quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Estudo da UTAD revela que 5,4 por cento das crianças possuem dificuldades na leitura ou escrita


A Universidade de Trás-os-Montes coordenou o primeiro estudo em Portugal sobre a prevalência da dislexia em crianças, concluindo que 5,4 por cento dos 1460 avaliados nos concelhos de Vila Real e Braga possuem dificuldade na área da leitura ou escrita.

Com coordenação científica da professora do Departamento de Educação e Psicologia Ana Paula Vale, o estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e vai ser apresentado quinta-feira, em Vila Real.

A investigadora avaliou 1460 crianças dos 2º, 3º e 4º anos de escolaridade dos concelhos de Vila Real e de Braga, num total de 23 escolas e 81 turmas.

Segundo explicou, em comunicado enviado à comunicação social, por se tratar do primeiro estudo realizado em Portugal com o objectivo de determinar a prevalência da dislexia, foram adoptados limites muito conservadores no delineamento dos critérios usados para classificar uma criança como tendo dislexia.

As crianças foram testadas colectivamente nos testes de rastreio e individualmente nos testes de capacidade cognitiva e de consciência fonológica.

Os resultados revelam uma taxa de 5,4 por cento de crianças com dislexia, valor que se enquadra nos intervalos de prevalência recentemente divulgados noutros países.

O comunicado refere ainda que o estudo foi realizado com crianças de todos os estatutos sociais, sendo que a maioria era oriunda de meios com estatuto sociocultural intermédio.

Não foram, recolhidas informações específicas suficientes para estabelecer as percentagens relativas de cada tipo de ambiente sociocultural.

No entanto, tendo em atenção a distribuição da população activa por profissões e qualificações escolares em Portugal continental (Census de 2001), que mostra que os grupos sociais mais desfavorecidos representam 49 por cento da população, "a expectativa é a de que numa amostra socialmente representativa as taxas de prevalência das dificuldades severas de aprendizagem da leitura aumentassem".

"Isto porque os estratos socioculturais mais desfavorecidos, provavelmente por mediação de um desenvolvimento deficitário do vocabulário, estão associados a prevalências mais elevadas de défices na aprendizagem da leitura", conclui.

1 comentário:

Atena disse...

Olá Prof João,
A pobresa, os estratos socialmente mais desfavorecidos, que no nosso país vão aumentando a cada dia, trazem consigo muitas outras complicações que mereciam uma intervenção muito séria, uma vez que comprometem o futuro talvez irremediavelmente. As gerações que viveram com as dificuldades no "estado novo", particularmente quanto à escolarização/Educação - que não era para todos, comprometeram o País da tal maneira, que ainda hoje se vê. Deduzo assim que, ou o trabalho direccionado a este pilar tão fundamental como a educação, é feito sem olhar a questões economicistas, e talvez seguindo modelos que funcionam com sucesso noutros países, ou levaremos séculos a construir um Portugal melhor. A boa educação tem de ser para todos, e tem de dar-se especial atenção às camadas que mais dificuldades apresentam, nomeadamente problemas sociais. Parece que as coisas actualmente, estão um bocadinho ao contrário... e é pena!