segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Método ABA para autistas chega a Portugal


O primeiro centro para crianças autistas a aplicar o método ABA em Portugal abre hoje, em Almada. O método ABA (Applied Behavioural Analysis ou Análise Comportamental Aplicada, em português) é uma abordagem que já é utilizada há décadas nos Estados Unidos, com raízes no trabalho de Ivan Lovaas.

Carlos França, promotor do projecto e pai de um jovem autista, foi aos EUA "procurar soluções" para o filho, contactou com o método ABA e trouxe o projecto para Portugal.

Estima-se que existam em Portugal 65 mil autistas e o diagnóstico de perturbações neste espectro tem vindo a aumentar. Para Carlos França, o objectivo do centro ABCReal "é a integração destas pessoas na sociedade", diz. "Nos 21 anos de aplicação deste método chegou-se à conclusão de que 40% das crianças podem depois passar para o ensino normal, em igualdade de circunstâncias com os seus pares. É um resultado sem paralelo."

No entanto, existem muitos preconceitos sobre este método em Portugal, refere. "É conhecido como o método das gomas e da punição, mas não é nada disso, usa-se o reforço positivo."

Glenys Benson, psicóloga norte-americana que trabalha há mais de 30 anos com crianças autistas, começou a carreira no fim dos anos 70 a usar ABA. Actualmente, não vê o método com bons olhos. "Os pais ficam geralmente entusiasmados com esta abordagem porque vêem a criança adquirir competências que não tinha antes. Mas as perturbações no espectro do autismo são deficiências de comunicação e sociais. Como é que alguém aprende a socializar e comunicar quando são aplicados tratamentos num formato muito pavloviano? As crianças aprendem a ser tipo robôs."

Para a especialista, "o problema é que, embora a criança adquira competências, não adquire as necessárias para superar os seus défices". Por isso, defende outros métodos e a integração. "Eles precisam de aprender a comunicar e a socializar. Precisam de ser incluídos", diz.

Piedade Monteiro, presidente da Associação Portuguesa da Síndrome de Asperger, confessa que a organização "não partilha a mesma filosofia". "A nossa associação nasceu para integrar", conclui. Mas integrar as crianças com perturbações no espectro do autismo no ensino regular geralmente não é fácil, reconhece.

Isabel Cottineli Telmo, presidente da Federação Portuguesa do Autismo, também defende a integração. "O meu filho, agora com 44 anos, foi o primeiro aluno com autismo a entrar numa escola regular. Foi uma luta", recorda. "Defendo que as crianças têm de estar no ensino regular mas com condições. Com as unidades de ensino estruturado as crianças têm a sua turma e uma sala que funciona como apoio para as suas dificuldades."

Carlos França é crítico em relação ao ensino estruturado. "É uma solução barata para ter estas crianças nas escolas. As salas de ensino estruturado são muitas vezes um depósito, salinhas dos horrores", diz. "É esse tipo de resposta que existe nas nossas escolas e há poucos bons exemplos."

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito obrigado por ter divulgado a notícia do nosso Centro ABCReal Portugal. De facto nós estamos a funcionar no Colégio Campo de Flores e temos 6 meninos no espectro do autismo.
Tem sido um trabalho muito gratificante.
É nosso sonho um dia poder chegar a mais crianças neste País.
Estamos ao dispor de todos em a.marcal@netcabo.pt.

Já agora permita-me publicar um texto que saiu na "newsletter nrº 313/08" da empresa onde eu trabalho, isto é, na Galp.
Citação:
O primeiro centro educativo
para crianças autistas que usa
o método ABA abriu no
passado dia 29 de Setembro
em Portugal, em Almada.
Dirigido a crianças entre os dois e os dez anos, o método do
Colégio Campo de Flores, importado dos EUA pelo pai de um
autista. O primeiro centro para crianças autistas a aplicar o
método ABA em Portugal abre hoje, em Almada.
O método ABA (Applied Behavioural Analysis ou Análise
Comportamental Aplicada, em português) é uma abordagem
que já é utilizada há décadas nos Estados Unidos, com raízes
no trabalho de Ivan Lovaas. Carlos França, promotor do
projecto e pai de um jovem autista, foi aos EUA "procurar
soluções" para o filho, contactou com o método ABA e trouxe
o projecto para Portugal. Em Almada funcionará como um
centro de terapias até as crianças atingirem a idade escolar
ou como espécie de ATL.
Estima-se que existam em Portugal 65 mil autistas e o
diagnóstico de perturbações neste espectro tem vindo a
aumentar.
Para Carlos França, o objectivo do centro ABCReal "é a
integração destas pessoas na sociedade", diz. "Nos 21 anos
de aplicação deste método chegou-se à conclusão de que
40% das crianças podem depois passar para o ensino normal,
em igualdade de circunstâncias com os seus pares. É um
resultado sem paralelo.
Fim de Citação

De facto considero importante participar neste Fórum porque ao contrário de muitas pessoas com responsabilidades em associações de Pais, eu tenho pautado a minha vida por apenas emitir a minha opinião quando me considero suficientemente informado e capaz. Não o faço por vaidade pessoal que quem me conheçe sabe que não tenho, mas porque ao ter tido um papel enquanto Fundador e Dirigente de duas Associações das quais me desliguei recentemente, a minha opinião pode ser valorizada.
Deste modo, penso que o meu exemplo devia ser seguido por pessoas que tendo alguma responsabilidade, ao contrário de serem uma fonte de informação credível, são agentes de desinformação prejudicando no essencial aqueles que deviam representar, isto é as CRIANÇAS com problemas.

Desejo a todos e aos seus FILHOS tudo de bom e um FUTURO mais risonho.
Carlos França

Unknown disse...

SOU MÃE DE UMA CRIANÇA DE SETE ANOS QUE TEM AUTISMO. PRECISO DE AJUDA, POR ISSO, QUERIA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O ABA.COMO USAR O MÉTODO , COMO CONSEGUIR.