Em 2016, a Direção-Geral da Educação (DGE), colocou em consulta pública o Referencial Técnico para os Psicólogos Escolares.
Segundo a DGE, este referencial assume-se como o documento de enquadramento técnico normativo dos psicólogos em contexto escolar. Tem como objetivo contribuir para a consolidação da prática dos psicólogos escolares, definindo de forma mais clara os perfis profissionais, os procedimentos e os instrumentos a privilegiar, focando a intervenção destes técnicos nos domínios que melhor respondem às necessidades atuais do sistema educativo, com base em modelos de intervenção testados e validados cientificamente (cf. DGE).
Desconhecendo-se se o referido documento foi aprovado e ou publicitado, encerra em si algumas considerações e concetualizações que podem contribuir para o esclarecimento ao nível do serviço de psicologia mas, também, da educação especial. Neste domínio, tendo presente o contexto temporal do documento, destaco os conceitos de Apoio Psicológico e Psicopedagógico (cf. pp. 10-11).
Assim, de acordo com o documento, o Apoio Psicológico e Psicopedagógico é definido como o "conjunto diversificado de atividades que visam contribuir para o desenvolvimento
integral do aluno, intervindo a nível psicológico e psicopedagógico ao longo do
percurso escolar. Engloba a intervenção direta com os alunos mas, sobretudo, o
trabalho colaborativo com educadores e professores na organização de medidas e
respostas educativas diferenciadas".
O apoio psicológico e psicopedagógico pretende dotar as crianças e jovens de competências e recursos
que lhes permitam um desenvolvimento integral harmonioso e garantir as condições para realizarem
aprendizagens significativas. Este apoio centra-se no aluno, devendo ser consideradas características
individuais, mas também as do contexto, que será o alvo preferencial desta intervenção.
A intervenção do psicólogo escolar deve iniciar-se o mais precocemente possível visando a criação de
ambientes facilitadores do desenvolvimento dos alunos ou eliminando barreiras a esse desenvolvimento.
Esta intervenção será predominantemente indireta, numa perspetiva preventiva, podendo em casos
excecionais perspetivar-se o apoio direto, grupal ou individual, por períodos limitados, como
complemento à consultoria a docentes.
Neste domínio compete ao psicólogo escolar, designadamente:
- apoiar o desenho, a implementação e a avaliação de intervenções alargadas com vista à promoção do desenvolvimento, do sucesso escolar, da saúde e bem-estar de todos os alunos;
- proceder à avaliação global de situações relacionadas com problemas de desenvolvimento, com dificuldades de aprendizagem, com dificuldades comportamentais e relacionais, com competências e potencialidades específicas, através de processos de avaliação psicológica;
- colaborar com educadores e professores, na identificação e análise das causas de insucesso escolar prestando aconselhamento em função da situação;
- colaborar na avaliação e intervenção multidisciplinar;
- colaborar nos processos de referenciação, avaliação e definição de medidas de educação especial ou outras respostas educativas;
- propor, de acordo com os pais e encarregados de educação e em colaboração com os serviços competentes, medidas adequadas de resposta educativa.
O apoio psicológico e psicopedagógico é transversal a todos os níveis de escolaridade,
independentemente do foco da intervenção assumir algumas particularidades em função do nível
etário e dos objetivos das aprendizagens a realizar. Nessa medida, elencam-se exemplos de atividades
de referência no âmbito do apoio psicológico e psicopedagógico.
Os docentes podem desenvolver, a título de exemplo, as seguintes atividades:
- diferenciação pedagógica, monitorização dos progressos e adaptação das estratégias de ensino ao perfil dos alunos com maiores dificuldades;
- promoção da literacia e numeraria emergentes;
- avaliação e organização de ambientes de aprendizagem;
- elaboração de planos de intervenção psicopedagógica;
- prevenção da indisciplina;
- intervenção nas necessidades educativas especiais;
- processos de antecipação e adiamento de matrícula.
Ao nível dos procedimentos e estratégias (cf. pp. 29-30), o apoio psicológico e aconselhamento podem definir-se como um processo relacional de ativação dos
mecanismos de funcionamento psicológico, com o objetivo de promover o bem-estar e a
funcionalidade dos indivíduos. Coloca um conjunto diverso de questões, nomeadamente quanto à
opção por modelos e técnicas específicas, à modalidade de intervenção (presencial/à distância;
individual/coletiva), às condições e recursos (tempo, espaço, materiais), aos limites e limitações e,
ainda, ao treino e supervisão.
O apoio psicopedagógico tem como principal objetivo potenciar a aprendizagem e a aquisição de
estratégias fundamentais para a performance académica. Concretiza-se, preferencialmente de forma
indireta, através da capacitação dos professores e outros agentes educativos, para que possam intervir
na resolução de problemas comportamentais, para potenciarem a sua prática pedagógica e para
desenvolverem nos alunos estratégias potenciadoras da autorregulação da aprendizagem, da tomada
de decisão e da resolução de problemas. Independentemente de assumir a forma direta com o aluno
ou indireta, o acompanhamento psicopedagógico desenvolve-se em três fases: avaliação, definição de
objetivos e elaboração do plano de intervenção.
Fonte: DGE
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