sexta-feira, 2 de julho de 2010

APAV dará aulas contra violência ao 9.º ano


No início do ano, Pedro (nome fictício) não tinha amigos na escola e era "posto de parte" pelos colegas. Mas ao longo do primeiro período as atitudes foram mudando, à medida que a turma aprendia, ao mesmo tempo que Matemática e Português, a prevenir relacionamentos violentos e negativos. O projecto é da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), que quer agora estender estas aulas de prevenção da violência e comportamentos de risco na adolescência ao maior número possível de escolas do ensino básico.
A disciplina foi pensada para ser dada no 9.º ano, ao longo de 24 aulas. A matéria tem quatro partes: "ensinar" relacionamentos saudáveis, prevenindo a violência no namoro e o bullying; falar sobre uma sexualidade segura para evitar comportamentos de risco; prevenir o consumo e abuso de álcool e drogas; e evitar a discriminação de género.
Rosa Saavedra , responsável da APAV, explica que "não se trata de sessões pontuais" mas de um programa - inspirado num projecto canadiano - que é explorado ao longo do ano como se fosse mais uma disciplina: "Uma em que se fala de relacionamentos".
Nos últimos dois anos lectivos já houve duas escolas do Norte do País - com 14 turmas de cerca de 25 alunos - a aplicar o programa, baptizado de "4d - prevenção integrada em contexto escolar". Uma delas foi a a Secundária Inês de Castro, do professor Nuno Sá, que nos contou o caso de Pedro.
As aulas são dadas nas horas da Área de Projecto - 90 minutos por semana em que cada escola define quais os projectos em que quer investir. "Dá-nos oportunidade de falar com eles sobre temas que se nota que eles precisam de falar e nem sempre têm com quem", explica Nuno Sá. O professor notou não só uma "diminuição da conflitualidade" nas turmas, mas também a identificação de perigos. "A violência no namoro, por exemplo. Acham que nunca lhes vai acontecer, mas depois partilham situações em que o namorado gritou ou lhes deu um estalo." E apercebem-se de que esses comportamentos não são saudáveis.
Por isso, a APAV promoveu ontem um seminário, para divulgar o projecto junto de mais escolas, com a participação de uma representante da Direcção-Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular, Isabel Baptista. "Temos muitos coordenadores da área de saúde nas escolas interessados", garante Rosa Saavedra. A coordenadora salienta que os materiais já existem, uma vez que os manuais foram adaptados pela associação a partir dos originais do projecto canadiano e foram feitos vídeos e treinados professores.

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