Mais de 30 crianças e adolescentes com paralisia cerebral e limitações motoras foram operadas no último ano no Hospital de Sant´Ana, que aumentou consideravelmente a capacidade de resposta com um acordo com a Administração Regional de Saúde de Lisboa.
A Paralisia Cerebral é uma perturbação do controlo da postura e movimento que resulta de uma lesão ou anomalia que atinge o cérebro em período de desenvolvimento. Algumas pessoas têm perturbações ligeiras, mas outras são gravemente afetadas com incapacidade motora grave, impossibilitando-as de andar e falar e tornando-as dependentes nas actividades da vida diária.
Para dar resposta a estes casos, o Hospital de Santa´Ana, em Cascais, assinou em julho de 2009 um acordo com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que criou “condições estáveis e continuadas” para que estas crianças e adolescentes possam ser operados a um conjunto vasto de fortes limitações motoras em consequência de más formações neuro-esqueléticas.
“A resposta tem conseguido ser dada. Num ano operámos 33 doentes, sobretudo a patologia do membro inferior”, avançou à agência Lusa o ortopedista Estanqueiro Guarda, comentando: “A grande alegria que temos é poder responder em tempo útil às crianças”.
Apesar de ainda haver lista de espera a situação melhorou muito: “O que temos feito é tentar conciliar as situações de consulta regular e reavaliar alguns casos de uma lista que havia e que chegou a ser alarmante por incapacidade de resposta na altura, nomeadamente no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental”.
O médico explicou que a ortopedia só entra numa fase muito específica nestes casos: quando as outras alternativas se esgotam e é preciso dar uma “pequena achega para as crianças fazerem determinado tipo de actividades a partir de uma base mais fisiológica”.
“Dentro do que é possível é tornar as crianças mais autónomas, tirar-lhes dores e equilibrar-lhes o tronco, de modo a que possam sentar-se de um modo capaz”, especificou.
O circuito começa no Centro de Paralisia Cerebral de Lisboa, onde há uma consulta mensal em que as crianças são avaliadas por fisiatras e terapeutas e é traçado a proposta para cirurgia.
A cirurgia abrange desde “o deficiente mais grave que não consegue andar, mas consegue sentar-se, apesar das imensas dores por ter as ancas luxadas, até um miúdo que tem alguma capacidade de marcha e autonomia, mas que perde por retrações de tendões ou por uma espacidade própria da paralisia cerebral”.
Com a operação, “tentamos reequilibrar e manter a função e mobilidade nessas crianças e “a taxa de sucesso é, de um modo geral, grande”, comentou o médico do Hospital de Santa´Ana, instituição que assinala na segunda feira o 106.º aniversário, dando ênfase à prestação de cuidados cirúrgicos a crianças e adolescentes vítimas de paralisia cerebral.
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