quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bebé recebe implante coclear pela primeira vez em Portugal


A equipa do Serviço de Otorrinolaringologia (ORL) do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC, EPE) é a responsável por mais uma intervenção pioneira em Portugal, tendo feito o primeiro implante coclear numa criança com idade inferior a um ano, o que lhe devolverá a audição. Ao bebé de 11 meses, que tinha surdez profunda, vai ser agora proporcionada uma sensação auditiva próxima à audição fisiológica.“A implantação coclear em crianças com menos de um ano de idade constitui um marco importante. Quanto mais cedo a criança for implantada, mais cedo a sua audição e os seus neurónios serão estimulados, e portanto, mais capacitada estará para desenvolver competências linguísticas”, avança Carlos Ribeiro, director do Serviço de ORL do CHC, EPE.
O mesmo especialista explica ainda que, “se a implantação não for suficientemente precoce, a criança pode nunca recuperar totalmente as suas capacidades para compreender e utilizar a linguagem”.Esforço multidisciplinarImplantar uma criança com menos de um ano é um processo “muito complexo”, sublinha Carlos Ribeiro, na medida em que “a cirurgia é apenas uma parte de um processo muito mais longo” que se inicia no rastreio, passando pelo diagnóstico precoce, pelo esclarecimento dos pais e pela definição de que o implante é a melhor opção para a criança, e não uma prótese auditiva.“Conseguir cumprir todas estas fases do protocolo num espaço de tempo tão reduzido e com uma criança tão pequena só é possível com uma equipa multidisciplinar tecnicamente muito evoluída”, frisa.
Até agora, em Portugal, a criança mais nova sujeita a um implante coclear no Centro Hospitalar de Coimbra tinha já 16 meses de idade. Segundo o especialista, a realização desta cirurgia representa o corolário do esforço de um elevado número de profissionais, de áreas muito diversas: otorrinolaringologia, anestesia, audiologia, terapia da fala, pediatria, neuroradiologia e genética entre outras.Além disso, o acto cirúrgico em si tem complexidades acrescidas, “porque se trata de uma criança com idade e peso reduzidos, o que constitui um desafio do ponto de vista técnico, mas também do ponto de vista médico e no que diz respeito à anestesia”, refere Carlos Ribeiro.
Ciência Hoje

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