mais jovem e os mais idosos. Os primeiros estão geralmente expostos a elevados níveis sonoros quando ouvem música, enquanto os segundos podem estar expostos a uma mistura explosiva para a audição: ruído, medicamentos ototóxicos, maiores riscos de doenças cardiovasculares e metabólicas.”
Um país sensibilizado mas imprudente
Se Portugal está no pódio dos países com maior índice de exposição ao ruído, está também no topo da lista no que diz respeito aos mais sensibilizados e informados sobre os riscos associados à exposição ao ruído. No entanto, esta consciência não evita os comportamentos de risco.
63% dos portugueses inquiridos afirma conhecer o risco de perda auditiva, 56% o aumento da irritabilidade e 52% o aumento do stress, como causas da excessiva exposição ao ruído. Ainda assim e apesar do conhecimento de causa, 68% afirma frequentar restaurantes, 55% ir a concertos e 36% assistir televisão com dolby surround, com regularidade.
Os perigos do ruído
Apesar da realidade portuguesa, numa perspetiva geral poucos estão a par das consequências desastrosas das consequências do barulho. Apenas 1 em cada 2 pessoas, reconhece que pode causar stress, distúrbios de sono ou irritabilidade; menos de 1 em cada 10 associam a excessiva exposição ao ruído a um alto risco de doenças cardiovasculares. Metade da população não sabe que estar exposto a ruídos intensos frequente e prolongadamente pode danificar a audição.
De forma a evitar as chamadas “doenças do ruído”, os especialistas sugerem uma ação de duas frentes. Por um lado, é importante informar e sensibilizar sobre a prevenção e os riscos associados quer a nível individual como institucional, por outro lado, é essencial aumentar a sensibilização sobre os progressos feitos no diagnóstico e acompanhamento da perda auditiva induzida pelo ruído com a ajuda da tecnologia digital moderna. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer contra o estigma associado à perda auditiva. E mais investigação é necessária para desenvolver testes que consigam prever de forma segura, o sucesso da adaptação de uma determinada solução auditiva, para que o tratamento seja o mais personalizado possível.
“Hoje em dia o ruído está em todo o lado, invade as nossas vidas” – diz o Dr. Celso Martins, Diretor Técnico da Amplifon – e o termo socioacusia foi criado para definir exatamente o tipo de perda auditiva causada por viver em ambientes com altos níveis de poluição sonora. Já em 1950, investigadores evidenciaram que o limiar audiométrico – indicativo da menor intensidade de som que uma pessoa consegue ouvir – era maior entre as pessoas que viviam em ambientes urbanos do que as que viviam no campo. Desde essa altura, a poluição sonora aumentou drasticamente e os estilos de vida contemporâneos contribuíram para aumentar este fenómeno. O consumo de álcool, o tabaco, a obesidade, a hipertensão, a diabetes e a hipercolesterolemia são conhecidas por deteriorar a audição.
Também a forma como ouvimos música mudou significativamente: nos últimos 40 anos, as discotecas atingiram níveis de volume tais que podem danificar a audição dos que as frequentam regularmente por longos períodos de tempo, e mais importante ainda, nos últimos 20 anos o hábito de ouvir música através de auriculares tornou-se um fenómeno gigantesco: sendo que alguns equipamentos conseguem produzir picos de som de 120 decibéis. Hoje em dia, 90% dos jovens entre os 12 e os 19 anos utilizam leitores de música, metade destes admitem ouvi-los em volumes altos e, um em cada três, com muita regularidade.
Segundo Susan Holland, Presidente do Grupo Amplifon e do Centro de Investigação e Estudos da Amplifon, “de forma a podermos continuar a trabalhar na nossa missão de dar às pessoas com perda auditiva uma vida o mais normal possível, é necessário entender profundamente o inimigo número um da audição – o ruído – bem como a sua perceção nos diferentes países e consequências práticas na saúde.”
Enquanto líderes mundiais em Cuidados Auditivos, a Amplifon promove o maior estudo alguma vez feito sobre poluição sonora, conduzido pela GfK Eurisko, com base nas respostas de 8.800 pessoas de 47 cidades de 11 países de todo o mundo; e convidou uma equipa de especialistas internacionais multidisciplinares para analisar o fenómeno do ruído de diferentes pontos de vista: Audiológico, acústico, sociológico, fisiológico e urbanístico.”
Países participantes:
EUA, Itália, Portugal, França, Reino Unido, Bélgica, Espanha, Austrália, Holanda, Nova Zelândia e Alemanha.
Fonte: Local.pt por indicação de Livresco
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