A adoção de uma linguagem inclusiva, promotora de diferentes identidades de género, tem vindo a ser discutida em vários pontos do mundo, sobretudo em Espanha, onde a questão causou polémica, por posições distintas entre o governo e a Real Academia Espanhola (RAE).
A ex-vice-presidente do executivo, Carmen Calvo, defendia a introdução de uma linguagem inclusiva na Constituição espanhola, algo que foi rejeitado por aquela instituição, responsável pela regularização linguística dos países com língua oficial espanhola.
De acordo com a RAE, não há motivos para modificar a Constituição espanhola, pois a utilização genérica do género masculino “não pressupõe qualquer discriminação sexista”.
ASSOCIAÇÕES DEFENDEM DISCURSO INCLUSIVO NA LÍNGUA PORTUGUESA
Em Portugal, porém, as associações promotoras dos direitos das mulheres e dos direitos LGBTQI+ não partilham da mesma opinião.
Para a presidente da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, Ana Sofia Fernandes, a linguagem inclusiva é “uma comunicação livre de estereótipos, o que implica eliminar expressões sexistas”, associadas ao uso genérico do masculino.
Embora esta questão assuma particular importância para as mulheres e para a comunidade LGBTQI+, a adoção de linguagem inclusiva, explicou, visa a promoção da visibilidade de todas as identidades de género e orientações sexuais.
Por essa razão, Daniela Bento, que integra a direção da Associação ILGA (Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo), classifica o discurso inclusivo como “uma linguagem que recebe todas as pessoas da mesma maneira”, pelo que não deve ser visto como um mero “detalhe” para minorias.
A introdução da linguagem inclusiva não passa apenas pela neutralização do discurso; na verdade, “a especificação dos sexos é, muitas vezes, fundamental para promover a igualdade entre mulheres e homens”, sobretudo num contexto social assente na desigualdade, explicou Ana Sofia Fernandes, em declarações (...).
Um exemplo disso mesmo é a desigualdade salarial, que “afeta sobretudo as mulheres”, adiantou a responsável. Neste caso, “a linguagem não deve ser neutralizada, mas sim clara em relação ao sujeito do qual estamos a falar”, sublinhou.
Fonte: TVI24 por indicação de Livresco
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