A Fundação Irene Rolo, de Tavira, foi distinguida pelo Presidente da República no Dia de Portugal. Um motivo de orgulho para a instituição que, por dia, cuida de cerca de 150 pessoas portadoras de vários graus de deficiência.
A 10 de Junho, o Presidente da República, Cavaco Silva, homenageou diversas personalidades portuguesas e duas instituições, uma das quais com morada em Tavira. A Fundação Irene Rolo, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), foi lembrada pelo trabalho que desenvolve junto da população deficiente. Um motivo de orgulho para a casa de Tavira e não só. "Tem um significado profundo não só para nós, como para todas as instituições que trabalham com pessoas portadoras de deficiência", refere José Marques, presidente da instituição.
Mais do que uma distinção interna, o responsável salienta o trabalho desenvolvido na área social por todos os que se dedicam à causa. A Fundação Irene Rolo não anda à procura de louvores, a sua dedicação e empenho falam por si. Com uma equipa técnica, desde psicólogos a empregados administrativos, de cerca de 80 funcionários, a entidade desenvolve parcerias e tem um acordo com o Estado para promover diversas actividades. "Estamos de portas abertas para as pessoas que carecem de apoio social", sublinha José Marques. A distinção de Cavaco Silva funcionou com um estímulo. "É um motivo de apreço e um reforço das nossas condições". Por dia, a Fundação presta apoio a cerca de 150 pessoas portadoras de vários graus de deficiência.
A história começa em 1982, quando Irene Dulce Rolo, que entretanto faleceu, doou um espaço para apoiar a população deficiente, sobretudo a residente no sotavento algarvio. O trabalho começa com acções de formação dirigidas a pessoas com deficiência. Com um novo edifício concluído em 1993, a instituição alarga o seu campo de intervenção com mais respostas. A Fundação trabalha de noite e de dia. Em 1994, abre um lar residencial para jovens e adultos com deficiência grave e profunda, privados do meio familiar normal.
A intervenção precoce junto de crianças portadoras de deficiência ou em situação de risco dos zero aos seis anos, com maior incidência no grupo dos zero aos três anos, é uma área que a Fundação Irene Rolo tem em mãos. A criança e a família são o centro das atenções das acções de natureza preventiva, numa estratégia de apoio integrado. Nesta intervenção, a equipa técnica - composta por uma psicóloga, terapeuta ocupacional, terapeuta da fala, técnica de serviço social, entre outros - desenvolve programas adequados às necessidades específicas de cada criança e, ao mesmo tempo, estimula as famílias a tornarem-se mais competentes e independentes no acompanhamento dos filhos. O apoio é dado no contexto natural da criança ou em ambulatório.
A instituição tem também a funcionar uma escola de ensino especial para alunos em idade escolar com necessidades educativas especiais, que podem frequentar a tempo inteiro ou parcial, mediante as suas limitações e capacidades. O trabalho com este público-alvo tem objectivos muito precisos, como defender a reabilitação e a inclusão de quem vive com limitações acentuadas ou muito acentuadas, desenvolvendo as suas potencialidades sob o ponto de vista psicomotor, afectivo e cognitivo. A escola pretende assim que os alunos se tornem aptos quanto possível para a vida familiar e social.
Os jovens com mais de 16 anos, portadores de deficiência severa ou profunda, têm igualmente uma resposta na Fundação de Tavira. No Centro de Actividades Ocupacionais, estimulam-se capacidades, desenvolvem-se actividades para uma melhor integração social. E há várias áreas ao dispor como actividades da vida diária e da vida prática, jardinagem, carpintaria, modelagem e pintura, entre outras. Educação física, hidroterapia, visitas de estudos e colónias de férias são algumas das actividades complementares.
Os portadores de deficiência com mais de 15 anos têm lugar no Centro de Formação Profissional da Irene Rolo. Avaliação, orientação profissional, qualificação e estágio em empresa são os passos a seguir nesta valência da instituição. Antes da entrada ou reentrada no mercado de trabalho, os utentes podem adquirir conhecimentos e desenvolver competências nas áreas de jardinagem, lavandaria, doçaria regional, artes gráficas, cozinha, pastelaria, electricidade e mecânica, entre outras.
E não é tudo. A "Irene Rolo" está ainda mergulhada no Projecto Alcatruz que incide a sua intervenção nos espaços habitacionais com carências socioambientais no concelho de Tavira, através da revitalização de actividades profissionais em declínio, do fomento do emprego e da aproximação entre diferentes gerações. Um programa de quatro anos e que envolve diversas entidades. A "Irene Rolo" executa o Alcatruz, a Câmara de Tavira promove-o e o financiamento chega do Programa para a Inclusão e Desenvolvimento (Progride). O núcleo de Tavira da Cruz Vermelha, o Centro Distrital da Segurança Social de Faro e a Associação In Loco são também parceiros desta acção.
Sara R. Oliveira
2 comentários:
Exemplar! Enquanto lia, pensava: é este tipo de recursos que fazem falta!
Concordo plenamente!Já que o Estado não cosegue dar resposta, que facilite, reconheça e recompense este tipo de entidades!
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