A perturbação do processamento auditivo (PPA) é uma disfunção auditiva que afecta cerca de 7% das crianças, segundo estudos recentemente realizados EM Inglaterra, que podem acarretar dificuldades no processo de aprendizagem.
Os primeiros anos de vida são fundamentais para que a criança amadureça as vias auditivas, contudo, este processo de estimulação tem início ainda na gravidez, uma vez que é nesta fase que a comunicação é responsável por formar um vínculo entre a mãe e o bebé. Todos nós nascemos com o ouvido pronto, em termos estruturais, mas o que nos permite diferenciar a voz materna da paterna, reconhecer a melodia de uma música, perceber se o tom de voz transmite raiva ou alegria é a experiência sonora que temos na nossa vida.
Nem sempre o "ouvir mal" significa surdez, uma vez que podemos considerar diversos tipos de perda auditiva. Podemos ser capazes de detectar a presença de um som, mas ouvi-lo com fraca qualidade e não conseguir percebê-lo e discriminá-lo.
É o que se verifica em crianças com perturbação do processamento auditivo. A criança com PPA ouve bem, desde que não seja em ambientes ruidosos. No entanto, se o ambiente for perturbado por ruídos de fundo a criança pode apresentar dificuldades em compreender e reconhecer os sons, trocando a informação recebida, pois quando a informação chega ao sistema auditivo, parte da mensagem já foi perdida.
Numa criança com perturbação do processamento auditivo é comum demorar algum tempo para responder a uma pergunta, por achar que não escutou bem, ou pedir para que os pais repitam a informação. A criança diz muito "hã?", "o quê?", troca palavras parecidas (tais como "semente" por "você mente"), e troca algumas letras na escrita e às vezes na fala (" faca" por "vaca").
Sabe-se que cerca de 5% das crianças em idade escolar, ou 7% como no estudo acima citado, tem as suas vias auditivas pouco estimuladas e desenvolvidas. Nestas crianças a informação "chega ao destino", ou seja, elas ouvem tudo, porém, demoram mais a processar aquilo que escutam porque o cérebro não sabe o que fazer com os sons.
Quando escutamos a professora e conseguimos estar atentos a ela, mesmo que tenha ruído na sala ou que o colega do lado fale muito, temos uma função auditiva que nos ajuda a aprender. Deste modo, temos de ter em conta que o ouvido é a porta de entrada de grande parte da nossa aprendizagem (fala e escrita) e que uma disfunção no sistema auditivo compromete a identificação e compreensão dos sons que rodeiam a criança, impedindo-a de usufruir das suas competências auditivas.
E como é que a PPA pode ter implicações no quotidiano escolar do seu filho ou aluno? Se considerarmos que os processos de linguagem se desenvolvem em consonância com o processamento auditivo, então uma disfunção neste sistema prejudicará a fala da criança, e consequentemente a leitura e a escrita acabam por ser também afectadas. Assim, uma criança pode ter dificuldades em falar bem se não souber lidar com os sons.
Ter uma imaturidade do sistema auditivo significa ser especial? Necessitar de apoio especial? Nem sempre... É possível uma criança ter PPA e não sofrer em nada com isso. Na maioria das vezes observamos alguma dificuldade na linguagem associada à PPA: trocas de sons na fala, dificuldades académicas, bem como na leitura e escrita, e problemas comportamentais, como a desatenção.
O mais importante é verificar os sintomas e procurar ajuda de um especialista para avaliar a função auditiva central.Fique atento a algumas questões:
1. O seu filho tem dificuldade em escutar ou entender em locais com barulho?
2. Tem dificuldades de entender quando alguém fala de forma mais rápida?
3. Tem dificuldade de seguir instruções orais?
4. Tem dificuldade de discriminar os sons da fala?
5. Dificuldades com a leitura?
6. Facilmente distraído?
7. Pede para repetir as informações?
8. Não memoriza o que escuta?
Cristiane Lima Nunes
2 comentários:
Caro João Adelino.
É com prazer que assisto ao seu interesse neste texto. Se quiser saber mais informações sobre este tema acompanhe-nos em: http://processamentoauditivoportugal.blogspot.com/
Ass: Cristiane Nunes, directora clínica do Gabinete Arte de Comunicar.
Olá Cristiane
Interesso-me pelas questões relacionadas com a Educação Especial e, naturalmente, com a identificação/despiste/avaliação de certas problemáticas.
Tomei a liberdade de publicar o texto por o considerar interessante e útil.
Vou visitar o blog que indica! Não conhecia! Obrigado
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