quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Método de ensinar alunos e resultados têm nota negativa


O "serviço educativo" - ou seja a forma como a escola projecta e assegura a função básica de ensinar os alunos - é o "ponto fraco" mais assinalado no relatório da avaliação externa de 287 agrupamentos e escolas isoladas. Um trabalho feito no último ano lectivo pela Inspecção-geral da Educação. Logo a seguir surgem os resultados dos estudantes.
O relatório divide as conclusões po cinco itens distintos: resultados, prestação do serviço educativo, organização e gestão escolar, liderança e capacidade de auto-regulação. E no conjunto das apreciações, a IGE assinala mais "pontos fortes" (54%) do que "pontos fracos" (46%).
Mas na análise item por item, o serviço educativo motiva 33% de todas as referências desfavoráveis e apenas 20% das positivas. Os resultados são destacados positivamente em 28% dos casos, mas fracos em outros 23%.
Curioso é o facto de a "liderança" ser de longe (32%) o aspecto mais elogiado pela IGE. Isto porque o modelo de gestão que produziu esses valores - os conselhos executivos - foi substituído, precisamente no final do último ano lectivo, por uma nova liderança, assente na figura de um director com poderes reforçados.
Contactado pelo DN, Natércio Afonso, professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e ex-Inspector-Geral da Educação, confessou não encontrar "motivo de surpresa" nos dados.
"Não li o relatório em causa", admitiu, "mas não é nenhuma novidade - há estudos nacionais e internacionais a demonstrá-lo - que os resultados dos nossos alunos do básico e secundário são inferiores aos da OCDE", lembrou.
Quanto às falhas no serviço educativo, o relatório da IGE aponta duas causas fundamentais. Em primeiro lugar, a falta de planeamento na transição dos alunos entre ciclos, não garantindo a "articulação e sequencialidade" das aprendizagens. Depois, debilidades no "acompanhamento", "monitorização" e "apoio" dado ao trabalho feito pelo professor em sala de aula, agravadas por uma "fraca aferição dos critérios internos de avaliação dos alunos".
Aspectos que também não surpreendem Natércio Afonso: "A falta de acompanhamento do trabalho feito em sala de aula foi uma das questões que marcaram o debate em torno da revisão do modelo de avaliação", lembrou.
Coordenador do grupo de peritos criado pelo Ministério da Educação para definir "metas de aprendizagem" para os alunos, o professor universitário explica que o objectivo desse trabalho - cujo relatório preliminar sairá no final do ano lectivo - é "precisamente contribuir para a melhoria da qualidade do ensino e dos resultados, definindo mínimos que os alunos devem ir atingindo" ao longo do seu percurso. Mas "não será uma lista de obrigações, mas uma referência de trabalho colectivo para os professores", explicou.

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